Dos três direitos identificados através da ética racional já escrevi sobre o Direito à Vida e sobre o Direito à Propriedade. Resta falar sobre o Direito à Liberdade. Deixei a liberdade por último não por ser menos importante que o direito à propriedade ou à vida, mas porque é principalmente através de ameaças à vida e à propriedade que o direito à liberdade é violado.
Os três direitos são completamente interdependentes. É evidente a impossibilidade de ter liberdade ou propriedade estando morto. A dependência destes dois direitos em relação ao direito à vida é óbvia.
Menos óbvio é o fato de que é impossível viver ou ser livre sem propriedade. Se o indivíduo não tem o direito de usar aquilo que produz como bem entende, necessariamente existe alguém o impedindo de fazê-lo. Isto significa que este indivíduo não está livre para agir de acordo com sua razão, está sendo obrigado a seguir as decisões de outro. Não há liberdade sem o direito à propriedade.
Se lembrarmos que o parâmetro para a vida não é a mera sobrevivência do corpo, mas sim a vida de um ser racional e independente, a correlação entre propriedade e vida também fica clara. Sem o direito de usar tudo aquilo que produz, o indivíduo não depende apenas de seu trabalho para existir – mas também da permissão alheia. Removida sua independência, ele não está mais vivendo a vida de um ser racional e independente – mesmo que sobreviva.
Também é impossível viver ou ter propriedade sem ter liberdade. Se o indivíduo não pode agir livremente, evidentemente não pode usar aquilo que produz livremente. Sem liberdade não pode haver propriedade. Invocando novamente a vida de um ser racional e independente como parâmetro, também fica claro que sem poder agir de acordo com suas decisões é impossível a vida como ser racional – embora a sobrevivência física seja possível.
O direito à vida e o direito à propriedade podem ser violados diretamente, usando a força física para tomar a vida ou remover a propriedade do indivíduo. Quando vida ou propriedade é ameaçada, é violado também o direito à liberdade.
Pode-se fisicamente prender uma pessoa, fechando-a em uma cela, amarrando-a ou acorrentando-a. A violação direta do direito à liberdade é clara e evidente. Sua violação indireta é muito mais comum, mas também se dá através do uso da força. Ao apontar uma arma para sua vítima, a vida dela passa a ser condicionada à obediência ao assaltante. Foi removida a possibilidade de escolher livremente como agir. A escolha da vítima é limitada a obedecer ou morrer.
A coação, a violação indireta do direito à liberdade, se dá desta forma. Tornando algo que pertence à vítima por direito (sua vida ou sua propriedade) e tornando este valor condicional à obediência. Claramente é apenas através da ameaça do uso da força que se pode violar o direito à liberdade, pois é impossível ameaçar o que o indivíduo tem se não pelo uso da força.
Apenas se viola o direito à liberdade quando se ameaça algo que a pessoa tem. Este entendimento permite eliminar uma interpretação errada do direito à liberdade que cria a ilusão de conflitos entre os direitos das pessoas. O erro é tratar a “ameaça” contra algo que a pessoa ainda não tem como violação de seus direitos.
Este erro é muito freqüente ao discutir relações profissionais. É extremamente comum o seguinte argumento: “O empregado é pobre e desqualificado, o empregador oferece um salário baixo demais, injusto, mas o empregado é obrigado a aceitar”.
Antes de ser contratado, o que o pobre e desqualificado trabalhador tem? Tem sua vida e seus poucos bens. O empregador ameaça tirar a vida ou os poucos bens do trabalhador ao oferecer-lhe emprego? Não. Aliás, pelo contrário, oferece a oportunidade de acrescentar um pouco a estes bens.
“Mas sem o emprego o trabalhador pobre morreria de fome, sua vida está ameaçada” retrucam. Mas não é o empregador que “ameaça” o indivíduo, mas a própria natureza – que exige que ele se alimente, entre outras coisas. Não é culpa do empregador que o futuro empregado precisa comer, seja qual for o salário que oferecer.
Se o empregado realmente foi “obrigado” a aceitar, isto apenas significa que a oferta daquele empregador foi a melhor opção que existia (não fosse, teria escolhido outra). O empregador, longe de ameaçar o pobre trabalhador ou violar seus direitos como bradam os Marxistas, ofereceu-lhe nada menos do que a melhor saída para sua situação anterior. Pode não ser boa a condição do empregado, mas com certeza é melhor do que a que tinha antes!
Culpar pessoas pelas “obrigações” impostas pela natureza é um dos erros mais freqüentes no entendimento do direito à liberdade.
Outra forma desta deturpação do direito à liberdade é comum ao discutir a liberdade de expressão. Em defesa da “democratização da mídia” muitos reclamam que quem é pobre ou tem opiniões impopulares tem sua liberdade de expressão violada – porque não consegue espaço na mídia.
O que o “sem voz” tem? Tem sua vida, sua propriedade e suas opiniões. Alguém está ameaçando sua vida ou propriedade? Não. Alguém está fisicamente o impedindo de expressar suas opiniões? Não. Ao recusar ajuda ao pobre ou impopular, estas pessoas não estão violando nenhum de seus direitos – apenas estão recusando dar àquela pessoa algo a mais, não estão tirando ou ameaçando algo que ela já tem.
O indivíduo tem o direito de falar e de escrever, mas ninguém tem a obrigação de ouvi-lo ou comprar papel e caneta para que ele escreva. Ninguém tem a obrigação de transmitir suas opiniões por rádio ou televisão. “A mídia” são outras pessoas, e a propriedade de outras pessoas. Pessoas que têm a liberdade de não ajudar.
Em geral a solução proposta para o "problema" é que “o governo deve criar mecanismos estatais, para que estas pessoas possam ser ouvidas!”. Aí está o governo Lula criando uma televisão estatal, em tese para “democratizar a mídia”. Mas de onde vem o dinheiro do governo? É tirado da população pelos impostos. Ou seja, as mesmas pessoas que não querem pagar para ouvir os “sem voz” (pois se quisessem, “a mídia” os publicaria) são forçadas pelo governo a fazê-lo!
Neste, como em todos os casos, não há violação de direitos até que se use a força. Os verdadeiros direitos são apenas garantia contra a interferência dos outros. Ninguém é obrigado a dar ao outro um prato de comida, nem um palanque para ser ouvido.
O verdadeiro direito à liberdade não garante imunidade das leis físicas da natureza. O direito à liberdade também não garante que o indivíduo será capaz de fazer o que quer, nem muito menos que outros cooperarão com ele. Garante apenas que outros não ameaçarão sua vida ou propriedade, nem o impedirão fisicamente de agir como quiser – desde que não viole os direitos deles.
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23 agosto, 2007
20 agosto, 2007
O direito à propriedade
Em “Ética e direitos” foi estabelecido que o direito à propriedade resulta do fato de que a vida humana é uma vida material; que os bens materiais necessários à vida do homem precisam ser produzidos pelo esforço humano e que produzir é uma decisão individual.
O direito à propriedade é o reconhecimento do fato de que para viver como um ser racional o homem precisa identificar suas necessidades e agir para criar as coisas que as saciam. Pensamento e ação, para o fim de sustentar sua própria vida, não são automáticos. Em uma sociedade em que está exposto a ter o resultado de seu trabalho tomado por qualquer um, o homem é reduzido ao estado de um animal – que sobrevive apenas enquanto for capaz de fisicamente defender os materiais que requer para sobreviver.
O entendimento claro do direito à propriedade, assim como o do direito à vida, requer entender que os verdadeiros direitos representam limitações à ação de outros, nunca obrigações para que ajam em seu favor. É por isso que não existe conflito entre os direitos de uma pessoa e das outras com quem convive. Uma definição clara do direito à propriedade é:
Assim como na discussão sobre a natureza do homem, que foi fundamental para desenvolver os princípios éticos, e na discussão sobre a natureza do governo, a discussão sobre o direito de propriedade depende inteiramente das definições dos termos que usamos. Para garantir a clareza, vamos desenvolver estes conceitos fundamentais.
Os materiais
Na natureza existem materiais. O Sol, uma pedra, a atmosfera, uma árvore. São coisas, sem propósito – elas simplesmente existem. Estas coisas, em si, não têm qualquer significado especial. Elas simplesmente são. Introduzimos no contexto o homem, reconhecendo sua natureza material. A existência do homem é física e, como tal, é condicional ao meio material em que ele vive.
Às condições materiais necessárias para a vida humana, significando aqui sua existência corporal e também a capacidade de exercer sua natureza racional, pode-se chamar de “necessidades humanas”. O homem precisa preservar e desenvolver seu corpo. Precisa respirar, comer, se abrigar da chuva e do sol, do frio e do calor, proteger se de predadores e parasitas. O homem precisa preservar e desenvolver sua mente, pois é só através dela que ele é capaz de suprir suas necessidades físicas. O homem precisa aprender, comunicar-se, descobrir, inventar, entreter-se e tudo o mais que enaltece sua mente.
Os materiais presentes na natureza e as necessidades humanas são fatos. Isoladamente, continuam sendo meras constatações sem maior significado. Mas conhecendo estes fatos, é possível identificar uma associação: há materiais que têm uma relação causal com a saciedade de uma necessidade humana. A atmosfera permite ao homem respirar. Um pedaço de carne ou uma fatia de pão podem ser usados para saciar a fome. Uma casa pode ser usada para abrigar-se do sol e da chuva, roupas para proteger-se do frio e uma piscina ou ar-condicionado para aliviar o calor. Papel e caneta, livros, rádio, televisão e a Internet para libertar e ampliar o poder de sua mente.
Os valores materiais
Se “materiais” são as coisas que existem na natureza e “necessidades humanas” são as condições físicas necessárias para nossa sobrevivência, existe uma categoria especial de “materiais”: aqueles que são úteis à vida humana, os que têm uma relação causal com a saciedade de uma ou mais de nossas necessidades. A estes materiais chamamos “valores materiais” ou “bens”.
O ar, a água, carne, pão, casas, roupas, piscinas, ar-condicionado, papel, caneta, livros são todos valores materiais – é fácil reconhecer que cada um destes serve para atender uma ou mais das necessidades humanas. O que precisa ser destacado é que materiais não atendem a necessidades automaticamente – apenas o fazem através da ação humana.
A ação humana como fonte dos valores materiais
Desde o material mais banal e abundante, é a ação humana que o transforma em um valor material, um bem. O próprio ar que respiramos de nada nos serve sem a ação de inspirar e expirar – uma das pouquíssimas ações que realizamos automaticamente. O fato de que esta ação é fundamental ao valor do ar é facilmente reconhecível ao observar o que acontece quando nosso mecanismo automático de respiração falha – pode-se morrer sufocado enquanto rodeado de ar por todos os lados.
Para que um material seja um valor ele precisa ser conhecido, uma ou mais necessidades humanas precisam ser identificadas, a relação causal entre o uso daquele material e o atendimento da necessidade humana precisa ser conhecida e o uso do material para aquele fim precisa ser praticável.
Talvez exista um material que cura o câncer com 100% de sucesso. Mesmo que exista, como não o conhecemos, ele não é um valor. Pode ser que o material que cura o câncer já seja conhecido, mas que sua propriedade medicinal não tenha sido descoberta – a não ser que saibamos como usá-lo para nossos fins, o material não é um valor.
Conhecer tal material também seria inútil se ainda não tivéssemos descoberto o câncer, achando que doenças e morte são causados por “maus espíritos”. Sem conhecer a real necessidade humana, o material não é um valor. Por fim, poderíamos descobrir o material que cura o câncer e como usá-lo. Se o único lugar onde ele puder ser encontrado for o centro do planeta Júpiter, este material não é um valor – não há como obtê-lo.
A identificação de necessidades humanas, a identificação de materiais, a descoberta das relações causais entre o uso dos materiais e a saciedade das necessidades humanas e, finalmente, a obtenção dos materiais e seu uso são todos exemplos da ação humana. Sem ação humana não há valores materiais – há apenas coisas inúteis e necessidades sem solução.
O direito aos valores criados
A ação humana é voluntária. À exceção de ações biológicas básicas como a respiração, tudo o que o homem faz é por sua decisão. O homem age para saciar suas necessidades, o resultado desta ação são valores materiais – valores que não existiriam sem sua intervenção.
O direito à propriedade é reconhecer estes fatos: que sem a ação do homem não há valores, que quando uma pessoa age e produz valores o fez para promover sua vida, que ao fazê-lo criou algo que não existia antes, que tem direito a usar os valores que criou para seus próprios propósitos.
A definição de "propriedade"
Visto então o que são materiais, o que são valores e como a natureza do homem e dos valores resulta no reconhecimento do direito à propriedade, falta uma definição fundamental. O que é “propriedade”?
O direito à propriedade é o direito de usar aquilo que se produz para os próprios fins. Propriedade, portanto, é tudo aquilo sobre o que um indivíduo tem liberdade para usar plenamente – a seu critério. Ao dizer “isto é meu”, o que se está dizendo é “posso fazer com isto o que eu quiser”.
Propriedade é a liberdade de se usar algo como se bem entende – independente do consentimento alheio. O direito à propriedade, portanto, provém da natureza dos valores materiais – eles precisam ser criados pela ação humana e o homem precisa estar livre para usar o que cria.
O direito à propriedade é o reconhecimento do fato de que para viver como um ser racional o homem precisa identificar suas necessidades e agir para criar as coisas que as saciam. Pensamento e ação, para o fim de sustentar sua própria vida, não são automáticos. Em uma sociedade em que está exposto a ter o resultado de seu trabalho tomado por qualquer um, o homem é reduzido ao estado de um animal – que sobrevive apenas enquanto for capaz de fisicamente defender os materiais que requer para sobreviver.
O entendimento claro do direito à propriedade, assim como o do direito à vida, requer entender que os verdadeiros direitos representam limitações à ação de outros, nunca obrigações para que ajam em seu favor. É por isso que não existe conflito entre os direitos de uma pessoa e das outras com quem convive. Uma definição clara do direito à propriedade é:
O direito à propriedade é o direito de não ter sua propriedade tirada pela ação de outro.
Assim como na discussão sobre a natureza do homem, que foi fundamental para desenvolver os princípios éticos, e na discussão sobre a natureza do governo, a discussão sobre o direito de propriedade depende inteiramente das definições dos termos que usamos. Para garantir a clareza, vamos desenvolver estes conceitos fundamentais.
Os materiais
Na natureza existem materiais. O Sol, uma pedra, a atmosfera, uma árvore. São coisas, sem propósito – elas simplesmente existem. Estas coisas, em si, não têm qualquer significado especial. Elas simplesmente são. Introduzimos no contexto o homem, reconhecendo sua natureza material. A existência do homem é física e, como tal, é condicional ao meio material em que ele vive.
Às condições materiais necessárias para a vida humana, significando aqui sua existência corporal e também a capacidade de exercer sua natureza racional, pode-se chamar de “necessidades humanas”. O homem precisa preservar e desenvolver seu corpo. Precisa respirar, comer, se abrigar da chuva e do sol, do frio e do calor, proteger se de predadores e parasitas. O homem precisa preservar e desenvolver sua mente, pois é só através dela que ele é capaz de suprir suas necessidades físicas. O homem precisa aprender, comunicar-se, descobrir, inventar, entreter-se e tudo o mais que enaltece sua mente.
Os materiais presentes na natureza e as necessidades humanas são fatos. Isoladamente, continuam sendo meras constatações sem maior significado. Mas conhecendo estes fatos, é possível identificar uma associação: há materiais que têm uma relação causal com a saciedade de uma necessidade humana. A atmosfera permite ao homem respirar. Um pedaço de carne ou uma fatia de pão podem ser usados para saciar a fome. Uma casa pode ser usada para abrigar-se do sol e da chuva, roupas para proteger-se do frio e uma piscina ou ar-condicionado para aliviar o calor. Papel e caneta, livros, rádio, televisão e a Internet para libertar e ampliar o poder de sua mente.
Os valores materiais
Se “materiais” são as coisas que existem na natureza e “necessidades humanas” são as condições físicas necessárias para nossa sobrevivência, existe uma categoria especial de “materiais”: aqueles que são úteis à vida humana, os que têm uma relação causal com a saciedade de uma ou mais de nossas necessidades. A estes materiais chamamos “valores materiais” ou “bens”.
O ar, a água, carne, pão, casas, roupas, piscinas, ar-condicionado, papel, caneta, livros são todos valores materiais – é fácil reconhecer que cada um destes serve para atender uma ou mais das necessidades humanas. O que precisa ser destacado é que materiais não atendem a necessidades automaticamente – apenas o fazem através da ação humana.
A ação humana como fonte dos valores materiais
Desde o material mais banal e abundante, é a ação humana que o transforma em um valor material, um bem. O próprio ar que respiramos de nada nos serve sem a ação de inspirar e expirar – uma das pouquíssimas ações que realizamos automaticamente. O fato de que esta ação é fundamental ao valor do ar é facilmente reconhecível ao observar o que acontece quando nosso mecanismo automático de respiração falha – pode-se morrer sufocado enquanto rodeado de ar por todos os lados.
Para que um material seja um valor ele precisa ser conhecido, uma ou mais necessidades humanas precisam ser identificadas, a relação causal entre o uso daquele material e o atendimento da necessidade humana precisa ser conhecida e o uso do material para aquele fim precisa ser praticável.
Talvez exista um material que cura o câncer com 100% de sucesso. Mesmo que exista, como não o conhecemos, ele não é um valor. Pode ser que o material que cura o câncer já seja conhecido, mas que sua propriedade medicinal não tenha sido descoberta – a não ser que saibamos como usá-lo para nossos fins, o material não é um valor.
Conhecer tal material também seria inútil se ainda não tivéssemos descoberto o câncer, achando que doenças e morte são causados por “maus espíritos”. Sem conhecer a real necessidade humana, o material não é um valor. Por fim, poderíamos descobrir o material que cura o câncer e como usá-lo. Se o único lugar onde ele puder ser encontrado for o centro do planeta Júpiter, este material não é um valor – não há como obtê-lo.
A identificação de necessidades humanas, a identificação de materiais, a descoberta das relações causais entre o uso dos materiais e a saciedade das necessidades humanas e, finalmente, a obtenção dos materiais e seu uso são todos exemplos da ação humana. Sem ação humana não há valores materiais – há apenas coisas inúteis e necessidades sem solução.
O direito aos valores criados
A ação humana é voluntária. À exceção de ações biológicas básicas como a respiração, tudo o que o homem faz é por sua decisão. O homem age para saciar suas necessidades, o resultado desta ação são valores materiais – valores que não existiriam sem sua intervenção.
O direito à propriedade é reconhecer estes fatos: que sem a ação do homem não há valores, que quando uma pessoa age e produz valores o fez para promover sua vida, que ao fazê-lo criou algo que não existia antes, que tem direito a usar os valores que criou para seus próprios propósitos.
A definição de "propriedade"
Visto então o que são materiais, o que são valores e como a natureza do homem e dos valores resulta no reconhecimento do direito à propriedade, falta uma definição fundamental. O que é “propriedade”?
O direito à propriedade é o direito de usar aquilo que se produz para os próprios fins. Propriedade, portanto, é tudo aquilo sobre o que um indivíduo tem liberdade para usar plenamente – a seu critério. Ao dizer “isto é meu”, o que se está dizendo é “posso fazer com isto o que eu quiser”.
Propriedade é a liberdade de se usar algo como se bem entende – independente do consentimento alheio. O direito à propriedade, portanto, provém da natureza dos valores materiais – eles precisam ser criados pela ação humana e o homem precisa estar livre para usar o que cria.
16 agosto, 2007
O direito à vida
Como foi apresentado em “Ética e direitos”, o direito à vida é o reconhecimento do fato de que, para viver conforme sua natureza, o ser racional precisa pensar e agir de acordo com suas próprias escolhas. Em uma sociedade em que está exposto a ser morto por qualquer um, o homem é reduzido ao estado de um animal – que sobrevive apenas enquanto for capaz de fisicamente superar seus predadores e concorrentes.
O entendimento claro do direito à vida requer saber que os verdadeiros direitos representam limitações à ação de outros, nunca obrigações para que eles ajam. É por isso que não existe conflito entre os direitos de uma pessoa e das outras com quem convive. Uma definição clara do direito à vida é:
O direito à vida é o direito a não ter sua vida tirada pela ação de outro.
Há um ponto fundamental a ser destacado. O direito é expresso como uma negativa, e não por acaso. O direito à vida não obriga os outros a fazer qualquer coisa – apenas garante ao indivíduo que outros não agirão de forma a tirar sua vida. Em outras palavras, o direito significa que o indivíduo deve estar livre da ação de outros contra sua vida – não que os outros são obrigados a agir para que ele continue vivo.
Seguem alguns exemplos para ilustrar o conceito, primeiro casos em que há violação do direito à vida e em seguida casos em que não há.
Quando alguém mata outra pessoa intencionalmente, por qualquer motivo que não defender-se ou a um terceiro de um crime (violação do direito à vida, propriedade ou liberdade), ocorre violação do direito à vida. Este é o caso mais claro e inequívoco. Um assassinato passional, matar outra pessoa “em defesa da honra” e latrocínio são todos exemplos deste caso. Este caso é chamado homicídio doloso.
Quando alguém, como resultado de uma ação sua, causa a morte de outra pessoa mas não tinha intenção de matar, há duas possibilidades. Se o fato de que aquela ação poderia levar ao prejuízo da vida de alguém era previsível na situação em que se encontrava o culpado, houve violação de direito. Jogar um objeto pesado da janela de um prédio sem olhar para baixo matando outra pessoa, dirigir bêbado e atropelar alguém, despejar um produto tóxico em um rio e acabar causando mortes são exemplos deste caso. Este caso é chamado homicídio culposo.
Se a consequência fatal era imprevisível no momento da ação, não houve violação de direito. Um exemplo deste caso seria se ao tomar o elevador para o subsolo uma pessoa acabasse esmagando um técnico que estava dentro do fosso do elevador e esqueceu de desligá-lo. Este caso é chamado morte acidental.
Se alguém está morrendo de fome, um indivíduo se recusa a dar-lhe comida, e a pessoa morre – não há violação de direito. O faminto morreu em consequência da inação do indivíduo, não de sua ação. Recusar-se a salvar a vida de alguém é fundamentalmente diferente de matá-lo – embora a ética religiosa pregue o contrário. Como os seres humanos são indivíduos independentes, ninguém tem a obrigação de sustentar o outro. Na maioria dos casos é vantajoso fazê-lo, mas nunca é uma violação de direito recusar-se.
Não dar comida ao faminto, não dar remédio ao doente, não pular no rio para salvar quem está se afogando, não entrar em um prédio em chamas para salvar alguém – todos estes são exemplos de inação que pode levar a uma morte. Nenhum deles é uma violação de direitos. Não há obrigação moral de sacrificar sua própria vida ou propriedade para salvar a vida de outro. A opção por salvar aquela pessoa deve se basear no fato de que aquela vida é, ou pode se tornar, valiosa para si. Não há obrigação de fazê-lo.
Assim como recusar ajuda, interromper uma ajuda previamente praticada também não viola o direito à vida. Se alguém pratica caridade, e decide parar, não pode ser culpado por sua inação. Fazer caridade não cria a obrigação de continuar a fazendo.
O fundamento por trás de todos estes exemplos é o mesmo que embasa o próprio conceito de direitos – a ética racional. Seres humanos são independentes e racionais. Cabe a cada um prover para sua própria vida, ninguém tem obrigação de sustentar outros. Mas é vedado a todos agir contra seus semelhantes, negando lhes as liberdades que os permitem viver independentemente.
O entendimento claro do direito à vida requer saber que os verdadeiros direitos representam limitações à ação de outros, nunca obrigações para que eles ajam. É por isso que não existe conflito entre os direitos de uma pessoa e das outras com quem convive. Uma definição clara do direito à vida é:
O direito à vida é o direito a não ter sua vida tirada pela ação de outro.
Há um ponto fundamental a ser destacado. O direito é expresso como uma negativa, e não por acaso. O direito à vida não obriga os outros a fazer qualquer coisa – apenas garante ao indivíduo que outros não agirão de forma a tirar sua vida. Em outras palavras, o direito significa que o indivíduo deve estar livre da ação de outros contra sua vida – não que os outros são obrigados a agir para que ele continue vivo.
Seguem alguns exemplos para ilustrar o conceito, primeiro casos em que há violação do direito à vida e em seguida casos em que não há.
Quando alguém mata outra pessoa intencionalmente, por qualquer motivo que não defender-se ou a um terceiro de um crime (violação do direito à vida, propriedade ou liberdade), ocorre violação do direito à vida. Este é o caso mais claro e inequívoco. Um assassinato passional, matar outra pessoa “em defesa da honra” e latrocínio são todos exemplos deste caso. Este caso é chamado homicídio doloso.
Quando alguém, como resultado de uma ação sua, causa a morte de outra pessoa mas não tinha intenção de matar, há duas possibilidades. Se o fato de que aquela ação poderia levar ao prejuízo da vida de alguém era previsível na situação em que se encontrava o culpado, houve violação de direito. Jogar um objeto pesado da janela de um prédio sem olhar para baixo matando outra pessoa, dirigir bêbado e atropelar alguém, despejar um produto tóxico em um rio e acabar causando mortes são exemplos deste caso. Este caso é chamado homicídio culposo.
Se a consequência fatal era imprevisível no momento da ação, não houve violação de direito. Um exemplo deste caso seria se ao tomar o elevador para o subsolo uma pessoa acabasse esmagando um técnico que estava dentro do fosso do elevador e esqueceu de desligá-lo. Este caso é chamado morte acidental.
Se alguém está morrendo de fome, um indivíduo se recusa a dar-lhe comida, e a pessoa morre – não há violação de direito. O faminto morreu em consequência da inação do indivíduo, não de sua ação. Recusar-se a salvar a vida de alguém é fundamentalmente diferente de matá-lo – embora a ética religiosa pregue o contrário. Como os seres humanos são indivíduos independentes, ninguém tem a obrigação de sustentar o outro. Na maioria dos casos é vantajoso fazê-lo, mas nunca é uma violação de direito recusar-se.
Não dar comida ao faminto, não dar remédio ao doente, não pular no rio para salvar quem está se afogando, não entrar em um prédio em chamas para salvar alguém – todos estes são exemplos de inação que pode levar a uma morte. Nenhum deles é uma violação de direitos. Não há obrigação moral de sacrificar sua própria vida ou propriedade para salvar a vida de outro. A opção por salvar aquela pessoa deve se basear no fato de que aquela vida é, ou pode se tornar, valiosa para si. Não há obrigação de fazê-lo.
Assim como recusar ajuda, interromper uma ajuda previamente praticada também não viola o direito à vida. Se alguém pratica caridade, e decide parar, não pode ser culpado por sua inação. Fazer caridade não cria a obrigação de continuar a fazendo.
O fundamento por trás de todos estes exemplos é o mesmo que embasa o próprio conceito de direitos – a ética racional. Seres humanos são independentes e racionais. Cabe a cada um prover para sua própria vida, ninguém tem obrigação de sustentar outros. Mas é vedado a todos agir contra seus semelhantes, negando lhes as liberdades que os permitem viver independentemente.
10 agosto, 2007
Ética e direitos
O estudo aqui apresentado sobre os princípios éticos desenvolveu cada um deles a partir da natureza humana – o que o homem é – e para o propósito de promover sua própria vida, pois qualquer outro propósito é hierarquicamente dependente deste. Por serem derivados de fatos da realidade, estes princípios não variam de pessoa a pessoa, valem para todos, embora sua aplicação – as ações que eles requerem de cada um – depende do contexto de cada indivíduo.
Nos artigos sobre a aplicação dos princípios éticos à vida em sociedade (Racionalidade, Independência, Honestidade, Produtividade) foi demonstrado que cada um deles identifica uma certa forma de se relacionar com o próximo como a mais vantajosa para o indivíduo. Mais uma vez, por ser derivada da natureza do homem, esta orientação é valida para qualquer pessoa, em qualquer contexto – embora as ações particulares que os princípios indicarão dependam do contexto de cada um.
Estas afirmações são muito mais contundentes do que podem parecer. Como as circunstâncias particulares da vida de cada um variam quase ao infinito, a contextualidade dos princípios pode parecer fazer com que seja impossível derivar deles regras absolutas, aplicáveis a qualquer contexto. Não é o caso.
Para exercer a Razão, é necessário observar a realidade, integrar as percepções em conceitos, entender a relação causal entre as coisas e, finalmente, agir com base neste entendimento. Só então é possível agir de maneira a atingir um determinado objetivo – sem compreender a causalidade que existe em um dado contexto é impossível prever os resultados das próprias ações.
Percebe-se que o exercício da Razão só é possível quando o indivíduo pode observar a realidade, pensar e agir de acordo com seu entendimento. Se o indivíduo é impedido de perceber a realidade ou de agir conforme indica seu entendimento, exercer a Razão em sua vida é impossível.
A Razão, exercida individualmente (conforme o princípio da Independência) e com base na realidade (conforme o princípio da Honestidade) é condição essencial para a vida de um ser racional.
Para exercer a Produtividade, é necessário determinar pela Razão suas próprias necessidades e como supri-las. Como a existência humana é uma existência material, é preciso criar os produtos materiais necessários ao suprimento destas necessidades. Os produtos materiais criados precisam então ser usados para suprir as necessidades identificadas.
Percebe-se que o exercício da Produtividade só é possível quando o indivíduo pode observar a si mesmo e determinar suas necessidades. Só é possível quando o indivíduo pode agir de acordo com seu entendimento para produzir aquilo de material que julga necessário à própria vida. Só é possível quando ele pode usar aquilo que produziu para os fins que determinou. Se o indivíduo é impedido de produzir, ou de usar o que produziu, exercer a Produtividade em sua vida é impossível.
A Produtividade, exercida individualmente e com base no entendimento racional do indivíduo sobre o que sua vida requer e sobre como obtê-lo, é condição essencial para a vida material de um ser racional.
Há, portanto, três formas de tornar impossível que uma pessoa viva sua vida como um ser racional. A primeira, e mais óbvia, é destruir sua vida diretamente. Matá-la. A segunda é impossibilitar que ela viva pela Produtividade. Isto só pode ser feito impedindo-a de produzir ou impedindo-a de usar aquilo que produziu. A terceira é impossibilitar que ela viva pela Racionalidade. Isto só se pode fazer impedindo-a de perceber a realidade ou de agir conforme seu entendimento e decisão.
É fundamental notar que para tornar impossível que alguém viva sua vida como um ser racional, é preciso que outro aja. A única forma de destruir diretamente uma vida é agir contra ela. A única forma de impossibilitar a Produtividade é agir contra a capacidade de produzir ou contra o produto em si. A única forma de impossibilitar a vida conforme a Racionalidade é agir de modo a impedir a ação alheia. Como pessoas são seres independentes, isto não poderia deixar de ser. Sem a interferência de outro, é sempre possível viver para um ser racional.
Ao estado em que existe um indivíduo quando não existem outros impedindo sua vida, exercício da Racionalidade (e seus corolários Independência e Honestidade) e exercício da Produtividade, chamamos Liberdade. Liberdade é a ausência de impedimentos à Razão, ação produtiva e vida do indivíduo.
Há outra identificação fundamental a ser feita. Só há um meio de impedir a vida, o exercício da Razão ou da Produtividade. Este meio é o uso da força física.
A única maneira de impedir que outra pessoa viva como ser racional é, portanto, tirar sua liberdade. E a única forma de fazê-lo é o uso direto ou indireto da força física. Agir fisicamente contra o outro ou ameaçar fisicamente sua vida ou os produtos de seu trabalho.
Ao aplicar o princípio da Racionalidade já havia sido percebido que há apenas duas formas de interagir com outras pessoas: a persuasão e a força. O princípio – que a razão é a nossa ferramenta de sobrevivência a ser usada em todo contexto – já indicava ser a persuasão o caminho correto. Estas novas identificações mostram que a alternativa, a força, além de representar a falha em viver como um ser racional, impede outras pessoas de fazê-lo.
Fica claro que o uso da força e da ameaça física no convívio em sociedade é abominável. Representa o abandono da Racionalidade pelo que o pratica, o que necessariamente significa prejuízo a sua própria vida, e impede a Racionalidade e Produtividade das vítimas. Estes dois aspectos são causa e conseqüência. Ao impedir a vida de outros, aquele que escolhe usar a força se priva de todos os benefícios que eles poderiam lhe trazer – desde oportunidades para aumentar sua riqueza material até os benefícios do relacionamento pessoal de amizade ou romântico.
A estas três condições necessárias e suficientes à vida da pessoa como ser racional, que quando presentes caracterizam a Liberdade e que só podem ser retiradas pelo uso da força física, chamamos Direitos. Direitos são as condições necessárias e suficientes para a vida como ser racional em sociedade, dadas estas simples condições, o indivíduo vive em completa liberdade – mesmo em meio à maior multidão que se possa imaginar.
Os verdadeiros direitos são apenas os três indicados. São eles:
Como estes direitos são derivados da natureza humana, são características de cada indivíduo. Mesmo que tenham seus direitos constantemente violados, mesmo que não reconheçam seus próprios direitos, todos os têm – por serem indivíduos dotados da faculdade da razão.
Tanto são estes direitos parte da natureza do homem que foram identificados intuitivamente mesmo antes que a explicação racional, aqui apresentada, fosse identificada. Thomas Hobbes, já em 1650, identificou estes direitos e os chamou de “Direitos Naturais”. Embora sua explicação para sua validade não fosse a correta, o termo é válido. Estes três direitos são realmente conseqüência necessária da natureza humana.
Embora os “Direitos Naturais” tenham sido objeto de pensamento e conjectura por um longo período, por figuras brilhantes tais como John Locke e Thomas Jefferson, coube a Ayn Rand finalmente identificar a explicação racional para sua existência – aqui apresentada – firmando finalmente a Ética sobre os pilares inabaláveis de fatos e Razão.
Cabe, por fim, uma consideração final fundamental sobre o uso da força. Está claro que o uso da força destrói a possibilidade de viver como ser racional em sociedade – tanto para quem o pratica quanto para quem é vitimado. Mas esta verdade foi estabelecida no contexto da relação entre indivíduos até então racionais.
Usar a força é abominável porque destrói a possibilidade de viver pela Razão. Isto significa que quando já não é possível viver pela Razão, o uso da força já não possui restrição. Em outras palavras, quando alguém se vê vítima da força, é completamente apropriado que responda da mesma forma. Ou ainda em outras palavras, quando alguém inicia o uso da força em uma relação humana abre mão de seus direitos – os direitos são a garantia de poder viver conforme a razão, mas esta pessoa já optou por não fazê-lo.
Para os indivíduos racionais, que têm sua própria vida como valor máximo, que convivem com seus pares através da Racionalidade, Independência, Honestidade e Produtividade, é não apenas aceitável, mas moralmente mandatório, se defender pela força quando seu uso é iniciado por outro contra eles.
À violação de um direito, o que só pode ser feito pela força, chama-se Crime. À reação contra um crime – mesmo que pela força – chamamos Legítima Defesa.
Nos artigos sobre a aplicação dos princípios éticos à vida em sociedade (Racionalidade, Independência, Honestidade, Produtividade) foi demonstrado que cada um deles identifica uma certa forma de se relacionar com o próximo como a mais vantajosa para o indivíduo. Mais uma vez, por ser derivada da natureza do homem, esta orientação é valida para qualquer pessoa, em qualquer contexto – embora as ações particulares que os princípios indicarão dependam do contexto de cada um.
Estas afirmações são muito mais contundentes do que podem parecer. Como as circunstâncias particulares da vida de cada um variam quase ao infinito, a contextualidade dos princípios pode parecer fazer com que seja impossível derivar deles regras absolutas, aplicáveis a qualquer contexto. Não é o caso.
Para exercer a Razão, é necessário observar a realidade, integrar as percepções em conceitos, entender a relação causal entre as coisas e, finalmente, agir com base neste entendimento. Só então é possível agir de maneira a atingir um determinado objetivo – sem compreender a causalidade que existe em um dado contexto é impossível prever os resultados das próprias ações.
Percebe-se que o exercício da Razão só é possível quando o indivíduo pode observar a realidade, pensar e agir de acordo com seu entendimento. Se o indivíduo é impedido de perceber a realidade ou de agir conforme indica seu entendimento, exercer a Razão em sua vida é impossível.
A Razão, exercida individualmente (conforme o princípio da Independência) e com base na realidade (conforme o princípio da Honestidade) é condição essencial para a vida de um ser racional.
Para exercer a Produtividade, é necessário determinar pela Razão suas próprias necessidades e como supri-las. Como a existência humana é uma existência material, é preciso criar os produtos materiais necessários ao suprimento destas necessidades. Os produtos materiais criados precisam então ser usados para suprir as necessidades identificadas.
Percebe-se que o exercício da Produtividade só é possível quando o indivíduo pode observar a si mesmo e determinar suas necessidades. Só é possível quando o indivíduo pode agir de acordo com seu entendimento para produzir aquilo de material que julga necessário à própria vida. Só é possível quando ele pode usar aquilo que produziu para os fins que determinou. Se o indivíduo é impedido de produzir, ou de usar o que produziu, exercer a Produtividade em sua vida é impossível.
A Produtividade, exercida individualmente e com base no entendimento racional do indivíduo sobre o que sua vida requer e sobre como obtê-lo, é condição essencial para a vida material de um ser racional.
Há, portanto, três formas de tornar impossível que uma pessoa viva sua vida como um ser racional. A primeira, e mais óbvia, é destruir sua vida diretamente. Matá-la. A segunda é impossibilitar que ela viva pela Produtividade. Isto só pode ser feito impedindo-a de produzir ou impedindo-a de usar aquilo que produziu. A terceira é impossibilitar que ela viva pela Racionalidade. Isto só se pode fazer impedindo-a de perceber a realidade ou de agir conforme seu entendimento e decisão.
É fundamental notar que para tornar impossível que alguém viva sua vida como um ser racional, é preciso que outro aja. A única forma de destruir diretamente uma vida é agir contra ela. A única forma de impossibilitar a Produtividade é agir contra a capacidade de produzir ou contra o produto em si. A única forma de impossibilitar a vida conforme a Racionalidade é agir de modo a impedir a ação alheia. Como pessoas são seres independentes, isto não poderia deixar de ser. Sem a interferência de outro, é sempre possível viver para um ser racional.
Ao estado em que existe um indivíduo quando não existem outros impedindo sua vida, exercício da Racionalidade (e seus corolários Independência e Honestidade) e exercício da Produtividade, chamamos Liberdade. Liberdade é a ausência de impedimentos à Razão, ação produtiva e vida do indivíduo.
Há outra identificação fundamental a ser feita. Só há um meio de impedir a vida, o exercício da Razão ou da Produtividade. Este meio é o uso da força física.
- A única forma de destruir diretamente a vida é assaltar fisicamente o corpo do indivíduo.
- A única forma de impedir o exercício da Produtividade é tomar fisicamente os produtos materiais do indivíduo.
- As únicas formas de impedir que o indivíduo aja de acordo com a Razão são restringir fisicamente seu corpo ou ameaçar fisicamente seu corpo ou os produtos de seu trabalho.
A única maneira de impedir que outra pessoa viva como ser racional é, portanto, tirar sua liberdade. E a única forma de fazê-lo é o uso direto ou indireto da força física. Agir fisicamente contra o outro ou ameaçar fisicamente sua vida ou os produtos de seu trabalho.
Ao aplicar o princípio da Racionalidade já havia sido percebido que há apenas duas formas de interagir com outras pessoas: a persuasão e a força. O princípio – que a razão é a nossa ferramenta de sobrevivência a ser usada em todo contexto – já indicava ser a persuasão o caminho correto. Estas novas identificações mostram que a alternativa, a força, além de representar a falha em viver como um ser racional, impede outras pessoas de fazê-lo.
Fica claro que o uso da força e da ameaça física no convívio em sociedade é abominável. Representa o abandono da Racionalidade pelo que o pratica, o que necessariamente significa prejuízo a sua própria vida, e impede a Racionalidade e Produtividade das vítimas. Estes dois aspectos são causa e conseqüência. Ao impedir a vida de outros, aquele que escolhe usar a força se priva de todos os benefícios que eles poderiam lhe trazer – desde oportunidades para aumentar sua riqueza material até os benefícios do relacionamento pessoal de amizade ou romântico.
A estas três condições necessárias e suficientes à vida da pessoa como ser racional, que quando presentes caracterizam a Liberdade e que só podem ser retiradas pelo uso da força física, chamamos Direitos. Direitos são as condições necessárias e suficientes para a vida como ser racional em sociedade, dadas estas simples condições, o indivíduo vive em completa liberdade – mesmo em meio à maior multidão que se possa imaginar.
Os verdadeiros direitos são apenas os três indicados. São eles:
- O Direito à Vida é o direito de não ser morto por outro;
- O Direito à Propriedade é o direito de não ter os produtos de seu trabalho tomados;
- O Direito à Liberdade é o direito de não ser fisicamente restrito e de não ter sua vida e propriedade ameaçados.
Como estes direitos são derivados da natureza humana, são características de cada indivíduo. Mesmo que tenham seus direitos constantemente violados, mesmo que não reconheçam seus próprios direitos, todos os têm – por serem indivíduos dotados da faculdade da razão.
Tanto são estes direitos parte da natureza do homem que foram identificados intuitivamente mesmo antes que a explicação racional, aqui apresentada, fosse identificada. Thomas Hobbes, já em 1650, identificou estes direitos e os chamou de “Direitos Naturais”. Embora sua explicação para sua validade não fosse a correta, o termo é válido. Estes três direitos são realmente conseqüência necessária da natureza humana.
Embora os “Direitos Naturais” tenham sido objeto de pensamento e conjectura por um longo período, por figuras brilhantes tais como John Locke e Thomas Jefferson, coube a Ayn Rand finalmente identificar a explicação racional para sua existência – aqui apresentada – firmando finalmente a Ética sobre os pilares inabaláveis de fatos e Razão.
Cabe, por fim, uma consideração final fundamental sobre o uso da força. Está claro que o uso da força destrói a possibilidade de viver como ser racional em sociedade – tanto para quem o pratica quanto para quem é vitimado. Mas esta verdade foi estabelecida no contexto da relação entre indivíduos até então racionais.
Usar a força é abominável porque destrói a possibilidade de viver pela Razão. Isto significa que quando já não é possível viver pela Razão, o uso da força já não possui restrição. Em outras palavras, quando alguém se vê vítima da força, é completamente apropriado que responda da mesma forma. Ou ainda em outras palavras, quando alguém inicia o uso da força em uma relação humana abre mão de seus direitos – os direitos são a garantia de poder viver conforme a razão, mas esta pessoa já optou por não fazê-lo.
Para os indivíduos racionais, que têm sua própria vida como valor máximo, que convivem com seus pares através da Racionalidade, Independência, Honestidade e Produtividade, é não apenas aceitável, mas moralmente mandatório, se defender pela força quando seu uso é iniciado por outro contra eles.
À violação de um direito, o que só pode ser feito pela força, chama-se Crime. À reação contra um crime – mesmo que pela força – chamamos Legítima Defesa.
01 agosto, 2007
Ética e auto-estima
Em uma conversa com um amigo que se tornou pai recentemente, acabamos falando sobre auto-estima, e como a nutrir nos filhos. É muito comum falar-se em auto-estima como algo que pode ser fornecido pela família ou pela escola, algo resultante das ações de outros. A real auto-estima, no entanto, não pode ser criada de fora para dentro.
O que é auto-estima
Cada pessoa tem seu valor, maior ou menor, e este valor pode ser reconhecido pelos outros, ou não. Mas não é a opinião de outros que determina o valor de alguém e sim o que esta pessoa é. Para que alguém tenha verdadeira auto-estima, precisa ter real valor – e precisa reconhecê-lo. A auto-estima é, portanto, uma conseqüência e não algo que pode ser criado diretamente.
Auto-estima é conseqüência de ter real valor e de reconhecê-lo. Mas o que significa ter valor, em se tratando de uma pessoa?
Valor é um conceito contextual – algo tem valor para alguém, para um determinado propósito. Não existe valor sem alguém para julgá-lo valioso. Não existe valor sem propósito. Já estabelecemos que julgar é uma ação individual e intransferível. Já estabelecemos também que o propósito máximo de cada um é sua própria vida.
A auto-estima é julgar a si mesmo como valioso para a própria vida.
Os valores próprios
Vamos abordar primeiro o que está sendo julgado. Ao julgar a nós mesmos, estamos fazendo uma avaliação de nossas próprias capacidades em relação ao benefício que trazem à nossa vida. Julgamos nossas habilidades mentais como força de vontade, capacidade de raciocínio, criatividade. Julgamos também capacidades físicas como nossa aparência, força e habilidade. Mas qual o critério para fazer este julgamento?
Já identificamos o que é fundamental para a vida de um indivíduo, foi esta a base para derivar os princípios éticos. Se a natureza humana requer que se viva com Racionalidade, a Razão é uma qualidade a ser valorizada. Se a natureza humana requer que se viva com Independência, Honestidade e Produtividade, estas também são qualidades a serem valorizadas.
Ao julgar a nós mesmos, avaliamos nossa capacidade de promover nossas próprias vidas. Como os princípios éticos racionais identificam aquilo que conduz a uma vida próspera, estamos julgando nossa capacidade de pô-los em prática.
O julgamento de outros
O segundo ponto essencial é que a auto-estima verdadeira resulta de um juízo próprio. De nada adianta que alguém seja constantemente adulado se ele mesmo não vê o valor em si. Esta pessoa provavelmente considera, mesmo que não conscientemente, que não merece a adoração que recebe. Ela pode buscar comportamentos cada vez mais extremos ou autodestrutivos, uma forma de mostrar a todos que não é tão maravilhosa como eles pensam. Suspeito que este seja o mecanismo por trás de muitas celebridades que implodem no auge do sucesso.
Outra possível conseqüência de alguém sem real auto-estima mas com popularidade é substituir o próprio julgamento pelo dos outros. Esta pessoa não vê valor em si, mas toma a adoração dos outros como evidência de que tem valor. Seu julgamento próprio passa a ser mero reflexo do julgamento de outros. Suspeito que este seja o mecanismo por trás de muitas ex-celebridades que passam a fazer as coisas mais absurdas para chamar a atenção – em sua mente, sem a atenção dos outros eles não valem nada.
Auto-ajuda ou auto-enganação?
Ainda em relação ao fato de a auto-estima ser um juízo próprio, vale comentar sobre as diversas técnicas de “pensamento positivo”, “auto-sugestão” e outros que se baseiam em tentar se convencer pela insistência. É certo que repetir frases positivas sobre si e as outras coisas que estes métodos propõe podem afetar a pessoa emocionalmente.
Em casos onde o real problema da pessoa é um negativismo emocional injustificado sobre si, estas coisas podem até ajudar. É importante ter em mente a verdadeira auto-estima vem de um juízo racional sobre si, mesmo que não explícito. Alguém que tem valor e não conseguia vê-lo pode remover a barreira através de uma “reprogramação” emocional. Alguém que não tem os valores importantes para a vida humana ou não sabe identificá-los apenas se tornará um papagaio repetindo frases sem fundamento.
A educação e a auto-estima da criança
Se os pais não podem produzir auto-estima diretamente nos filhos, o que podem fazer? Se a auto-estima é um reconhecimento da própria capacidade de viver, o que os pais podem fazer é ensinar aos filhos coisas que beneficiarão sua vida e deixá-los praticá-las. A auto-estima dos filhos virá de sua própria experiência em ter sucesso real na vida, desde as menores coisas até as mais estupendas realizações.
Vou dar algumas sugestões tiradas da minha própria experiência como filho e da observação das diferenças entre a educação que tive e a que observei na casa de diversos colegas.
A primeira sugestão que tenho para pais que se preocupam com a auto-estima dos filhos é tratá-los, desde sempre, como seres inteligentes. A mente, o pensamento, é o que nos define – reconheça que mesmo uma criança de dois anos já possui uma mente racional, e já entende muito mais do que pode parecer.
É claro que não se pode explicar o funcionamento da bolsa de valores para uma criança de dois anos, mas também não é necessário. As coisas que se precisa explicar em cada idade em geral são explicáveis dentro do contexto que a criança é capaz de conhecer.
Tratar as crianças como seres inteligentes é uma postura, uma atitude, mais do que ações específicas. É tê-las como pessoas plenamente capazes de entender as coisas, mas com muito pouco conhecimento básico. Esta diferença de atitude leva a diferenças fundamentais no trato, mesmo de um infante. É a diferença entre o “porque estou mandando” e o “porque está tarde” quando a criança não quer dormir, entre o “porque não” e o “porque está quente” quando não se deixa a criança chegar perto do fogão.
Estas pequenas explicações – que necessariamente se tornarão mais completas conforme a criança aprender mais – mostram desde o início que as coisas tem motivo, que a criança é capaz de entender a vida.
A maioria dos pais provavelmente acha que ficaria uma eternidade discutindo com seus filhos, e que nunca conseguiria fazer nada. Mas autoridade e respeito pela inteligência dos filhos não são mutuamente exclusivos. Não se trata de abrir mão da autoridade paterna ou materna, mas de deixar claro que as ordens dadas tem motivo – mesmo que não se consiga explicar naquele momento. Quem já teve um chefe que simplesmente mandava fazer as coisas do jeito dele e outro que explicava suas decisões sabe exatamente a diferença que isto faz.
Em certas circunstâncias não há tempo, e a solução é “obedeça agora e explico depois”, sem esquecer de explicar quando for oportuno. Em outras circunstâncias pode ser que simplesmente não se consiga imaginar como explicar algo de forma que a criança entenda. Um “não sei como te explicar, preciso pensar um pouco” resolve a questão naquele momento, mas se é algo que a criança precisa entender, é sua responsabilidade descobrir como explicar.
Esta atitude ensina a criança a valorizar a razão, o diálogo e o entendimento.
A segunda sugestão é deixar as crianças fazerem coisas por si mesmas, sempre que possível. Se ela aprendeu a comer com a colher mas ainda derruba comida – deixe derrubar comida. Se ela aprendeu a amarrar o sapato mas o laço fica torto – deixe ficar torto. Se ela aprendeu a abotoar a própria roupa mas pulou uma casa – deixe a roupa como está.
Isto não significa negar ajuda quando a criança pedir, nem significa deixar de ensiná-las como fazer melhor. É apenas a diferença entre “você abotoou a sua roupa!” e “sua roupa está toda torta, vem aqui pra eu arrumar” quando a criança se veste sozinha a primeira vez. O primeiro reconhece a realização da criança: para quem não se vestia sozinho se vestir é um grande sucesso – mesmo que a roupa esteja torta. O segundo transforma esta conquista em um fracasso.
Esta atitude reconhece os pequenos sucessos da criança, a incentiva a fazer cada vez mais coisas por si mesma – a ensina a valorizar a independência.
A terceira sugestão é nunca mentir para a criança. As crianças inicialmente têm confiança implícita nos pais. Eles ensinaram quase tudo o que ela sabe. Conforme a criança se desenvolve esta visão inicial será confirmada ou contestada pelo que ela virá a aprender.
Se a criança descobre que os pais mentem para ela, a mentira em si se torna para ela algo aceitável. Nesta fase do seu desenvolvimento os pais ainda são o exemplo a ser emulado, a referência de comportamento. Mais adiante parecerá natural mentir para os pais para conseguir o que ela quer, já que eles mentiram para ela para conseguir o que queriam.
Descobrir que os pais mentem para ela pode ainda levar a criança a questionar o respeito que os pais têm por sua inteligência. Neste aspecto, inventar uma mentira é até pior do que não dar explicação nenhuma.
Não mentir não significa que não se pode contar histórias nem se vestir de Papai Noel no Natal, mas significa deixar claro o que é realidade e o que é fantasia. Esta atitude constrói confiança nos pais no longo prazo, e ensina desde cedo a praticar a honestidade.
Estas atitudes dos pais permitem que a criança veja o mundo como algo que ela é capaz de entender, onde ela é capaz de agir com sucesso. E esta é a realidade que está por trás da verdadeira auto-estima.
O que é auto-estima
Cada pessoa tem seu valor, maior ou menor, e este valor pode ser reconhecido pelos outros, ou não. Mas não é a opinião de outros que determina o valor de alguém e sim o que esta pessoa é. Para que alguém tenha verdadeira auto-estima, precisa ter real valor – e precisa reconhecê-lo. A auto-estima é, portanto, uma conseqüência e não algo que pode ser criado diretamente.
Auto-estima é conseqüência de ter real valor e de reconhecê-lo. Mas o que significa ter valor, em se tratando de uma pessoa?
Valor é um conceito contextual – algo tem valor para alguém, para um determinado propósito. Não existe valor sem alguém para julgá-lo valioso. Não existe valor sem propósito. Já estabelecemos que julgar é uma ação individual e intransferível. Já estabelecemos também que o propósito máximo de cada um é sua própria vida.
A auto-estima é julgar a si mesmo como valioso para a própria vida.
Os valores próprios
Vamos abordar primeiro o que está sendo julgado. Ao julgar a nós mesmos, estamos fazendo uma avaliação de nossas próprias capacidades em relação ao benefício que trazem à nossa vida. Julgamos nossas habilidades mentais como força de vontade, capacidade de raciocínio, criatividade. Julgamos também capacidades físicas como nossa aparência, força e habilidade. Mas qual o critério para fazer este julgamento?
Já identificamos o que é fundamental para a vida de um indivíduo, foi esta a base para derivar os princípios éticos. Se a natureza humana requer que se viva com Racionalidade, a Razão é uma qualidade a ser valorizada. Se a natureza humana requer que se viva com Independência, Honestidade e Produtividade, estas também são qualidades a serem valorizadas.
Ao julgar a nós mesmos, avaliamos nossa capacidade de promover nossas próprias vidas. Como os princípios éticos racionais identificam aquilo que conduz a uma vida próspera, estamos julgando nossa capacidade de pô-los em prática.
O julgamento de outros
O segundo ponto essencial é que a auto-estima verdadeira resulta de um juízo próprio. De nada adianta que alguém seja constantemente adulado se ele mesmo não vê o valor em si. Esta pessoa provavelmente considera, mesmo que não conscientemente, que não merece a adoração que recebe. Ela pode buscar comportamentos cada vez mais extremos ou autodestrutivos, uma forma de mostrar a todos que não é tão maravilhosa como eles pensam. Suspeito que este seja o mecanismo por trás de muitas celebridades que implodem no auge do sucesso.
Outra possível conseqüência de alguém sem real auto-estima mas com popularidade é substituir o próprio julgamento pelo dos outros. Esta pessoa não vê valor em si, mas toma a adoração dos outros como evidência de que tem valor. Seu julgamento próprio passa a ser mero reflexo do julgamento de outros. Suspeito que este seja o mecanismo por trás de muitas ex-celebridades que passam a fazer as coisas mais absurdas para chamar a atenção – em sua mente, sem a atenção dos outros eles não valem nada.
Auto-ajuda ou auto-enganação?
Ainda em relação ao fato de a auto-estima ser um juízo próprio, vale comentar sobre as diversas técnicas de “pensamento positivo”, “auto-sugestão” e outros que se baseiam em tentar se convencer pela insistência. É certo que repetir frases positivas sobre si e as outras coisas que estes métodos propõe podem afetar a pessoa emocionalmente.
Em casos onde o real problema da pessoa é um negativismo emocional injustificado sobre si, estas coisas podem até ajudar. É importante ter em mente a verdadeira auto-estima vem de um juízo racional sobre si, mesmo que não explícito. Alguém que tem valor e não conseguia vê-lo pode remover a barreira através de uma “reprogramação” emocional. Alguém que não tem os valores importantes para a vida humana ou não sabe identificá-los apenas se tornará um papagaio repetindo frases sem fundamento.
A educação e a auto-estima da criança
Se os pais não podem produzir auto-estima diretamente nos filhos, o que podem fazer? Se a auto-estima é um reconhecimento da própria capacidade de viver, o que os pais podem fazer é ensinar aos filhos coisas que beneficiarão sua vida e deixá-los praticá-las. A auto-estima dos filhos virá de sua própria experiência em ter sucesso real na vida, desde as menores coisas até as mais estupendas realizações.
Vou dar algumas sugestões tiradas da minha própria experiência como filho e da observação das diferenças entre a educação que tive e a que observei na casa de diversos colegas.
A primeira sugestão que tenho para pais que se preocupam com a auto-estima dos filhos é tratá-los, desde sempre, como seres inteligentes. A mente, o pensamento, é o que nos define – reconheça que mesmo uma criança de dois anos já possui uma mente racional, e já entende muito mais do que pode parecer.
É claro que não se pode explicar o funcionamento da bolsa de valores para uma criança de dois anos, mas também não é necessário. As coisas que se precisa explicar em cada idade em geral são explicáveis dentro do contexto que a criança é capaz de conhecer.
Tratar as crianças como seres inteligentes é uma postura, uma atitude, mais do que ações específicas. É tê-las como pessoas plenamente capazes de entender as coisas, mas com muito pouco conhecimento básico. Esta diferença de atitude leva a diferenças fundamentais no trato, mesmo de um infante. É a diferença entre o “porque estou mandando” e o “porque está tarde” quando a criança não quer dormir, entre o “porque não” e o “porque está quente” quando não se deixa a criança chegar perto do fogão.
Estas pequenas explicações – que necessariamente se tornarão mais completas conforme a criança aprender mais – mostram desde o início que as coisas tem motivo, que a criança é capaz de entender a vida.
A maioria dos pais provavelmente acha que ficaria uma eternidade discutindo com seus filhos, e que nunca conseguiria fazer nada. Mas autoridade e respeito pela inteligência dos filhos não são mutuamente exclusivos. Não se trata de abrir mão da autoridade paterna ou materna, mas de deixar claro que as ordens dadas tem motivo – mesmo que não se consiga explicar naquele momento. Quem já teve um chefe que simplesmente mandava fazer as coisas do jeito dele e outro que explicava suas decisões sabe exatamente a diferença que isto faz.
Em certas circunstâncias não há tempo, e a solução é “obedeça agora e explico depois”, sem esquecer de explicar quando for oportuno. Em outras circunstâncias pode ser que simplesmente não se consiga imaginar como explicar algo de forma que a criança entenda. Um “não sei como te explicar, preciso pensar um pouco” resolve a questão naquele momento, mas se é algo que a criança precisa entender, é sua responsabilidade descobrir como explicar.
Esta atitude ensina a criança a valorizar a razão, o diálogo e o entendimento.
A segunda sugestão é deixar as crianças fazerem coisas por si mesmas, sempre que possível. Se ela aprendeu a comer com a colher mas ainda derruba comida – deixe derrubar comida. Se ela aprendeu a amarrar o sapato mas o laço fica torto – deixe ficar torto. Se ela aprendeu a abotoar a própria roupa mas pulou uma casa – deixe a roupa como está.
Isto não significa negar ajuda quando a criança pedir, nem significa deixar de ensiná-las como fazer melhor. É apenas a diferença entre “você abotoou a sua roupa!” e “sua roupa está toda torta, vem aqui pra eu arrumar” quando a criança se veste sozinha a primeira vez. O primeiro reconhece a realização da criança: para quem não se vestia sozinho se vestir é um grande sucesso – mesmo que a roupa esteja torta. O segundo transforma esta conquista em um fracasso.
Esta atitude reconhece os pequenos sucessos da criança, a incentiva a fazer cada vez mais coisas por si mesma – a ensina a valorizar a independência.
A terceira sugestão é nunca mentir para a criança. As crianças inicialmente têm confiança implícita nos pais. Eles ensinaram quase tudo o que ela sabe. Conforme a criança se desenvolve esta visão inicial será confirmada ou contestada pelo que ela virá a aprender.
Se a criança descobre que os pais mentem para ela, a mentira em si se torna para ela algo aceitável. Nesta fase do seu desenvolvimento os pais ainda são o exemplo a ser emulado, a referência de comportamento. Mais adiante parecerá natural mentir para os pais para conseguir o que ela quer, já que eles mentiram para ela para conseguir o que queriam.
Descobrir que os pais mentem para ela pode ainda levar a criança a questionar o respeito que os pais têm por sua inteligência. Neste aspecto, inventar uma mentira é até pior do que não dar explicação nenhuma.
Não mentir não significa que não se pode contar histórias nem se vestir de Papai Noel no Natal, mas significa deixar claro o que é realidade e o que é fantasia. Esta atitude constrói confiança nos pais no longo prazo, e ensina desde cedo a praticar a honestidade.
Estas atitudes dos pais permitem que a criança veja o mundo como algo que ela é capaz de entender, onde ela é capaz de agir com sucesso. E esta é a realidade que está por trás da verdadeira auto-estima.
Vivendo a Ética racional
Os artigos anteriores sobre Ética apresentam sua definição e fundamentação – um conjunto de princípios que permite ao homem fazer as escolhas que o levem a viver a melhor vida possível.
A Ética é necessária pelo fato de não termos instintos ou conhecimento automático sobre como agir, e o valor primário de todo indivíduo precisa ser sua própria vida. Não é preciso agir para morrer, morrer não requer Ética. Se o indivíduo valoriza qualquer coisa que seja, valoriza primeiro sua vida. Nada tem valor para um cadáver.
Da natureza do homem – um ser dotado da faculdade da Razão e que tem nela seu meio de sobrevivência, um ser de mente independente, com existência e necessidades físicas, vivendo em uma realidade que não se dobra a suas fantasias – derivam-se os princípios da Racionalidade, Independência, Produtividade e Honestidade.
Estes princípios indicam quais decisões levam a uma vida de realização, à qual todos deveríamos almejar. São aplicáveis a qualquer contexto, seja o de um indivíduo vivendo isoladamente ou o de outro em uma metrópole.
Mas como vive alguém que escolhe viver de acordo com os princípios éticos racionais? Pode parecer uma vida mecanizada, regida por regras pré-estabelecidas. Pode parecer uma vida fria e sem sentimento. Nada poderia ser mais falso.
Princípios não são mandamentos – eles dependem do contexto de cada pessoa. Descobrir o contexto completo de uma situação não acontece automaticamente. Quem conhece a Ética racional sabe sempre escolher, dada uma situação. Mas a vida não nos dá testes de múltipla escolha – precisamos criar nossas próprias alternativas.
Alguém extremamente criativo encontrará alternativas que outros nem imaginaram, alguém com extrema empatia julgará melhor as conseqüências de suas escolhas na vida e sentimentos alheios. Ter princípios não elimina a necessidade de entender o mundo e as pessoas, pelo contrário, dá a plena consciência de o quanto isto é importante.
Agir racionalmente também não significa não ter emoções, significa não agir com base nelas. Comprar um presente para alguém que se ama não é agir com base na emoção – valorizar as pessoas que nos fazem bem é completamente racional. Gastar todas as economias neste presente, por outro lado, sim, indica que o indivíduo não mediu as conseqüências de seu ato sobre sua própria vida.
Qual é, então, a visão de mundo de alguém que entende a Ética racional?
Racional, ele sabe que o mundo pode ser complicado, mas é compreensível. Entende que não saber tudo não o impede de agir com base no que ele sabe, nem de buscar saber mais. Sabe que todas as pessoas são dotadas da Razão, mesmo que muitos não escolham segui-la e muitos mais não saibam como e porquê fazê-lo. Isto nutre um profundo respeito pela liberdade alheia. Nutre também uma profunda abominação pelo uso da força contra outros que, como ele, são capazes de ouvir, entender e fazer suas próprias escolhas - por mais que sejam falíveis ele sabe que também o é.
Independente, ele não vive sua vida para satisfazer outros. A opinião das pessoas não é sua motivação e sim seus próprios valores. Se alguém não lhe reconhece o valor, não se sente diminuído – diminui sim seu respeito pelo julgamento daquela pessoa. Reconhece também a independência dos outros, pode oferecer opiniões e conselhos mas não espera que ninguém substitua as próprias escolhas pelas suas.
Honesto, ele não tenta superar dificuldades fingindo que elas não existem. Em uma situação difícil, em que não há escolha sem alguma perda, é capaz de escolher o caminho menos ruim e seguir com sua vida. Em sociedade, sabe que é impossível ganhar algo pela falsidade – porque cada valor conseguido de outros pela mentira traz consigo uma carga proporcionalmente maior de medo, culpa e mão de obra para não ser descoberto.
Produtivo, ele não é refém de ninguém. Sabe que é capaz de prover o que é necessário para saciar suas necessidades. Não inveja aquele que é mais rico, embora talvez ambicione se tornar tão rico quanto ele, nem se sente obrigado a sacrificar sua própria felicidade porque existe alguém mais pobre. Sabe que o que tem é resultado de seu próprio esforço.
Quem adota o princípio da Racionalidade tem uma visão essencialmente positiva sobre a vida e as pessoas em geral – por mais que as circunstâncias sejam difíceis, por mais que existam pessoas que só fazem destruir.
Só quem adota os princípios da Independência, Honestidade e Produtividade pode ser e se sentir realmente livre. Livre porque vive por seu próprio julgamento, não precisa de outros para lhe dizer o que fazer. Livre porque vivendo pela verdade não é refém de fatos escondidos nem de outros que possam descobri-los. Livre porque vive pelo produto de seu próprio esforço, não deve nada a ninguém, merece tudo o que tem.
A Ética é necessária pelo fato de não termos instintos ou conhecimento automático sobre como agir, e o valor primário de todo indivíduo precisa ser sua própria vida. Não é preciso agir para morrer, morrer não requer Ética. Se o indivíduo valoriza qualquer coisa que seja, valoriza primeiro sua vida. Nada tem valor para um cadáver.
Da natureza do homem – um ser dotado da faculdade da Razão e que tem nela seu meio de sobrevivência, um ser de mente independente, com existência e necessidades físicas, vivendo em uma realidade que não se dobra a suas fantasias – derivam-se os princípios da Racionalidade, Independência, Produtividade e Honestidade.
Estes princípios indicam quais decisões levam a uma vida de realização, à qual todos deveríamos almejar. São aplicáveis a qualquer contexto, seja o de um indivíduo vivendo isoladamente ou o de outro em uma metrópole.
Mas como vive alguém que escolhe viver de acordo com os princípios éticos racionais? Pode parecer uma vida mecanizada, regida por regras pré-estabelecidas. Pode parecer uma vida fria e sem sentimento. Nada poderia ser mais falso.
Princípios não são mandamentos – eles dependem do contexto de cada pessoa. Descobrir o contexto completo de uma situação não acontece automaticamente. Quem conhece a Ética racional sabe sempre escolher, dada uma situação. Mas a vida não nos dá testes de múltipla escolha – precisamos criar nossas próprias alternativas.
Alguém extremamente criativo encontrará alternativas que outros nem imaginaram, alguém com extrema empatia julgará melhor as conseqüências de suas escolhas na vida e sentimentos alheios. Ter princípios não elimina a necessidade de entender o mundo e as pessoas, pelo contrário, dá a plena consciência de o quanto isto é importante.
Agir racionalmente também não significa não ter emoções, significa não agir com base nelas. Comprar um presente para alguém que se ama não é agir com base na emoção – valorizar as pessoas que nos fazem bem é completamente racional. Gastar todas as economias neste presente, por outro lado, sim, indica que o indivíduo não mediu as conseqüências de seu ato sobre sua própria vida.
Qual é, então, a visão de mundo de alguém que entende a Ética racional?
Racional, ele sabe que o mundo pode ser complicado, mas é compreensível. Entende que não saber tudo não o impede de agir com base no que ele sabe, nem de buscar saber mais. Sabe que todas as pessoas são dotadas da Razão, mesmo que muitos não escolham segui-la e muitos mais não saibam como e porquê fazê-lo. Isto nutre um profundo respeito pela liberdade alheia. Nutre também uma profunda abominação pelo uso da força contra outros que, como ele, são capazes de ouvir, entender e fazer suas próprias escolhas - por mais que sejam falíveis ele sabe que também o é.
Independente, ele não vive sua vida para satisfazer outros. A opinião das pessoas não é sua motivação e sim seus próprios valores. Se alguém não lhe reconhece o valor, não se sente diminuído – diminui sim seu respeito pelo julgamento daquela pessoa. Reconhece também a independência dos outros, pode oferecer opiniões e conselhos mas não espera que ninguém substitua as próprias escolhas pelas suas.
Honesto, ele não tenta superar dificuldades fingindo que elas não existem. Em uma situação difícil, em que não há escolha sem alguma perda, é capaz de escolher o caminho menos ruim e seguir com sua vida. Em sociedade, sabe que é impossível ganhar algo pela falsidade – porque cada valor conseguido de outros pela mentira traz consigo uma carga proporcionalmente maior de medo, culpa e mão de obra para não ser descoberto.
Produtivo, ele não é refém de ninguém. Sabe que é capaz de prover o que é necessário para saciar suas necessidades. Não inveja aquele que é mais rico, embora talvez ambicione se tornar tão rico quanto ele, nem se sente obrigado a sacrificar sua própria felicidade porque existe alguém mais pobre. Sabe que o que tem é resultado de seu próprio esforço.
Quem adota o princípio da Racionalidade tem uma visão essencialmente positiva sobre a vida e as pessoas em geral – por mais que as circunstâncias sejam difíceis, por mais que existam pessoas que só fazem destruir.
Só quem adota os princípios da Independência, Honestidade e Produtividade pode ser e se sentir realmente livre. Livre porque vive por seu próprio julgamento, não precisa de outros para lhe dizer o que fazer. Livre porque vivendo pela verdade não é refém de fatos escondidos nem de outros que possam descobri-los. Livre porque vive pelo produto de seu próprio esforço, não deve nada a ninguém, merece tudo o que tem.
23 julho, 2007
Produtividade em sociedade
Os princípios éticos não são derivados da vida em sociedade, mas são aplicáveis a ela. Já foram abordadas as conseqüências de aplicar à vida em sociedade os princípios da Racionalidade, Independência e Honestidade. O princípio da Produtividade também se aplica à vida em sociedade, com conseqüências importantes para a vida do homem.
Para um indivíduo isolado, o princípio da Produtividade é evidente. Separado da sociedade, fica muito claro que tudo o que ele quiser ter, terá de produzir. Este contexto simplificado permite explorar a aplicação deste princípio, antes de estendê-la ao caso mais complexo.
Se o indivíduo separado da sociedade (recuperemos nosso náufrago já usado como exemplo) quiser ter o que comer, sabe que terá de produzir comida. Se quiser se proteger do clima, sabe que terá de produzir um abrigo. Se quiser estar seguro contra ataques de animais selvagens, sabe que terá de produzir armas e usá-las.
Um dos enganos mais comuns ao pensar sobre a vida humana é a ilusão de que a natureza provê algo ao homem livre de esforço. Mesmo que existam árvores frutíferas espalhadas pela ilha em que se encontra o náufrago – ele tem de encontrá-las, tem de reconhecê-las como fontes de alimento, tem de colher seus frutos para se alimentar deles.
Mesmo que o náufrago se abrigue em uma caverna – que ele não construiu – ele teve de encontrá-la e reconhecê-la como um abrigo. A natureza não provê nada ao homem, o homem precisa pensar e agir para tornar o que existe na natureza útil para sua vida.
Vamos estender agora nosso exemplo. Imaginemos que após um acidente há dois sobreviventes, que acabam de lados opostos de uma ilha deserta. Imaginemos que um deles é um atleta, o outro sedentário. Imaginemos ainda que a boa comida se encontra no topo das árvores.
Enquanto não se encontram, o náufrago sedentário tem extrema dificuldade em conseguir comida boa, tendo que subsistir apenas no que consegue coletar no chão. O atleta descobre que há boa comida no alto, e sobe nas árvores para coletá-la.
Nestas condições poucos contestariam a diferença na qualidade de vida dos sobreviventes: é conseqüência da diferença entre suas capacidades, neste caso, físicas. No entanto, caso eles se encontrassem, a maioria condenaria o atleta caso ele não aceitasse alimentar o sedentário com a comida melhor que é capaz de obter.
Há três observações importantes a serem feitas com base nesse exemplo:
Primeiro, do ponto de vista do atleta ter companhia na ilha deserta é um tremendo valor – ter com quem conversar, ter mais um cérebro e mais um par de mãos (mesmo que não tão capazes quanto as suas) disponíveis para enfrentar os desafios da sobrevivência são valores inquestionáveis. Com certeza seria do interesse do atleta contribuir para a sobrevivência do sedentário, neste caso ajudando o a obter comida. Não é preciso um mandamento para que ele perceba este valor.
Segundo, mesmo que o atleta decida dar alimento ao sedentário, isto não muda a realidade de que todo o valor que existe para a vida humana é criado pelo homem. Embora exista alguém sobrevivendo sem fazer esforço (por ter sua comida produzida por outro), há alguém fazendo o esforço necessário.
Esta realidade explica algumas possíveis conseqüências da situação que imaginamos. É natural que o atleta espere que o sedentário se exercite, para que possa se tornar capaz de sustentar-se. Se o sedentário se acomodar, tendo sua alimentação provida pelo atleta, é natural que este espere algo em troca – que o sedentário faça algo por ele, de valor semelhante, dentro de suas capacidades. O atleta reconhece o princípio da Produtividade, reconhece que ninguém tem "direito" a ter suas necessidades supridas a troco de nada, porque as coisas que suprem necessidades nunca surgem sem esforço.
Terceiro, limitamos o cenário imaginado a uma disparidade de capacidade física. Na realidade, a capacidade mental afeta muito mais a prosperidade humana. O sedentário, se mais inteligente, poderia ter deduzido a existência da comida melhor pelos restos encontrados no chão e descoberto uma maneira de derrubar a comida ou as próprias árvores – dentro de suas capacidades físicas. O atleta, se menos inteligente, poderia nunca ter encontrado a comida melhor no topo das árvores. A capacidade física só produz prosperidade até o limite da capacidade mental.
Aplicar o princípio da Produtividade à convivência humana significa perceber que se alguém quer viver, precisa produzir – a simples proximidade de outros não os torna obrigados sustentá-lo a troco de nada. Significa identificar que, mesmo em sociedade, tudo o que existe e é valioso para a vida do homem (o que chamamos de riqueza) é produzido pelo esforço do homem. Significa também reconhecer que os valores que cada um produz são determinados pela sua capacidade e vontade de fazê-lo.
O princípio da Produtividade, derivado claramente da natureza humana e de fatos simples sobre a realidade, desbanca uma das mais abraçadas e ferozmente defendidas idéias da atualidade: a "Justiça Social", ou a idéia de que a desigualdade de riqueza é, de alguma forma, injusta. Esta tese se fundamenta na idéia equivocada de que a natureza dá algo ao homem de graça, e que cada um tem direito "à sua parte".
Na realidade toda riqueza tem de ser produzida. Como a capacidade e vontade de produzir diferem entre as pessoas, é mera conseqüência dos fatos da realidade que haja desigualdade de riqueza. É justo que haja desigualdade de riqueza. A chamada "Justiça Social" é uma injustiça real, por desassociar as ações das pessoas das conseqüências delas. A conseqüência de produzir é ter. A conseqüência de não produzir é não ter. Fazer "Justiça Social" é fazer ter aquele que não produz, fazendo não ter aquele que produziu.
Viver seguindo o princípio da Produtividade significa produzir pelo próprio esforço a riqueza necessária e desejada para a própria vida. Não significa produzir pessoalmente tudo o que se usa – a vida em sociedade permite produzir muito mais riqueza por permitir a especialização e a troca. A especialização leva o indivíduo a produzir mais, com o mesmo esforço. A troca permite ao especialista trocar sua produção expandida de um bem pela variedade de bens que realmente precisa ou deseja.
Ser produtivo em sociedade significa produzir valor pelo próprio esforço obtendo as coisas que se necessita ou deseja pelo próprio trabalho e pela troca voluntária. É não esperar que outros o sustentem nem sentir-se obrigado a sustentar outros em detrimento da própria felicidade.
Para um indivíduo isolado, o princípio da Produtividade é evidente. Separado da sociedade, fica muito claro que tudo o que ele quiser ter, terá de produzir. Este contexto simplificado permite explorar a aplicação deste princípio, antes de estendê-la ao caso mais complexo.
Se o indivíduo separado da sociedade (recuperemos nosso náufrago já usado como exemplo) quiser ter o que comer, sabe que terá de produzir comida. Se quiser se proteger do clima, sabe que terá de produzir um abrigo. Se quiser estar seguro contra ataques de animais selvagens, sabe que terá de produzir armas e usá-las.
Um dos enganos mais comuns ao pensar sobre a vida humana é a ilusão de que a natureza provê algo ao homem livre de esforço. Mesmo que existam árvores frutíferas espalhadas pela ilha em que se encontra o náufrago – ele tem de encontrá-las, tem de reconhecê-las como fontes de alimento, tem de colher seus frutos para se alimentar deles.
Mesmo que o náufrago se abrigue em uma caverna – que ele não construiu – ele teve de encontrá-la e reconhecê-la como um abrigo. A natureza não provê nada ao homem, o homem precisa pensar e agir para tornar o que existe na natureza útil para sua vida.
Vamos estender agora nosso exemplo. Imaginemos que após um acidente há dois sobreviventes, que acabam de lados opostos de uma ilha deserta. Imaginemos que um deles é um atleta, o outro sedentário. Imaginemos ainda que a boa comida se encontra no topo das árvores.
Enquanto não se encontram, o náufrago sedentário tem extrema dificuldade em conseguir comida boa, tendo que subsistir apenas no que consegue coletar no chão. O atleta descobre que há boa comida no alto, e sobe nas árvores para coletá-la.
Nestas condições poucos contestariam a diferença na qualidade de vida dos sobreviventes: é conseqüência da diferença entre suas capacidades, neste caso, físicas. No entanto, caso eles se encontrassem, a maioria condenaria o atleta caso ele não aceitasse alimentar o sedentário com a comida melhor que é capaz de obter.
Há três observações importantes a serem feitas com base nesse exemplo:
Primeiro, do ponto de vista do atleta ter companhia na ilha deserta é um tremendo valor – ter com quem conversar, ter mais um cérebro e mais um par de mãos (mesmo que não tão capazes quanto as suas) disponíveis para enfrentar os desafios da sobrevivência são valores inquestionáveis. Com certeza seria do interesse do atleta contribuir para a sobrevivência do sedentário, neste caso ajudando o a obter comida. Não é preciso um mandamento para que ele perceba este valor.
Segundo, mesmo que o atleta decida dar alimento ao sedentário, isto não muda a realidade de que todo o valor que existe para a vida humana é criado pelo homem. Embora exista alguém sobrevivendo sem fazer esforço (por ter sua comida produzida por outro), há alguém fazendo o esforço necessário.
Esta realidade explica algumas possíveis conseqüências da situação que imaginamos. É natural que o atleta espere que o sedentário se exercite, para que possa se tornar capaz de sustentar-se. Se o sedentário se acomodar, tendo sua alimentação provida pelo atleta, é natural que este espere algo em troca – que o sedentário faça algo por ele, de valor semelhante, dentro de suas capacidades. O atleta reconhece o princípio da Produtividade, reconhece que ninguém tem "direito" a ter suas necessidades supridas a troco de nada, porque as coisas que suprem necessidades nunca surgem sem esforço.
Terceiro, limitamos o cenário imaginado a uma disparidade de capacidade física. Na realidade, a capacidade mental afeta muito mais a prosperidade humana. O sedentário, se mais inteligente, poderia ter deduzido a existência da comida melhor pelos restos encontrados no chão e descoberto uma maneira de derrubar a comida ou as próprias árvores – dentro de suas capacidades físicas. O atleta, se menos inteligente, poderia nunca ter encontrado a comida melhor no topo das árvores. A capacidade física só produz prosperidade até o limite da capacidade mental.
Aplicar o princípio da Produtividade à convivência humana significa perceber que se alguém quer viver, precisa produzir – a simples proximidade de outros não os torna obrigados sustentá-lo a troco de nada. Significa identificar que, mesmo em sociedade, tudo o que existe e é valioso para a vida do homem (o que chamamos de riqueza) é produzido pelo esforço do homem. Significa também reconhecer que os valores que cada um produz são determinados pela sua capacidade e vontade de fazê-lo.
O princípio da Produtividade, derivado claramente da natureza humana e de fatos simples sobre a realidade, desbanca uma das mais abraçadas e ferozmente defendidas idéias da atualidade: a "Justiça Social", ou a idéia de que a desigualdade de riqueza é, de alguma forma, injusta. Esta tese se fundamenta na idéia equivocada de que a natureza dá algo ao homem de graça, e que cada um tem direito "à sua parte".
Na realidade toda riqueza tem de ser produzida. Como a capacidade e vontade de produzir diferem entre as pessoas, é mera conseqüência dos fatos da realidade que haja desigualdade de riqueza. É justo que haja desigualdade de riqueza. A chamada "Justiça Social" é uma injustiça real, por desassociar as ações das pessoas das conseqüências delas. A conseqüência de produzir é ter. A conseqüência de não produzir é não ter. Fazer "Justiça Social" é fazer ter aquele que não produz, fazendo não ter aquele que produziu.
Viver seguindo o princípio da Produtividade significa produzir pelo próprio esforço a riqueza necessária e desejada para a própria vida. Não significa produzir pessoalmente tudo o que se usa – a vida em sociedade permite produzir muito mais riqueza por permitir a especialização e a troca. A especialização leva o indivíduo a produzir mais, com o mesmo esforço. A troca permite ao especialista trocar sua produção expandida de um bem pela variedade de bens que realmente precisa ou deseja.
Ser produtivo em sociedade significa produzir valor pelo próprio esforço obtendo as coisas que se necessita ou deseja pelo próprio trabalho e pela troca voluntária. É não esperar que outros o sustentem nem sentir-se obrigado a sustentar outros em detrimento da própria felicidade.
16 julho, 2007
Honestidade e privacidade
Ao aplicar o princípio da Honestidade à vida em sociedade, fica claro que o indivíduo que tenta falsear a realidade perante seus semelhantes se prejudica por criar uma teia de contradições potencialmente infinita com a qual ele terá de conviver, e precisará sustentar.
Se é preciso lidar com os outros através da verdade, é preciso contar a todos tudo sobre si? É preciso dar todos os detalhes sobre sua vida pessoal a seu chefe e seus colegas de trabalho? É preciso contar a todos seus amigos atuais os mínimos detalhes sobre seu passado?
Fica aparente que não é prático viver desta forma, pois seria necessário transmitir todos os fatos de uma vida cada vez que se conhecesse uma nova pessoa. Também se pode imaginar de imediato o constrangimento de envolver todos nos mínimos detalhes da vida pessoal. Felizmente esta interpretação da Honestidade é incorreta.
Para aplicar corretamente o princípio, é preciso olhar com cuidado o contexto em que ele se aplica. É preciso saber o que uma pessoa é para lidar com ela, mas a gama de informações e a profundidade do conhecimento sobre ela que são necessários dependem do contexto de interação.
O primeiro ponto relevante é que níveis de relacionamento diferentes requerem níveis de informação diferentes. Alguém de quem se compra um refrigerante não requer o mesmo nível de conhecimento que alguém com quem se vai abrir uma empresa. Não é preciso saber muito sobre o primeiro, é importante conhecer bem o segundo.
A distinção entre relacionamento “profissional” e “pessoal” é útil, pois os relacionamentos “profissionais” são mais delimitados – sabemos que as ações que tomamos e que nossos pares tomam estão limitadas à atuação profissional, sabemos o que precisamos saber sobre eles para tomar estas decisões e vice versa. Relacionamentos pessoais são diferentes, conforme estes evoluem há uma expectativa de maior conhecimento mútuo – e o escopo de “o que devem saber sobre mim” aumenta continuamente com a intimidade do relacionamento.
Outro ponto importante é o relevante é o que a pessoa é, não o que ela já foi um dia. Um criminoso verdadeiramente reformado, alguém que reconheceu seu erro e fez o possível para reparar o dano que causou, não precisa informar todos com quem se relaciona que foi criminoso no passado. Não é mais isso o que ele é, as pessoas precisam lidar com ele como é hoje.
A Honestidade, por outro lado, levaria nosso ex-presidiário a prontamente admitir seu passado, caso este fosse descoberto por alguém. “Sim, cometi crimes. Hoje sei que estava errado e fiz o que pude para reparar o que causei. Não falo sobre isto porque hoje sou diferente.” Negar seu passado cria uma contradição. Admiti-lo o liberta dele.
Não alardear um passado criminoso em um relacionamento não é imoral, porque este passado, se verdadeiramente superado, é irrelevante para as decisões das outras pessoas.
Isto leva à última observação, que é a equivalência entre a inverdade e a omissão proposital de informação relevante. Foi visto que omitir certas coisas sobre o passado não é moralmente condenável. É preciso salientar que isto se aplica apenas àquilo que não é relevante às decisões das pessoas com quem se relaciona.
Omitir uma informação relevante é, na prática, indistinguível de uma mentira. Ao conduzir um relacionamento romântico, omitindo o fato de que se tem um filho, o efeito é o mesmo de se dizer que não o tem. Quando o filho for descoberto, dizer “eu nunca disse que não tinha um filho” não satisfará a pessoa – por mais que seja verdade. Isto ocorre pois ter um filho é um fato extremamente relevante neste contexto, que afeta diretamente as escolhas da pessoa com quem se está relacionando.
É preciso julgar, em cada relacionamento, o que a pessoa precisa saber para tomar as decisões que guiarão sua ação – e fornecê-las. É preciso evitar que nossa omissão leve outros a assumir coisas incorretas sobre nós. É preciso admitir sempre a verdade, quando ela se tornar conhecida. Esta é a chave para relacionamentos pessoais e profissionais sólidos e duradouros, baseados na realidade.
Não é preciso ser um "livro aberto" para todos.
Se é preciso lidar com os outros através da verdade, é preciso contar a todos tudo sobre si? É preciso dar todos os detalhes sobre sua vida pessoal a seu chefe e seus colegas de trabalho? É preciso contar a todos seus amigos atuais os mínimos detalhes sobre seu passado?
Fica aparente que não é prático viver desta forma, pois seria necessário transmitir todos os fatos de uma vida cada vez que se conhecesse uma nova pessoa. Também se pode imaginar de imediato o constrangimento de envolver todos nos mínimos detalhes da vida pessoal. Felizmente esta interpretação da Honestidade é incorreta.
Para aplicar corretamente o princípio, é preciso olhar com cuidado o contexto em que ele se aplica. É preciso saber o que uma pessoa é para lidar com ela, mas a gama de informações e a profundidade do conhecimento sobre ela que são necessários dependem do contexto de interação.
O primeiro ponto relevante é que níveis de relacionamento diferentes requerem níveis de informação diferentes. Alguém de quem se compra um refrigerante não requer o mesmo nível de conhecimento que alguém com quem se vai abrir uma empresa. Não é preciso saber muito sobre o primeiro, é importante conhecer bem o segundo.
A distinção entre relacionamento “profissional” e “pessoal” é útil, pois os relacionamentos “profissionais” são mais delimitados – sabemos que as ações que tomamos e que nossos pares tomam estão limitadas à atuação profissional, sabemos o que precisamos saber sobre eles para tomar estas decisões e vice versa. Relacionamentos pessoais são diferentes, conforme estes evoluem há uma expectativa de maior conhecimento mútuo – e o escopo de “o que devem saber sobre mim” aumenta continuamente com a intimidade do relacionamento.
Outro ponto importante é o relevante é o que a pessoa é, não o que ela já foi um dia. Um criminoso verdadeiramente reformado, alguém que reconheceu seu erro e fez o possível para reparar o dano que causou, não precisa informar todos com quem se relaciona que foi criminoso no passado. Não é mais isso o que ele é, as pessoas precisam lidar com ele como é hoje.
A Honestidade, por outro lado, levaria nosso ex-presidiário a prontamente admitir seu passado, caso este fosse descoberto por alguém. “Sim, cometi crimes. Hoje sei que estava errado e fiz o que pude para reparar o que causei. Não falo sobre isto porque hoje sou diferente.” Negar seu passado cria uma contradição. Admiti-lo o liberta dele.
Não alardear um passado criminoso em um relacionamento não é imoral, porque este passado, se verdadeiramente superado, é irrelevante para as decisões das outras pessoas.
Isto leva à última observação, que é a equivalência entre a inverdade e a omissão proposital de informação relevante. Foi visto que omitir certas coisas sobre o passado não é moralmente condenável. É preciso salientar que isto se aplica apenas àquilo que não é relevante às decisões das pessoas com quem se relaciona.
Omitir uma informação relevante é, na prática, indistinguível de uma mentira. Ao conduzir um relacionamento romântico, omitindo o fato de que se tem um filho, o efeito é o mesmo de se dizer que não o tem. Quando o filho for descoberto, dizer “eu nunca disse que não tinha um filho” não satisfará a pessoa – por mais que seja verdade. Isto ocorre pois ter um filho é um fato extremamente relevante neste contexto, que afeta diretamente as escolhas da pessoa com quem se está relacionando.
É preciso julgar, em cada relacionamento, o que a pessoa precisa saber para tomar as decisões que guiarão sua ação – e fornecê-las. É preciso evitar que nossa omissão leve outros a assumir coisas incorretas sobre nós. É preciso admitir sempre a verdade, quando ela se tornar conhecida. Esta é a chave para relacionamentos pessoais e profissionais sólidos e duradouros, baseados na realidade.
Não é preciso ser um "livro aberto" para todos.
Honestidade em sociedade
Ao discutir o princípio ético da Honestidade, foi dada ênfase ao fato de que este princípio rege primariamente a relação do homem com a realidade. A aplicação deste princípio mais amplo à vida em sociedade guia o homem racional ao escolher como lidar com seus semelhantes.
O princípio da Honestidade estabelece que, para viver de acordo com sua natureza, o homem precisa lidar com a realidade como ela realmente é. Fantasias, desejos, intuição, esperança não são base para tomar decisões eficazes na realidade – decisões e ações eficazes são baseadas em fatos. O mesmo se aplica à vida em sociedade.
Há duas conseqüências principais deste princípio no convívio humano. A primeira são os princípios que devem guiar a ação do indivíduo para com os outros, a segunda são os princípios que devem guiar a reação do indivíduo às ações dos outros.
Em relação à ação do indivíduo, já foi exposto que Honestidade é lidar com a realidade como ela é. Aplicar este princípio à vida em sociedade é reconhecer que “o que é” é mais importante para sua vida que “o que os outros sabem” ou “o que os outros pensam”.
Ao se passar por aquilo que não é, omitir ou falsear fatos, o indivíduo cria uma contradição entre a realidade e aquilo que outras pessoas acham que é verdade. Mas os fatos reais têm conseqüências na realidade – a ficção não. Se alguém mente dizendo que é guitarrista para impressionar alguém, isto não o torna capaz de tocar violão – por mais que naquele momento acreditem nele.
Esta pequena contradição, o fato que o mentiroso não sabe tocar violão mas diz que sabe, é irreconciliável com a realidade. O motivo disto é a causalidade – a imaginação humana não é capaz de mudar os fatos passados e presentes, apenas instigar-nos a agir moldando os futuros.
Ao dizer que é guitarrista nosso mentiroso eventualmente será questionado sobre onde aprendeu a tocar, quais músicas toca, com quem já tocou. Para conciliar a primeira contradição com a realidade – uma realidade causal onde não existem guitarristas que nunca estudaram violão, não tocam nenhuma música e nunca tocaram com ninguém – ele terá de mentir mais, criando mais contradições.
Mas fatos passados não são o único inimigo de quem tenta substituir a realidade por ficção ao interagir com outros. As contradições têm conseqüências presentes. Nosso falso guitarrista, se conviver com as pessoas para quem mente, eventualmente se verá em situações em que elas esperam que ele seja capaz de tocar – seja uma rodinha de violão na praia ou uma festa com uma banda de amigos. Ele se verá obrigado a mentir mais para encobrir o fato de que não sabe tocar guitarra – criando novas contradições que o perseguirão.
Há dois pontos importantes a destacar. Primeiro, a medida em que a inverdade supostamente beneficia o mentiroso é a medida da contradição gerada, e da teia de incongruências que o mentiroso terá de “administrar”. Uma mentira irrelevante pode até passar desapercebida por todos, mas também não gera benefício algum. Uma mentira que significativamente afeta a maneira como as pessoas reagem é uma mentira que terá ramificações significativas e duradouras.
Segundo, a ameaça ao mentiroso são exatamente as pessoas racionais e inteligentes, aquelas que são capazes de perceber a realidade e entender causas e conseqüências. A pessoa que tenta manter uma imagem que difere da realidade torna se adversária da causalidade – da própria realidade – e das pessoas racionais.
No longo prazo a inconsistência entre imagem e fatos gera tantas ramificações que se torna impossível evitar que a mentira seja descoberta e, uma vez descoberta, que as pessoas passam a tratar tudo o que aquele indivíduo diz com ceticismo. Este fato é a realidade por trás do dito popular “mentira tem perna curta”.
O homem precisa lidar com os outros através da verdade – não por um mandamento inexplicável mas em benefício próprio. Aquele que não o faz passa a dedicar seu tempo a combater a realidade e as pessoas racionais, e não a viver sua vida
Ainda neste tópico, resta a questão do aparente conflito entre a Honestidade e a privacidade. Se é preciso ser honesto com os outros é preciso sempre contar tudo a todos? Esta é uma questão que merece atenção especial, e será abordada em um artigo dedicado (Honestidade e privacidade).
Em relação à reação do indivíduo às ações de outros, o princípio da Honestidade também traz conseqüências importantes. Para conviver com outras pessoas, é preciso saber o que elas são – e agir de acordo.
A conseqüência de ser Honesto ao lidar com as ações de outros é que é essencial julgar. O homem que trata igualmente um homem racional e um irracional, que trata igualmente um homem independente e um parasita, que trata igualmente um homem honesto e um desonesto está destruindo sua própria vida. Ou está maltratando pessoas boas, ou está permitindo que pessoas más o maltratem.
Esta aplicação contraria frontalmente a ética religiosa prevalente, a do “não julgue para não ser julgado”. Como disse Ayn Rand, a ética racional exige que o indivíduo “julgue, e esteja pronto para ser julgado” pelos outros. Mesmo os que pregam o não-julgamento sabem que é impossível viver desta forma – podem não criticar abertamente o que sabem ser errado, mas agem para com as pessoas de acordo com o julgamento que fazem delas.
A necessidade de julgar não exime o indivíduo de julgar racionalmente. O juízo que se faz das pessoas precisa ser com base em fatos. As ações das pessoas são a evidência mais clara para este julgamento, mas é preciso também conhecer seus motivos. Julgar as pessoas apenas por suas ações, ou julgá-las apenas por seus motivos leva a erros.
Se a Honestidade leva a julgar nossos próximos, leva também a agir de acordo com este julgamento. Tratar como honesto alguém que é sabidamente trapaceiro significa aceitar ser enganado, em prejuízo da própria vida e prosperidade. Tratar como desonesto alguém que é sabidamente honesto significa limitar ou até eliminar o benefício que se pode obter do relacionamento.
Agir para com os outros de forma consistente com o que eles são é Justiça, um conceito ético e não meramente legal. Justiça é tornar a forma como se trata as pessoas uma conseqüência das escolhas destas pessoas, de suas ações e motivações. Justiça é Honestidade ao reagir ao outro.
O princípio da Honestidade estabelece que, para viver de acordo com sua natureza, o homem precisa lidar com a realidade como ela realmente é. Fantasias, desejos, intuição, esperança não são base para tomar decisões eficazes na realidade – decisões e ações eficazes são baseadas em fatos. O mesmo se aplica à vida em sociedade.
Há duas conseqüências principais deste princípio no convívio humano. A primeira são os princípios que devem guiar a ação do indivíduo para com os outros, a segunda são os princípios que devem guiar a reação do indivíduo às ações dos outros.
Em relação à ação do indivíduo, já foi exposto que Honestidade é lidar com a realidade como ela é. Aplicar este princípio à vida em sociedade é reconhecer que “o que é” é mais importante para sua vida que “o que os outros sabem” ou “o que os outros pensam”.
Ao se passar por aquilo que não é, omitir ou falsear fatos, o indivíduo cria uma contradição entre a realidade e aquilo que outras pessoas acham que é verdade. Mas os fatos reais têm conseqüências na realidade – a ficção não. Se alguém mente dizendo que é guitarrista para impressionar alguém, isto não o torna capaz de tocar violão – por mais que naquele momento acreditem nele.
Esta pequena contradição, o fato que o mentiroso não sabe tocar violão mas diz que sabe, é irreconciliável com a realidade. O motivo disto é a causalidade – a imaginação humana não é capaz de mudar os fatos passados e presentes, apenas instigar-nos a agir moldando os futuros.
Ao dizer que é guitarrista nosso mentiroso eventualmente será questionado sobre onde aprendeu a tocar, quais músicas toca, com quem já tocou. Para conciliar a primeira contradição com a realidade – uma realidade causal onde não existem guitarristas que nunca estudaram violão, não tocam nenhuma música e nunca tocaram com ninguém – ele terá de mentir mais, criando mais contradições.
Mas fatos passados não são o único inimigo de quem tenta substituir a realidade por ficção ao interagir com outros. As contradições têm conseqüências presentes. Nosso falso guitarrista, se conviver com as pessoas para quem mente, eventualmente se verá em situações em que elas esperam que ele seja capaz de tocar – seja uma rodinha de violão na praia ou uma festa com uma banda de amigos. Ele se verá obrigado a mentir mais para encobrir o fato de que não sabe tocar guitarra – criando novas contradições que o perseguirão.
Há dois pontos importantes a destacar. Primeiro, a medida em que a inverdade supostamente beneficia o mentiroso é a medida da contradição gerada, e da teia de incongruências que o mentiroso terá de “administrar”. Uma mentira irrelevante pode até passar desapercebida por todos, mas também não gera benefício algum. Uma mentira que significativamente afeta a maneira como as pessoas reagem é uma mentira que terá ramificações significativas e duradouras.
Segundo, a ameaça ao mentiroso são exatamente as pessoas racionais e inteligentes, aquelas que são capazes de perceber a realidade e entender causas e conseqüências. A pessoa que tenta manter uma imagem que difere da realidade torna se adversária da causalidade – da própria realidade – e das pessoas racionais.
No longo prazo a inconsistência entre imagem e fatos gera tantas ramificações que se torna impossível evitar que a mentira seja descoberta e, uma vez descoberta, que as pessoas passam a tratar tudo o que aquele indivíduo diz com ceticismo. Este fato é a realidade por trás do dito popular “mentira tem perna curta”.
O homem precisa lidar com os outros através da verdade – não por um mandamento inexplicável mas em benefício próprio. Aquele que não o faz passa a dedicar seu tempo a combater a realidade e as pessoas racionais, e não a viver sua vida
Ainda neste tópico, resta a questão do aparente conflito entre a Honestidade e a privacidade. Se é preciso ser honesto com os outros é preciso sempre contar tudo a todos? Esta é uma questão que merece atenção especial, e será abordada em um artigo dedicado (Honestidade e privacidade).
Em relação à reação do indivíduo às ações de outros, o princípio da Honestidade também traz conseqüências importantes. Para conviver com outras pessoas, é preciso saber o que elas são – e agir de acordo.
A conseqüência de ser Honesto ao lidar com as ações de outros é que é essencial julgar. O homem que trata igualmente um homem racional e um irracional, que trata igualmente um homem independente e um parasita, que trata igualmente um homem honesto e um desonesto está destruindo sua própria vida. Ou está maltratando pessoas boas, ou está permitindo que pessoas más o maltratem.
Esta aplicação contraria frontalmente a ética religiosa prevalente, a do “não julgue para não ser julgado”. Como disse Ayn Rand, a ética racional exige que o indivíduo “julgue, e esteja pronto para ser julgado” pelos outros. Mesmo os que pregam o não-julgamento sabem que é impossível viver desta forma – podem não criticar abertamente o que sabem ser errado, mas agem para com as pessoas de acordo com o julgamento que fazem delas.
A necessidade de julgar não exime o indivíduo de julgar racionalmente. O juízo que se faz das pessoas precisa ser com base em fatos. As ações das pessoas são a evidência mais clara para este julgamento, mas é preciso também conhecer seus motivos. Julgar as pessoas apenas por suas ações, ou julgá-las apenas por seus motivos leva a erros.
Se a Honestidade leva a julgar nossos próximos, leva também a agir de acordo com este julgamento. Tratar como honesto alguém que é sabidamente trapaceiro significa aceitar ser enganado, em prejuízo da própria vida e prosperidade. Tratar como desonesto alguém que é sabidamente honesto significa limitar ou até eliminar o benefício que se pode obter do relacionamento.
Agir para com os outros de forma consistente com o que eles são é Justiça, um conceito ético e não meramente legal. Justiça é tornar a forma como se trata as pessoas uma conseqüência das escolhas destas pessoas, de suas ações e motivações. Justiça é Honestidade ao reagir ao outro.
04 junho, 2007
Independência em sociedade
O princípio da Racionalidade aplicado à sociedade estabelece que, para viver de acordo com sua natureza, o homem deve interagir através da persuasão. Em sociedade cada indivíduo é constantemente exposto a argumentos de diversos outros – que buscam influenciar suas decisões. Aplicar o princípio da independência identifica como agir nesta situação.
A primeira identificação essencial é que viver em sociedade não altera o fato de que cada pessoa é completamente livre – e portanto completamente responsável – por suas escolhas. Na ausência de compulsão física, ou ameaça dela, as ações do indivíduo não são determinadas por outros, por mais estímulos que ele receba destes. A natureza individual da decisão não se altera em sociedade.
Se cada escolha é necessariamente individual, é preciso que se reconheça este fato e que se aja de acordo. Reconhecer a individualidade das decisões, mesmo vivendo em sociedade, significa assumir a responsabilidade por seus atos baseando todas as decisões no próprio entendimento.
Independência significa reconhecer que, não existindo coação ou fraude, se é inteiramente responsável por suas ações e decisões, quaisquer que sejam. Significa não culpar a propaganda por suas ações. Significa não considerar que “todo mundo faz” é justificativa para uma ação.
Em sociedade se está sempre exposto ao comportamento de outros. É possível emulá-los, seguir a corrente, abrindo mão de pensar sobre as próprias escolhas. O indivíduo estará constantemente sujeito a agir em maneiras que prejudicam sua vida e a de outros, embora possa haver aceitação e tolerância por parte do grupo das conseqüências negativas de seguir seus costumes.
Alguém que quer a melhor vida para si não coloca aceitação como objetivo máximo de sua vida. Conhecer a natureza racional do ser humano significa reconhecer que para decidir bem, é preciso saber.
Independência aplicada à vida em sociedade significa entender todas as escolhas que precisam ser feitas, as conseqüências de cada alternativa e tomar decisões com base neste conhecimento. Não significa ignorar opiniões nem argumentos de outros, mas significa só segui-los quando concordar com eles. Concordar significa que seu julgamento racional, independente, individual, chega à mesma conclusão.
A sociedade em que seguir o comportamento socialmente aceitável é mais importante para as pessoas que fazer e seguir seu próprio julgamento, é uma sociedade que está à mercê de qualquer demagogo ou populista. As recentes trajetória do “politicamente correto”, do multiculturalismo e do ambientalismo são exemplos deste fato. Se a mecânica da obediência já existe, é muito mais fácil instalar a tirania.
A sociedade em que o julgamento individual predomina é uma sociedade em que dogma, alarmismo, demagogia e populismo têm pouco efeito. Para racionalmente convencer milhões de indivíduos independentes, é preciso efetivamente ter Razão. Ao ser independente, o indivíduo faz bem para si e para os outros.
A primeira identificação essencial é que viver em sociedade não altera o fato de que cada pessoa é completamente livre – e portanto completamente responsável – por suas escolhas. Na ausência de compulsão física, ou ameaça dela, as ações do indivíduo não são determinadas por outros, por mais estímulos que ele receba destes. A natureza individual da decisão não se altera em sociedade.
Se cada escolha é necessariamente individual, é preciso que se reconheça este fato e que se aja de acordo. Reconhecer a individualidade das decisões, mesmo vivendo em sociedade, significa assumir a responsabilidade por seus atos baseando todas as decisões no próprio entendimento.
Independência significa reconhecer que, não existindo coação ou fraude, se é inteiramente responsável por suas ações e decisões, quaisquer que sejam. Significa não culpar a propaganda por suas ações. Significa não considerar que “todo mundo faz” é justificativa para uma ação.
Em sociedade se está sempre exposto ao comportamento de outros. É possível emulá-los, seguir a corrente, abrindo mão de pensar sobre as próprias escolhas. O indivíduo estará constantemente sujeito a agir em maneiras que prejudicam sua vida e a de outros, embora possa haver aceitação e tolerância por parte do grupo das conseqüências negativas de seguir seus costumes.
Alguém que quer a melhor vida para si não coloca aceitação como objetivo máximo de sua vida. Conhecer a natureza racional do ser humano significa reconhecer que para decidir bem, é preciso saber.
Independência aplicada à vida em sociedade significa entender todas as escolhas que precisam ser feitas, as conseqüências de cada alternativa e tomar decisões com base neste conhecimento. Não significa ignorar opiniões nem argumentos de outros, mas significa só segui-los quando concordar com eles. Concordar significa que seu julgamento racional, independente, individual, chega à mesma conclusão.
A sociedade em que seguir o comportamento socialmente aceitável é mais importante para as pessoas que fazer e seguir seu próprio julgamento, é uma sociedade que está à mercê de qualquer demagogo ou populista. As recentes trajetória do “politicamente correto”, do multiculturalismo e do ambientalismo são exemplos deste fato. Se a mecânica da obediência já existe, é muito mais fácil instalar a tirania.
A sociedade em que o julgamento individual predomina é uma sociedade em que dogma, alarmismo, demagogia e populismo têm pouco efeito. Para racionalmente convencer milhões de indivíduos independentes, é preciso efetivamente ter Razão. Ao ser independente, o indivíduo faz bem para si e para os outros.
01 junho, 2007
Racionalidade em sociedade
Os princípios éticos, derivados da natureza do homem, são um guia para suas escolhas individuais em qualquer circunstância. Seguir os princípios corretos é tão essencial para a vida de um homem isolado quanto em sociedade. A Ética não é derivada da vida em sociedade, mas certamente é aplicável a ela.
O princípio da Racionalidade estabelece que, para viver, o homem precisa agir seguindo a Razão. Emoções, misticismo e intuição não são ferramentas para se fazer escolhas. O mesmo princípio se aplica à vida em sociedade.
O que diferencia a vida em sociedade da vida isolada é a interação entre indivíduos. O princípio da Racionalidade estipula que se deve interagir com os outros através da Razão. Mas o que isto significa, na prática? A interação humana ocorre porque as pessoas vêem nas outras a possibilidade de gerar valor, material ou não, para si. Ao interagir com outros visamos, no fundo, que eles ajam de uma certa forma.
Um religioso fazendo uma pregação, um vendedor atendendo a um cliente, um assaltante apontando a arma a sua vítima - cada um visa, ao interagir com outros, que estes ajam da forma como eles desejam. Que sigam os preceitos de sua religião, que comprem produtos em sua loja, que lhe dêem seus bens de valor. Só existem duas maneiras possíveis de interagir com outra pessoa visando uma ação desejada de sua parte: a persuasão e a força.
Interagir pela persuasão significa conseguir que o outro veja a ação que se deseja que ele tome como benéfica para si próprio. Significa interagir pela troca de valores, onde as partes envolvidas agem sempre em benefício, material ou não, de sua própria vida.
Interagir pela força significa impedir fisicamente que o outro aja da forma como gostaria, ou ainda ameaçar fisicamente um dos valores que ele já possuía, de modo que não realizar a ação que se deseja dele se torna para ele uma perda. Isto significa interagir pela força física ou ameaça dela, onde uma das partes envolvidas adquire algo às custas de outra, que perde.
Se o princípio ético da Racionalidade coloca a Razão, e não a força física, como ferramenta para guiar as escolhas do homem, é evidente que este princípio aplicado à vida em sociedade significa interagir pela persuasão.
A Racionalidade aplicada à vida em sociedade, portanto, significa obter os valores que se deseja de outros – sejam bens materiais, amizade ou o que quer que seja – fazendo que esta ação também os beneficie. A Racionalidade significa viver através da troca em benefício mútuo, em que ambas as partes saem com mais do que começaram.
O princípio contrário é o do predador, ou do parasita. Os animais, desprovidos que são da faculdade da Razão, interagem através da força. O lobo mais forte comanda a matilha, não há negociação entre leões e gazelas. Nestas condições, para um indivíduo ganhar outro tem de perder. Quando homens tentam viver através da força, obtendo o que querem dos outros pela ameaça e violência, tudo o que conseguem é viver como animais.
Uma sociedade em que se interage pela persuasão é uma sociedade em que todas as interações são em benefício mútuo e onde todas as pessoas são potencias fontes de valor para o indivíduo. A sociedade baseada no principio da força é o contrário, onde para um ganhar outro tem de perder e onde todas as pessoas são potenciais ameaças à sua vida. O indivíduo que escolhe a Racionalidade não precisa fazê-lo pelos outros. Faz em benefício próprio.
O princípio da Racionalidade estabelece que, para viver, o homem precisa agir seguindo a Razão. Emoções, misticismo e intuição não são ferramentas para se fazer escolhas. O mesmo princípio se aplica à vida em sociedade.
O que diferencia a vida em sociedade da vida isolada é a interação entre indivíduos. O princípio da Racionalidade estipula que se deve interagir com os outros através da Razão. Mas o que isto significa, na prática? A interação humana ocorre porque as pessoas vêem nas outras a possibilidade de gerar valor, material ou não, para si. Ao interagir com outros visamos, no fundo, que eles ajam de uma certa forma.
Um religioso fazendo uma pregação, um vendedor atendendo a um cliente, um assaltante apontando a arma a sua vítima - cada um visa, ao interagir com outros, que estes ajam da forma como eles desejam. Que sigam os preceitos de sua religião, que comprem produtos em sua loja, que lhe dêem seus bens de valor. Só existem duas maneiras possíveis de interagir com outra pessoa visando uma ação desejada de sua parte: a persuasão e a força.
Interagir pela persuasão significa conseguir que o outro veja a ação que se deseja que ele tome como benéfica para si próprio. Significa interagir pela troca de valores, onde as partes envolvidas agem sempre em benefício, material ou não, de sua própria vida.
Interagir pela força significa impedir fisicamente que o outro aja da forma como gostaria, ou ainda ameaçar fisicamente um dos valores que ele já possuía, de modo que não realizar a ação que se deseja dele se torna para ele uma perda. Isto significa interagir pela força física ou ameaça dela, onde uma das partes envolvidas adquire algo às custas de outra, que perde.
Se o princípio ético da Racionalidade coloca a Razão, e não a força física, como ferramenta para guiar as escolhas do homem, é evidente que este princípio aplicado à vida em sociedade significa interagir pela persuasão.
A Racionalidade aplicada à vida em sociedade, portanto, significa obter os valores que se deseja de outros – sejam bens materiais, amizade ou o que quer que seja – fazendo que esta ação também os beneficie. A Racionalidade significa viver através da troca em benefício mútuo, em que ambas as partes saem com mais do que começaram.
O princípio contrário é o do predador, ou do parasita. Os animais, desprovidos que são da faculdade da Razão, interagem através da força. O lobo mais forte comanda a matilha, não há negociação entre leões e gazelas. Nestas condições, para um indivíduo ganhar outro tem de perder. Quando homens tentam viver através da força, obtendo o que querem dos outros pela ameaça e violência, tudo o que conseguem é viver como animais.
Uma sociedade em que se interage pela persuasão é uma sociedade em que todas as interações são em benefício mútuo e onde todas as pessoas são potencias fontes de valor para o indivíduo. A sociedade baseada no principio da força é o contrário, onde para um ganhar outro tem de perder e onde todas as pessoas são potenciais ameaças à sua vida. O indivíduo que escolhe a Racionalidade não precisa fazê-lo pelos outros. Faz em benefício próprio.
17 maio, 2007
A Ética individual e a sociedade
Os princípios éticos são derivados pela razão, a partir da natureza do homem, da natureza de sua consciência e de seus meios de sobrevivência. Os princípios éticos da Racionalidade, Independência, Honestidade e Produtividade não são mandamentos, são conceitos básicos que cada indivíduo pode aplicar a cada situação que vive, indicando qual a opção mais vantajosa para sua vida.
Como já foi dito, os princípios éticos não são um manual para a conduta em sociedade, são mais abrangentes e mais fundamentais que isso. Estes princípios são o reconhecimento de que o homem existe, que sua existência implica identidade, que por ter uma natureza específica há coisas que favorecem e outras que desfavorecem a vida humana e que podem ser identificas como tal. Sendo derivados da condição humana, estes princípios se aplicam a qualquer pessoa.
Embora não sejam derivados da vida em sociedade nem tenham como objetivo primário reger as relações entre pessoas, os princípios éticos – por serem guias gerais para qualquer decisão que se tenha de tomar – se aplicam à vida entre outros tão bem quanto se aplicam à vida isolada.
Em geral ao discutir sobre Ética, o polemista oferece cenários ao interlocutor e pede que este escolha o caminho ético. Em geral, estes cenários são situações perde-perde, em que é impossível evitar que ao menos uma das partes saia prejudicada. Ayn Rand chama estes falsos dilemas éticos de “cenários de bote salva-vidas”, pois um dos exemplos típicos é o de dois sobreviventes em um bote que só possui suprimentos suficientes para que um sobreviva até o resgate.
A Ética não é determinada através de situações imaginárias onde o pior já aconteceu. Saber o que se faria em um bote salva-vidas ou outro desastre qualquer não é nenhum guia para como se deve proceder na vida normal. A Ética racional, derivada da natureza do homem, oferece respostas para as situações da vida normal, e indica o que é importante considerar em situações de emergência.
Os artigos seguintes explorarão a aplicação de cada um dos princípios éticos fundamentais à vida do indivíduo em sociedade.
Como já foi dito, os princípios éticos não são um manual para a conduta em sociedade, são mais abrangentes e mais fundamentais que isso. Estes princípios são o reconhecimento de que o homem existe, que sua existência implica identidade, que por ter uma natureza específica há coisas que favorecem e outras que desfavorecem a vida humana e que podem ser identificas como tal. Sendo derivados da condição humana, estes princípios se aplicam a qualquer pessoa.
Embora não sejam derivados da vida em sociedade nem tenham como objetivo primário reger as relações entre pessoas, os princípios éticos – por serem guias gerais para qualquer decisão que se tenha de tomar – se aplicam à vida entre outros tão bem quanto se aplicam à vida isolada.
Em geral ao discutir sobre Ética, o polemista oferece cenários ao interlocutor e pede que este escolha o caminho ético. Em geral, estes cenários são situações perde-perde, em que é impossível evitar que ao menos uma das partes saia prejudicada. Ayn Rand chama estes falsos dilemas éticos de “cenários de bote salva-vidas”, pois um dos exemplos típicos é o de dois sobreviventes em um bote que só possui suprimentos suficientes para que um sobreviva até o resgate.
A Ética não é determinada através de situações imaginárias onde o pior já aconteceu. Saber o que se faria em um bote salva-vidas ou outro desastre qualquer não é nenhum guia para como se deve proceder na vida normal. A Ética racional, derivada da natureza do homem, oferece respostas para as situações da vida normal, e indica o que é importante considerar em situações de emergência.
Os artigos seguintes explorarão a aplicação de cada um dos princípios éticos fundamentais à vida do indivíduo em sociedade.
30 março, 2007
O princípio da Produtividade
Os princípios éticos guiam o ser racional nas decisões necessárias para sua vida. Como não possui outros meios de sobrevivência, a razão é sua única ferramenta de sobrevivência.
Usar a razão continuamente é o princípio ético fundamental. O uso da razão requer Independência, pois a percepção, entendimento e decisão são fenômenos imutavelmente individuais. É também essencial que o pensamento e as decisões tomadas sejam honestas, baseadas na realidade, pois o indivíduo vive em um mundo dotado de identidade, que não se acomoda a fantasias.
Os princípios da Racionalidade, Independência e Honestidade identificam qual o meio de tomar decisões, quem deve fazê-lo e qual a base sobre a qual elas devem ser construídas. A vida, no entanto, não requer apenas pensamento, mas também ação. Ação, por sua vez, requer propósito.
A referência de valor de cada indivíduo é sua própria vida pois qualquer julgamento de valor pode ser reduzido à questão: “Isto contribui para minha vida ou a prejudica?”. O propósito da ação do indivíduo é, portanto, transformar a realidade em maneiras que beneficiam sua vida.
A virtude de agir para transformar a realidade em benefício da vida é a Produtividade. Ao transformar o que existe naturalmente, o homem produz materiais que beneficiam sua vida – valores materiais.
A Produtividade é o princípio de reconhecer que a existência humana é material, e que a vida humana requer valores materiais. É reconhecer que valores materiais não existem na natureza, são criados pela ação humana. É, portanto, reconhecer que cada indivíduo é responsável por produzir os valores materiais que necessita e deseja.
O indivíduo produtivo não espera que os valores materiais para que sobreviva e seja feliz lhe sejam dados e sabe que não tem obrigação de produzir valores materiais para o proveito de outros. Não sente culpa por existirem outros incapazes de produzir como ele, nem vê injustiça na existência de outros com maior capacidade produtiva que a sua.
Produtividade é a independência no âmbito da ação.
Usar a razão continuamente é o princípio ético fundamental. O uso da razão requer Independência, pois a percepção, entendimento e decisão são fenômenos imutavelmente individuais. É também essencial que o pensamento e as decisões tomadas sejam honestas, baseadas na realidade, pois o indivíduo vive em um mundo dotado de identidade, que não se acomoda a fantasias.
Os princípios da Racionalidade, Independência e Honestidade identificam qual o meio de tomar decisões, quem deve fazê-lo e qual a base sobre a qual elas devem ser construídas. A vida, no entanto, não requer apenas pensamento, mas também ação. Ação, por sua vez, requer propósito.
A referência de valor de cada indivíduo é sua própria vida pois qualquer julgamento de valor pode ser reduzido à questão: “Isto contribui para minha vida ou a prejudica?”. O propósito da ação do indivíduo é, portanto, transformar a realidade em maneiras que beneficiam sua vida.
A virtude de agir para transformar a realidade em benefício da vida é a Produtividade. Ao transformar o que existe naturalmente, o homem produz materiais que beneficiam sua vida – valores materiais.
A Produtividade é o princípio de reconhecer que a existência humana é material, e que a vida humana requer valores materiais. É reconhecer que valores materiais não existem na natureza, são criados pela ação humana. É, portanto, reconhecer que cada indivíduo é responsável por produzir os valores materiais que necessita e deseja.
O indivíduo produtivo não espera que os valores materiais para que sobreviva e seja feliz lhe sejam dados e sabe que não tem obrigação de produzir valores materiais para o proveito de outros. Não sente culpa por existirem outros incapazes de produzir como ele, nem vê injustiça na existência de outros com maior capacidade produtiva que a sua.
Produtividade é a independência no âmbito da ação.
21 março, 2007
O princípio da Honestidade
Nos artigos anteriores foram abordados os princípios éticos da Racionalidade e Independência. Já foi estabelecido que a natureza do homem exige o uso contínuo da razão para determinar como se deve agir, e que este julgamento é inescapavelmente individual.
O ser humano existe imerso na realidade e o mundo físico é o contexto em que ele atua. Se o pensamento é sua ferramenta de sobrevivência, é essencial que se esteja pensando e decidindo com base no que é real. A construção de argumentos lógicos e o raciocínio analítico só contribuem à vida quando são aplicados a fatos reais. A Razão é a faculdade de identificar os fatos da realidade.
O exercício da razão engloba desde identificações simples do que é perceptível e evidente, tal como o fato de que o céu é azul, até identificações envolvendo abstrações de altíssima ordem, que por sua vez dependem de inúmeras abstrações e identificações precedentes e do exercício rigoroso da não-contradição.
Um exemplo de identificação não evidente é o fato de que o salário mínimo causa desemprego, uma identificação que depende de tantos outros conceitos e identificações que requer um artigo dedicado para apresentá-la (prometo abordar o assunto futuramente, ao tratar de Política e Economia).
O ser humano tem a capacidade de imaginar, de formar em sua mente uma imagem da realidade diferente de como ela é. Esta capacidade é de valor inestimável pois é ela que possibilita nosso contínuo desenvolvimento. A imaginação permite ao ser racional visualizar a realidade como ela poderia ser. Para que o pensamento humano lhe seja útil é essencial, no entanto, lidar com a realidade como ela é. A imaginação só permite identificar o que se deseja alcançar.
A Honestidade é o princípio de sempre lidar com a realidade como ela é, o que é essencial ao tentar mudá-la. Em sua raiz está o fato de que não pensar sobre alguma coisa ou fingir que ela não existe não muda os fatos. Violar o princípio da honestidade significa tentar mudar a realidade pela simples vontade.
Embora a Honestidade seja sempre tratada apenas como algo relevante no relacionamento entre pessoas, ela é essencial para a própria ação do indivíduo. Um náufrago em uma ilha deserta, se for honesto, reconhece que sua situação é perigosa e que sua sobrevivência dependerá diretamente de suas próprias ações. Ele procurará prover abrigo e sustento para si de imediato e procurará também deixar preparados meios de chamar a atenção de qualquer embarcação ou avião que venha a passar por lá.
Outro náufrago pode se convencer que com certeza o acidente que o jogou nesta situação não passou desapercebido. Pode se convencer que certamente o resgate está a caminho. Pode se convencer que tudo vai se resolver logo, que no fim tudo dá certo. Se estas idéias não são fundamentadas na realidade, se não há evidência alguma de resgate fora de sua imaginação, este náufrago está violando o princípio da Honestidade.
O primeiro náufrago agirá com toda a energia para se preparar para a vida naquelas condições. Não poupará esforço em prover suas necessidades, pensando no longo prazo. O segundo está esperando ser salvo a qualquer instante. Este se dedicará a resolver problemas imediatos, mas não está aplicando sua mente na solução do problema real: como sobreviver naquela ilha por um longo tempo.
Para o primeiro náufrago, cada dia que passa é um dia de conquista, um dia em que ele venceu suas dificuldades, atingiu seus objetivos. Para o segundo, cada dia é uma frustração, mais um dia em que o universo se mostrou injusto para com ele. Não é difícil ver como a Honestidade ajuda o primeiro a viver, e como sua falta prejudica o segundo.
Na vida normal, longe de acidentes náuticos, a Honestidade é sim algo essencial no relacionamento com outras pessoas, no entanto ela é primariamente uma virtude ligada a como se lida com o mundo. A Honestidade na interação com outras pessoas é conseqüência do princípio geral e mais amplo.
O ser humano existe imerso na realidade e o mundo físico é o contexto em que ele atua. Se o pensamento é sua ferramenta de sobrevivência, é essencial que se esteja pensando e decidindo com base no que é real. A construção de argumentos lógicos e o raciocínio analítico só contribuem à vida quando são aplicados a fatos reais. A Razão é a faculdade de identificar os fatos da realidade.
O exercício da razão engloba desde identificações simples do que é perceptível e evidente, tal como o fato de que o céu é azul, até identificações envolvendo abstrações de altíssima ordem, que por sua vez dependem de inúmeras abstrações e identificações precedentes e do exercício rigoroso da não-contradição.
Um exemplo de identificação não evidente é o fato de que o salário mínimo causa desemprego, uma identificação que depende de tantos outros conceitos e identificações que requer um artigo dedicado para apresentá-la (prometo abordar o assunto futuramente, ao tratar de Política e Economia).
O ser humano tem a capacidade de imaginar, de formar em sua mente uma imagem da realidade diferente de como ela é. Esta capacidade é de valor inestimável pois é ela que possibilita nosso contínuo desenvolvimento. A imaginação permite ao ser racional visualizar a realidade como ela poderia ser. Para que o pensamento humano lhe seja útil é essencial, no entanto, lidar com a realidade como ela é. A imaginação só permite identificar o que se deseja alcançar.
A Honestidade é o princípio de sempre lidar com a realidade como ela é, o que é essencial ao tentar mudá-la. Em sua raiz está o fato de que não pensar sobre alguma coisa ou fingir que ela não existe não muda os fatos. Violar o princípio da honestidade significa tentar mudar a realidade pela simples vontade.
Embora a Honestidade seja sempre tratada apenas como algo relevante no relacionamento entre pessoas, ela é essencial para a própria ação do indivíduo. Um náufrago em uma ilha deserta, se for honesto, reconhece que sua situação é perigosa e que sua sobrevivência dependerá diretamente de suas próprias ações. Ele procurará prover abrigo e sustento para si de imediato e procurará também deixar preparados meios de chamar a atenção de qualquer embarcação ou avião que venha a passar por lá.
Outro náufrago pode se convencer que com certeza o acidente que o jogou nesta situação não passou desapercebido. Pode se convencer que certamente o resgate está a caminho. Pode se convencer que tudo vai se resolver logo, que no fim tudo dá certo. Se estas idéias não são fundamentadas na realidade, se não há evidência alguma de resgate fora de sua imaginação, este náufrago está violando o princípio da Honestidade.
O primeiro náufrago agirá com toda a energia para se preparar para a vida naquelas condições. Não poupará esforço em prover suas necessidades, pensando no longo prazo. O segundo está esperando ser salvo a qualquer instante. Este se dedicará a resolver problemas imediatos, mas não está aplicando sua mente na solução do problema real: como sobreviver naquela ilha por um longo tempo.
Para o primeiro náufrago, cada dia que passa é um dia de conquista, um dia em que ele venceu suas dificuldades, atingiu seus objetivos. Para o segundo, cada dia é uma frustração, mais um dia em que o universo se mostrou injusto para com ele. Não é difícil ver como a Honestidade ajuda o primeiro a viver, e como sua falta prejudica o segundo.
Na vida normal, longe de acidentes náuticos, a Honestidade é sim algo essencial no relacionamento com outras pessoas, no entanto ela é primariamente uma virtude ligada a como se lida com o mundo. A Honestidade na interação com outras pessoas é conseqüência do princípio geral e mais amplo.
08 março, 2007
O princípio da Independência
If you choose not to decide, you still have made a choice! - Neil Peart
A Ética é o conjunto de princípios que guia o homem ao tomar suas decisões. Já foi visto que o objetivo da Ética racional é permitir ao homem decidir de modo a beneficiar sua própria vida. Também já foi mostrado que a natureza do homem demanda como primeiro princípio ético a Racionalidade.
Dado que a Razão é a única fonte de conhecimento sobre a realidade e que é única ferramenta de sobrevivência do homem, identificar sua natureza e como ela opera permite derivar princípios adicionais. O princípio da Racionalidade e a natureza do homem são a base para derivar o próximo princípio.
O pensamento é individual. Não existe decisão coletiva, não existe pensamento coletivo, não existe transmissão de pensamento, nem de conhecimento.
Quando um professor dá uma aula, não está transmitindo conhecimento – está transmitindo informação. Como se vê nos artigos sobre Epistemologia, obter conhecimento não é apenas receber informação – é receber evidência de que a informação é verdadeira e integrá-la ao restante do conhecimento que já se tem. Esta última parte é essencial – e só pode ser realizada pelo aluno.
Se o fato de que não se pode transmitir conhecimento é pouco intuitivo e requer algum domínio epistemológico, o mesmo não se pode dizer dos demais casos citados. É evidente que não há transmissão de pensamento e, portanto, que é impossível “pensar junto”. Duas pessoas podem simultaneamente ter o mesmo pensamento, mas são duas ações individuais – e esta individualidade é absoluta.
Da mesma forma, muitas pessoas podem tomar decisões iguais. No entanto, mesmo uma votação em que há unanimidade não é uma decisão coletiva, é um conjunto de decisões individuais. Cada indivíduo tem que tomar sua decisão, tem de fazê-lo sozinho e o faz – mesmo que escolha não fazer nada, jogar uma moeda ou imitar outro.
O pensamento e a decisão são incontestavelmente individuais. Se a Racionalidade é a virtude primária, o primeiro princípio que precisa ser seguido por uma pessoa que quer promover sua própria vida, o reconhecimento da individualidade do pensamento e da decisão leva a uma conseqüência imediata. Quem deseja promover sua própria vida precisa pensar por si mesmo. Este é o princípio da Independência.
A Independência não significa ignorar a experiência alheia nem toda a informação que se pode obter de outras pessoas. Independência é ter a consciência de que se é o único responsável pelas próprias decisões e assumir esta responsabilidade.
Uma pessoa independente não aceita que outros decidam por ela, mas pode decidir seguir os conselhos de outros. Uma pessoa independente não aceita algo como verdade por ter sido dito por alguém importante, mas pode confiar na palavra de um especialista caso tenha evidência de sua honestidade e não haja contradição entre o que ele disse e o que ela sabe. Uma pessoa independente não absorve opiniões populares só porque muita gente as advoga, mas pode concordar com elas com base em seu próprio julgamento dos fatos.
Uma pessoa independente pode não ter opinião formada sobre tudo, mas quando encontra algo importante sobre o qual não tem, trata logo de formar uma.
26 fevereiro, 2007
O princípio da Racionalidade
Racionalidade é ter na razão a única fonte de conhecimento e agir de acordo com o que se sabe através dela. A razão não se trata apenas de usar a lógica, mas sim usá-la com o material correto: conhecimento conceitual construído através da Epistemologia correta.
A racionalidade não é apenas pensar corretamente, mas principalmente ter na razão o único guia para a ação. O exímio pensador que age com base em surtos de emoção não possui a virtude da Racionalidade. Isto não significa que as pessoas devem ser frias e sem emoção, significa que devem reconhecer as emoções que têm, entender suas causas e agir com base no entendimento. Um próximo artigo explorará em mais detalhe as emoções, sua natureza e seu papel na vida de um ser racional.
Exercer a razão não é automático, requer vontade e esforço. Ao se deparar com uma decisão a tomar, a pessoa racional busca conhecer o problema, entender as conseqüências de cada uma de suas alternativas e agir de forma a gerar as conseqüências que lhe são mais favoráveis.
As emoções são automáticas, estão sempre disponíveis. Ao se deparar com uma decisão a tomar, a pessoa emotiva reage imediatamente tomando a ação que sente ser correta.
As reações emotivas, por não serem baseadas na avaliação completa dos efeitos de uma decisão, em geral produzem efeitos gratificantes no curtíssimo prazo – em geral uma gratificação também emocional – enquanto ocultam outras conseqüências que a pessoa provavelmente preferiria evitar, e evitaria se tivesse pensado a respeito. Para alguns pode ser emocionalmente satisfatório quebrar o nariz do desgraçado que xingou sua mãe no estádio, mas a decisão não parece tão boa quando debaixo do cassetete dos policiais – conseqüência previsível por quem parou para pensar.
A característica principal, portanto, de quem vive com Racionalidade é agir sempre com base no conhecimento e em busca dos melhores resultados no longo prazo. Isto não significa que nunca será escolhido um caminho que represente um benefício imediato com um custo prolongado – como fazer um financiamento. Significa que quando uma decisão como esta for tomada será porque, consideradas todas as conseqüências, decidiu-se que o benefício imediato vale o custo no longo prazo. Isto também é buscar o melhor resultado no longo prazo.
Ao mesmo tempo em que rejeita a ação baseada na emoção, a Racionalidade rejeita a ação baseada na fé. Quem é racional não faz algo tendo fé que dará certo, faz algo sabendo que dará certo – ou sabendo que dentre as alternativas, esta é a que tem a melhor chance de lhe trazer benefício. Quem é racional não faz “pensamento positivo”, toma todas as ações ao seu alcance para que seus objetivos sejam alcançados e não se engana em relação aos riscos que corre.
A Racionalidade, portanto, é agir com base no conhecimento – em todas as coisas. Ela demanda o esforço constante de pensar e entender. Demanda a virtude da Independência, pois só através do próprio entendimento é possível saber que uma decisão é correta. Demanda a virtude da Honestidade, pois só lidando com a verdade em sua totalidade é possível conhecer as reais conseqüências de uma ação.
A recompensa da Racionalidade é ser uma pessoa eficaz, que alcança seus objetivos por agir como a realidade demanda para tal. A conseqüência da Racionalidade é viver a melhor vida possível, no longo prazo. Na Ética a racionalidade é a virtude primária, pois é essencial para a vida do ser humano.
A racionalidade não é apenas pensar corretamente, mas principalmente ter na razão o único guia para a ação. O exímio pensador que age com base em surtos de emoção não possui a virtude da Racionalidade. Isto não significa que as pessoas devem ser frias e sem emoção, significa que devem reconhecer as emoções que têm, entender suas causas e agir com base no entendimento. Um próximo artigo explorará em mais detalhe as emoções, sua natureza e seu papel na vida de um ser racional.
Exercer a razão não é automático, requer vontade e esforço. Ao se deparar com uma decisão a tomar, a pessoa racional busca conhecer o problema, entender as conseqüências de cada uma de suas alternativas e agir de forma a gerar as conseqüências que lhe são mais favoráveis.
As emoções são automáticas, estão sempre disponíveis. Ao se deparar com uma decisão a tomar, a pessoa emotiva reage imediatamente tomando a ação que sente ser correta.
As reações emotivas, por não serem baseadas na avaliação completa dos efeitos de uma decisão, em geral produzem efeitos gratificantes no curtíssimo prazo – em geral uma gratificação também emocional – enquanto ocultam outras conseqüências que a pessoa provavelmente preferiria evitar, e evitaria se tivesse pensado a respeito. Para alguns pode ser emocionalmente satisfatório quebrar o nariz do desgraçado que xingou sua mãe no estádio, mas a decisão não parece tão boa quando debaixo do cassetete dos policiais – conseqüência previsível por quem parou para pensar.
A característica principal, portanto, de quem vive com Racionalidade é agir sempre com base no conhecimento e em busca dos melhores resultados no longo prazo. Isto não significa que nunca será escolhido um caminho que represente um benefício imediato com um custo prolongado – como fazer um financiamento. Significa que quando uma decisão como esta for tomada será porque, consideradas todas as conseqüências, decidiu-se que o benefício imediato vale o custo no longo prazo. Isto também é buscar o melhor resultado no longo prazo.
Ao mesmo tempo em que rejeita a ação baseada na emoção, a Racionalidade rejeita a ação baseada na fé. Quem é racional não faz algo tendo fé que dará certo, faz algo sabendo que dará certo – ou sabendo que dentre as alternativas, esta é a que tem a melhor chance de lhe trazer benefício. Quem é racional não faz “pensamento positivo”, toma todas as ações ao seu alcance para que seus objetivos sejam alcançados e não se engana em relação aos riscos que corre.
A Racionalidade, portanto, é agir com base no conhecimento – em todas as coisas. Ela demanda o esforço constante de pensar e entender. Demanda a virtude da Independência, pois só através do próprio entendimento é possível saber que uma decisão é correta. Demanda a virtude da Honestidade, pois só lidando com a verdade em sua totalidade é possível conhecer as reais conseqüências de uma ação.
A recompensa da Racionalidade é ser uma pessoa eficaz, que alcança seus objetivos por agir como a realidade demanda para tal. A conseqüência da Racionalidade é viver a melhor vida possível, no longo prazo. Na Ética a racionalidade é a virtude primária, pois é essencial para a vida do ser humano.
30 novembro, 2006
Certo e errado
A ética racional é o conjunto de princípios que guia as decisões de um indivíduo racional. A ética racional tem como objetivo máximo a própria vida do indivíduo – entendida não apenas como sua sobrevivência física mas também a preservação de sua mente, sua racionalidade. Assim o certo é aquilo que contribui para a vida de um ser racional, o errado é aquilo que a destrói.
Os princípios que compõe a ética racional são derivados da realidade, e da natureza do homem. Não há mandamentos mas à luz destes princípios o indivíduo pode encontrar a decisão correta em cada circunstância – aquela que contribui para sua vida.
Racionalidade
O homem não possui mecanismos automáticos de sobrevivência como as plantas, nem possui instinto que o permita sobreviver como os animais. O homem sobrevive através do pensamento racional. A razão é o processo de observar e entender a realidade. Não é um processo automático, precisa ser conscientemente exercido.
A Racionalidade é a virtude de usar a razão para guiar suas escolhas, suas ações. A Racionalidade significa rejeitar as emoções como forma de tomar decisões. A Racionalidade é a virtude primária da qual as outras derivam.
O principio da Racionalidade é: usar sempre a razão para nortear as decisões.
Independência
Não existe pensamento coletivo. A razão é um fenômeno individual, assim como a decisão. É impossível pensar junto com outra pessoa, embora seja possível comunicar a outro suas idéias e seja possível que outro replique seu pensamento. É impossível decidir junto com outra pessoa, embora seja possível que muitos tomem decisões iguais em circunstâncias iguais.
A Independência é a virtude de reconhecer a própria razão como forma de conhecimento única e suficiente. A Independência significa rejeitar a imitação como forma de tomar decisões.
O princípio da Independência é: confiar sempre no próprio julgamento para tomar decisões.
Honestidade
A realidade é o que é. As coisas têm natureza determinada e se comportam de acordo com sua natureza. O homem tem a capacidade de alterar o ambiente em que vive, mas não tem a capacidade de alterar a natureza da realidade – pelo contrário, só é capaz de alterar as coisas na medida que age de acordo com a natureza delas.
A Honestidade é a virtude de reconhecer a realidade como ela é, não como se gostaria que fosse. Significa reconhecer que não adianta desejar que as coisas sejam diferentes para mudá-las, é preciso agir, e que uma ação só é eficaz quando respeita a natureza das coisas.
A Honestidade significa rejeitar a fuga como forma de decisão, nunca esperando que ignorar um problema o faça deixar de existir. Significa rejeitar a fantasia, reconhecendo que a simples vontade não altera os fatos.
O princípio da Honestidade é: lidar sempre com a realidade e com todas suas conseqüências ao tomar decisões.
Produtividade
O homem não é uma consciência flutuante, possui existência física. Sua fisiologia requer materiais – tais como comida, bebida, abrigo, saneamento, remédios e inúmeros outros. A vida como ser racional requer muito mais – informação, entretenimento, arte, lei. Aos materiais úteis à vida humana chamamos riqueza.
A produtividade é a virtude de gerar, através da ação, bens materiais em suporte da própria vida. Significa reconhecer que nada é dado ao homem livre de esforço, toda a riqueza é produzida pela ação humana. Significa não esperar ter mais riqueza do que se produz.
O princípio da Produtividade é: produzir, pelo pensamento e ação, a riqueza em benefício da própria vida.
Este conjunto de princípios, derivados da natureza do homem – um ser vivo, racional e provido da capacidade de escolher – são a base da ética racional. Nos artigos seguintes cada uma destas virtudes será abordada individualmente e em maior detalhe.
Os princípios que compõe a ética racional são derivados da realidade, e da natureza do homem. Não há mandamentos mas à luz destes princípios o indivíduo pode encontrar a decisão correta em cada circunstância – aquela que contribui para sua vida.
Racionalidade
O homem não possui mecanismos automáticos de sobrevivência como as plantas, nem possui instinto que o permita sobreviver como os animais. O homem sobrevive através do pensamento racional. A razão é o processo de observar e entender a realidade. Não é um processo automático, precisa ser conscientemente exercido.
A Racionalidade é a virtude de usar a razão para guiar suas escolhas, suas ações. A Racionalidade significa rejeitar as emoções como forma de tomar decisões. A Racionalidade é a virtude primária da qual as outras derivam.
O principio da Racionalidade é: usar sempre a razão para nortear as decisões.
Independência
Não existe pensamento coletivo. A razão é um fenômeno individual, assim como a decisão. É impossível pensar junto com outra pessoa, embora seja possível comunicar a outro suas idéias e seja possível que outro replique seu pensamento. É impossível decidir junto com outra pessoa, embora seja possível que muitos tomem decisões iguais em circunstâncias iguais.
A Independência é a virtude de reconhecer a própria razão como forma de conhecimento única e suficiente. A Independência significa rejeitar a imitação como forma de tomar decisões.
O princípio da Independência é: confiar sempre no próprio julgamento para tomar decisões.
Honestidade
A realidade é o que é. As coisas têm natureza determinada e se comportam de acordo com sua natureza. O homem tem a capacidade de alterar o ambiente em que vive, mas não tem a capacidade de alterar a natureza da realidade – pelo contrário, só é capaz de alterar as coisas na medida que age de acordo com a natureza delas.
A Honestidade é a virtude de reconhecer a realidade como ela é, não como se gostaria que fosse. Significa reconhecer que não adianta desejar que as coisas sejam diferentes para mudá-las, é preciso agir, e que uma ação só é eficaz quando respeita a natureza das coisas.
A Honestidade significa rejeitar a fuga como forma de decisão, nunca esperando que ignorar um problema o faça deixar de existir. Significa rejeitar a fantasia, reconhecendo que a simples vontade não altera os fatos.
O princípio da Honestidade é: lidar sempre com a realidade e com todas suas conseqüências ao tomar decisões.
Produtividade
O homem não é uma consciência flutuante, possui existência física. Sua fisiologia requer materiais – tais como comida, bebida, abrigo, saneamento, remédios e inúmeros outros. A vida como ser racional requer muito mais – informação, entretenimento, arte, lei. Aos materiais úteis à vida humana chamamos riqueza.
A produtividade é a virtude de gerar, através da ação, bens materiais em suporte da própria vida. Significa reconhecer que nada é dado ao homem livre de esforço, toda a riqueza é produzida pela ação humana. Significa não esperar ter mais riqueza do que se produz.
O princípio da Produtividade é: produzir, pelo pensamento e ação, a riqueza em benefício da própria vida.
Este conjunto de princípios, derivados da natureza do homem – um ser vivo, racional e provido da capacidade de escolher – são a base da ética racional. Nos artigos seguintes cada uma destas virtudes será abordada individualmente e em maior detalhe.
Quem precisa de Ética?
O que é ética? O termo é usado como sinônimo de honestidade ou moralidade, ou de forma mais ampla para representar o conjunto de comportamentos entendidos como “o que é certo”. Este último entendimento é o mais próximo do correto, sendo a honestidade um dos comportamentos usualmente defendidos como certo e a moralidade a característica de quem vive de acordo com os preceitos éticos. Esta definição não aborda de onde surgem as normas éticas, e esta é a questão essencial.
Esta dificuldade é em geral resolvida pelo apelo às normas religiosas ou sociais. No primeiro caso a ética passa a ser o conjunto de mandamentos de uma dada religião que, recebidos por iluminação divina, não precisam de justificativa alguma – são aceitos pela fé (ou seja, sem motivo) assim como a própria existência da divindade.
No segundo caso atribui-se a determinação do que é certo a um corpo de normas legais ou tradicionais. Neste caso o certo é simplesmente o que está na lei, ou é simplesmente o tradicional – definido “pela sociedade”. Esta postura é mais destrutiva que a irracionalidade da religião, por incrível que pareça. Enquanto no caso religioso se estipula uma ética arbitrária, no caso legalista ou social em essência se nega a existência de “certo” e “errado” objetivos – por serem tais julgamentos meramente convenção social.
A definição correta para ética é: um conjunto de princípios que guiam o homem em suas decisões. A ética precisa ser um conjunto de princípios, e não de regras, pois necessariamente precisa ser aplicável a todas as circunstâncias. Um conjunto de regras se aplica somente aos casos e nos contextos para os quais as regras foram concebidas.
Um aspecto interessante a notar é que a ética não é decorrente da vida em sociedade, não se baseia nem tem a função primária de regimentar o convívio entre pessoas. Uma pessoa sozinha em uma ilha deserta tem necessidade de tomar decisões, vai construir abrigo e procurar comida ou vai esperar socorro enquanto se embebeda com o uísque que encontrou nos restos do naufrágio? O náufrago precisa de ética.
Para tomar uma decisão é preciso ter um objetivo. Uma decisão a tomar é irrelevante quando quem está escolhendo é absolutamente indiferente em relação todas as escolhas possíveis. Uma decisão só tem relevância quando quem decide prefere uma alternativa à outra, e esta preferência só pode ser estabelecida tendo um objetivo em vista. A opção escolhida será aquela que contribui para o objetivo, a escolha descartada será aquela que não contribui ou contribui menos.
Se a ética é um conjunto de princípios que guia o homem em suas decisões, necessariamente ela presume um objetivo. A ética religiosa em geral estipula um objetivo arbitrário – ir para um mundo melhor após a morte, reencarnar como um ser superior, alcançar um estado “mais elevado”. Uma ética racional requer também um objetivo, mas não pode ser baseada em algo que não existe.
Vida ou morte é a alternativa fundamental para os seres vivos, a vida requer ação – a morte não. Para o homem, agir requer pensar e decidir. O homem não tem instinto nem mecanismo automático de sobrevivência – se o homem deseja viver, precisa pensar. Dado que quem toma uma decisão é um indivíduo – um ser vivo, racional – só há um objetivo máximo que pode ser a base para orientar suas escolhas: a sua própria vida como ser racional. Caso não escolha viver, também não precisará de ética.
A ética racional é fundamentada neste fato: a ética, um conjunto de princípios que guiam a tomada de decisão, é necessária para indivíduos racionais que desejam viver. A vida de cada indivíduo é portanto seu objetivo final. A vida de um ser racional não se trata meramente de não ser um cadáver, trata se de preservar a vida e a razão. A razão é o que dá ao homem sua identidade, e é seu mecanismo de sobrevivência.
Esta dificuldade é em geral resolvida pelo apelo às normas religiosas ou sociais. No primeiro caso a ética passa a ser o conjunto de mandamentos de uma dada religião que, recebidos por iluminação divina, não precisam de justificativa alguma – são aceitos pela fé (ou seja, sem motivo) assim como a própria existência da divindade.
No segundo caso atribui-se a determinação do que é certo a um corpo de normas legais ou tradicionais. Neste caso o certo é simplesmente o que está na lei, ou é simplesmente o tradicional – definido “pela sociedade”. Esta postura é mais destrutiva que a irracionalidade da religião, por incrível que pareça. Enquanto no caso religioso se estipula uma ética arbitrária, no caso legalista ou social em essência se nega a existência de “certo” e “errado” objetivos – por serem tais julgamentos meramente convenção social.
A definição correta para ética é: um conjunto de princípios que guiam o homem em suas decisões. A ética precisa ser um conjunto de princípios, e não de regras, pois necessariamente precisa ser aplicável a todas as circunstâncias. Um conjunto de regras se aplica somente aos casos e nos contextos para os quais as regras foram concebidas.
Um aspecto interessante a notar é que a ética não é decorrente da vida em sociedade, não se baseia nem tem a função primária de regimentar o convívio entre pessoas. Uma pessoa sozinha em uma ilha deserta tem necessidade de tomar decisões, vai construir abrigo e procurar comida ou vai esperar socorro enquanto se embebeda com o uísque que encontrou nos restos do naufrágio? O náufrago precisa de ética.
Para tomar uma decisão é preciso ter um objetivo. Uma decisão a tomar é irrelevante quando quem está escolhendo é absolutamente indiferente em relação todas as escolhas possíveis. Uma decisão só tem relevância quando quem decide prefere uma alternativa à outra, e esta preferência só pode ser estabelecida tendo um objetivo em vista. A opção escolhida será aquela que contribui para o objetivo, a escolha descartada será aquela que não contribui ou contribui menos.
Se a ética é um conjunto de princípios que guia o homem em suas decisões, necessariamente ela presume um objetivo. A ética religiosa em geral estipula um objetivo arbitrário – ir para um mundo melhor após a morte, reencarnar como um ser superior, alcançar um estado “mais elevado”. Uma ética racional requer também um objetivo, mas não pode ser baseada em algo que não existe.
Vida ou morte é a alternativa fundamental para os seres vivos, a vida requer ação – a morte não. Para o homem, agir requer pensar e decidir. O homem não tem instinto nem mecanismo automático de sobrevivência – se o homem deseja viver, precisa pensar. Dado que quem toma uma decisão é um indivíduo – um ser vivo, racional – só há um objetivo máximo que pode ser a base para orientar suas escolhas: a sua própria vida como ser racional. Caso não escolha viver, também não precisará de ética.
A ética racional é fundamentada neste fato: a ética, um conjunto de princípios que guiam a tomada de decisão, é necessária para indivíduos racionais que desejam viver. A vida de cada indivíduo é portanto seu objetivo final. A vida de um ser racional não se trata meramente de não ser um cadáver, trata se de preservar a vida e a razão. A razão é o que dá ao homem sua identidade, e é seu mecanismo de sobrevivência.
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