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11 fevereiro, 2008

Esquerda ou esquerda?

Em “Nem direita, nem esquerda” foi visto que o esquerdismo e o conservadorismo não representam as únicas alternativas no espectro político. Também foi demonstrado que, em essência, não se pode dizer que um é melhor que o outro. Ambos são fundamentalmente contrários à liberdade individual.

A essência de cada uma destas correntes políticas é a interferência do governo na vida do indivíduo. O esquerdista demanda a interferência do governo na vida econômica, o conservador a demanda na vida pessoal. As expressões práticas atuais destas correntes políticas, no entanto, não são igualmente ruins.

A despeito da ruína econômica e dos assassinatos em massa protagonizados por todos os governos que colocaram em prática os princípios da esquerda, a esquerda moderna continua fiel a estas idéias venenosas.

O conservadorismo cristão, no entanto, reflete séculos de amadurecimento da igreja cristã. O cristianismo, para sobreviver nestes tempos de ciência, foi obrigado a se adaptar. Esta adaptação é feita através do “recuo tático”, da re-interpretação da doutrina religiosa a cada vez que a razão demonstra sua falsidade.

Meros 400 anos atrás, a Igreja Católica ameaçava a vida de Galileu por ousar dizer que a Terra se movia em torno do Sol. Isto contradizia frontalmente a Bíblia, era portanto impossível. Hoje todos sabem que Galileu estava certo, mas conclui-se então que a Bíblia está errada? Não, as passagens que antes enchiam os teólogos de certeza científica hoje são consideradas metafóricas.

O mesmo vale para a lenda da criação. Hoje poucos realmente acreditam que o planeta foi criado em seis dias. Mas a história da Bíblia está errada? Não, hoje ela é considerada uma metáfora – um “dia” pode querer dizer alguns milhões de anos, certo?

Embora este constante recuo frente à razão e à ciência diga algo muito importante quanto à veracidade daquilo que prega o cristianismo, não é isso que interessa ao se analisar a influência desta religião na política. O fato é que esta postura de “sobreviver não confrontando a razão” torna o cristianismo uma religião capaz de conviver com um sistema político livre. A comparação com o islamismo mostra o quanto isto é importante.

O conservadorismo cristão, portanto, não defende a imposição política da ética cristã exceto em assuntos específicos. A direita combate o direito ao aborto e a pesquisa científica com embriões – mas não tenta impor politicamente a caridade nem o “ame seu inimigo” (ambos fundamentos da ética cristã). A conclusão é que o conservadorismo hoje defende uma política que dá muito mais liberdade ao indivíduo que qualquer vertente esquerdista.

A verdadeira liberdade não encontra expressão significativa na política de hoje. Nos Estados Unidos existe um Partido Libertário – mas este não é fundamentado em princípios claros como os da esquerda e os dos conservadores. O partido congrega desde verdadeiros liberais até “anarco-socialistas”, entre outras maluquices. O ideário se resume a “precisamos diminuir o governo”, sem idéias claras sobre quanto nem porque fazê-lo.

No Brasil não existe força política que não seja de esquerda. Os dois principais partidos políticos, PT e PSDB, são explicitamente de esquerda. O PMDB também é um partido de esquerda. Em seu programa lê-se “O PMDB pretende continuar sendo a expressão política da maioria da população brasileira, oprimida e explorada por um regime econômico voltado para a satisfação de uma pequena maioria (...)”. Marxismo puro.

Afora os partidos de aluguel – que nem se pode dizer que tenham uma política – e os satélites do PT (que inclui, ironicamente, o “Partido Liberal”), resta o partido Democratas, o antigo PFL.

O PFL é historicamente um partido de esquerda. Foi componente dos governos Fernando Henrique Cardoso, apoiando a criação de muitas das atuais ferramentas de redistribuição de riqueza e o aumento do peso do estado que ocorreu neste período. Em sua reinvenção como Democratas, o partido preserva um núcleo de esquerdismo.

Em sua declaração de princípios lê-se: “(...) há problemas e desigualdades que não podem ser satisfatoriamente resolvidos pelo livre jogo das forças de mercado”. Ou seja, as pessoas não podem ser realmente livres. O item seguinte é mais claro: “Afirmamos a prevalência do interesse social sobre o individual”.

A pesar destes fundamentos esquerdistas (achar que a liberdade econômica “não funciona” e subordinar a liberdade individual ao “interesse social”), a declaração de princípios do partido Democratas também demonstra uma tendência positiva: “(...) a grande revolução a realizar-se neste País é a da liberdade da iniciativa em todos os planos - no político, no social e no econômico”.

É evidente que esta última afirmação contradiz os princípios anteriores – ou se tem liberdade ou se tem controle governamental. Mas o fato de que um partido defende que a solução para o país é reduzir o peso do estado já é uma novidade muito positiva no Brasil. Por seus princípios, os Democratas ainda são um partido de esquerda – mas o que defendem na prática representa muito mais liberdade do que as alternativas.

O espectro político brasileiro, portanto, é traçado entre a esquerda e a esquerda. De um lado a esquerda consistente, que leva a sério o ideal de igualdade material e a idéia de que para uma pessoa enriquecer outra precisa empobrecer. Nesta parte do espectro estão as alas “radicais” do PT e os demais partidos marxistas (PSOL, PCdoB, PCO etc).

Esta esquerda é favorável à interferência direta sobre a vida do cidadão. Apóiam a invasão de propriedade de gente honesta e inocente por “grupos sociais”, apóiam a censura contra a “mídia golpista” do Capitalismo. É o que Vargas Llosa chama de “esquerda carnívora”.

Do outro lado temos a esquerda pragmática. Esta esquerda é caracterizada pelo reconhecimento do fato óbvio que Comunismo não funciona. A contra gosto pregam uma mistura de interferência governamental e liberdade, veneno e alimento. Veneno suficiente para fazer alguma “justiça social”, mas liberdade suficiente para não matar o paciente.

As tendências “moderadas” do PT, o PSDB, o PFL histórico e o PMDB se distribuem nesta direção. Esta esquerda, por coerência, seria a herbívora – como disse Reinaldo Azevedo. Os Democratas ensaiam um movimento em direção à defesa da liberdade individual, mas ainda professam os princípios esquerdistas.



Partidos brasileiros: dos totalitários comunistas aos social-democratas, todos são de esquerda

Não existe no Brasil tradição liberal, nem expressão política do liberalismo. Nunca existiu. Não existe também uma tradição conservadora, nem política “de direita”. O próprio termo “conservador” não faz sentido aqui. Foi criado nos Estados Unidos, onde havia uma tradição liberal cristã e onde havia aqueles que queriam conservá-la frente ao esquerdismo. No Brasil nunca houve tal coisa para ser conservada.

O Democratas ameaça trazer ao cenário a primeira expressão concreta do liberalismo, embora ainda entremeada de princípios de esquerda. Vale acompanhar a evolução do partido e de seu discurso, pois seria algo realmente novo na política nacional.

Até que isto aconteça, o espectro político no Brasil fica entre a esquerda e a esquerda. Pode se fazer distinção entre “esquerda carnívora” e “esquerda herbívora”, mas no fim das contas são todos quadrúpedes.

11 janeiro, 2008

Espectro político: Nem direita nem esquerda

O espectro político representado como função da liberdade econômica e pessoal que o indivíduo possui em uma sociedade, permite desfazer um dos equívocos mais nefastos do pensamento político: a idéia de que as alternativas que existem são “a esquerda” e “a direita”.

A figura, convenientemente, apresenta à esquerda a condição que se tem quando o governo segue o ideário “de esquerda”. Reciprocamente, à direita da figura estão as condições típicas de regimes “de direita”.



Como visto em “Comunismo” e “Teocracia”, os extremos destas posições são respectivamente a escravidão econômica com liberdade pessoal plena e plena liberdade econômica com total opressão pessoal.

Este espectro político deixa muito clara uma verdade simples: a disputa entre direita e esquerda não é uma disputa entre o bem e o mal (nem entre o mal e o bem). É uma disputa entre o mal e o mal.

Tanto esquerdistas quanto direitistas querem usar o governo para controlar os indivíduos. Ayn Rand foi muito sagaz ao observar que cada qual faz questão de escravizar o indivíduo apenas na esfera que julga importante.

O esquerdista não se importa com seu comportamento, sua alma ou o que você faz entre quatro paredes. Mas seu trabalho e a riqueza que você produz – isto ele faz questão de controlar. Admita ou não, o esquerdista é um materialista. Ele só se importa realmente com dinheiro.

O direitista ou conservador, como prega o cristianismo, considera “este mundo” algo temporário e sem importância ante a “vida eterna”. Como “daqui não se leva nada”, ele não se importa com sua riqueza material.

Mas o direitista faz questão de interferir quando o assunto é com quem você faz sexo ou se você resolve que não quer ter um filho. Estas coisas, afinal, podem te mandar para o inferno. Admita ou não, o direitista é um místico. As posições que ele defende com tanta convicção são baseadas em nada além de dogma.

Ser escravizado por gente obcecada com o dinheiro (dos outros, é claro) ou ser o rebanho de gente que exige que nos comportemos como eles querem? Não é de surpreender que as pessoas considerem política algo inerentemente asqueroso, afinal as alternativas que se oferecem são a tirania ou a tirania!

O pior talvez sejam aqueles que tentam conciliar o mal com o mal. O esquerdista ao menos defende a liberdade pessoal. O direitista ao menos defende a liberdade econômica. O “centrista”, no entanto, é a favor de opressão tanto na vida pessoal como na econômica! Fundamentalmente é um totalitário – acha que o governo deve interferir em tudo.

Pode encontrar regimes à direita do espectro político tão ruins quanto os que se encontram à esquerda. A vida de uma mulher sob o islamismo, por exemplo, pode ser considerada tão ruim quanto a de alguém sob o comunismo.

Embora a mulher desfrute de liberdades econômicas com as quais a outra pessoa só pode sonhar, a outra pessoa possui liberdades pessoais com que ela sonha. Ambos são vítimas, a opressão apenas tem formas diferentes.

Só se pode dizer que uma situação é melhor que outra quando ela se situa para cima no espectro político. Transitar entre direita e esquerda só significa trocar uma coisa ruim por outra.

Embora esquerda e direita sejam duas opções ruins em seus princípios, nas formas que se apresentam hoje no Brasil e no mundo ocidental não são igualmente ruins. Em primeiro lugar, a esquerda não é uniforme, pode ser dividida grosseiramente entre a “esquerda consistente” e a “esquerda pragmática”.

Chamo de “esquerda consistente” àqueles esquerdistas cuja política reflete com fidelidade os princípios do esquerdismo: que igualdade material é o ideal de justiça e que só é possível enriquecer explorando o próximo.

Ora se o ideal moral é a igualdade, assistencialismo não é suficiente. É moralmente obrigatório que o governo seja muito mais eficaz em promover a igualdade. A estatização da vida econômica é a única forma de atingir este objetivo. O Comunismo é o objetivo da esquerda consistente.

A “esquerda pragmática” são aqueles esquerdistas com um pouco mais de contato com a realidade. Perceberam que o Comunismo causa miséria e assassinato em massa sempre que é posto em prática.

Mas, embora tenha percebido que Comunismo não funciona, a “esquerda pragmática” não abandonou seus princípios. Continua fiel à idéia de que igualdade é o ideal moral, e que a prosperidade de um custa a miséria de outro.

A “esquerda pragmática” sabe que o seu ideal não funciona, mas insiste em fazer o possível para aproximar-se dele. Busca uma mistura ideal entre liberdade e escravidão que permita alguma geração de riqueza – apenas para tomá-la de quem a criou e usá-la em seu projeto igualitário.





Esquerda pragmática: mais liberdade econômica [1], mas apenas como "mal necessário" para gerar recursos para o governo.


A “esquerda pragmática” é fundamentalmente frustrada. Sempre que consegue um avanço na produção de riqueza, isso vem à custa da igualdade que é seu ideal. E todo passo em direção à igualdade destrói a geração de riqueza. Esta tentativa de conciliar o inconciliável é chamada Social Democracia.

Por fim, a direita. No Brasil e nos Estados Unidos, os direitistas (ou “conservadores”) são defensores da liberdade econômica, acompanhada de restrições à liberdade pessoal baseadas no cristianismo.

O cristianismo prega que desde a concepção o ser humano tem alma – e sua vida é sagrada. O conservador é, portanto, contra o aborto. O fato de que a oposição se baseia em um preceito religioso é obscurecido por inúmeros argumentos falaciosos.

O cristianismo prega que a relação entre homem e mulher é sacramentada por deus. O homossexualismo, o divórcio e outros desvios em relação ao que a religião define como “certo” no relacionamento pessoal e sexual entre pessoas são freqüentemente combatidos pelos conservadores – através do poder político.

O conservadorismo, no entanto, também não é uniforme. Embora exista, principalmente nos Estados Unidos, uma direita dogmática que busca ativamente impor a moral cristã através do governo, há também uma direita “light” – religiosa em alguns poucos temas específicos (o aborto é um exemplo), mas respeitosa de muitas liberdades pessoais, embora ocasionalmente a contragosto.



Direita e esquerda atuais: a esquerda oferece menos liberdade econômica [2] do que a direita oferece em liberdade pessoal [3]


“Direita” não é melhor que “esquerda”, mas o que esta direita “light” oferece hoje no Brasil e nos Estados Unidos é muito melhor do que o que querem os Comunistas e Social Democratas. A política típica “de direita” hoje não está apenas à direita, mas também acima da política de esquerda no espectro político – e isso é o que importa.



Esquerda e direita atuais: a direita é muito melhor que a esquerda consistente [4] e melhor que a esquerda pragmática [5], por oferecer mais liberdade em geral (acima, na figura)

Infelizmente no Brasil esta direita que, embora não ideal, representa uma melhoria inegável sobre o esquerdismo não encontra expressão à exceção de alguns poucos intelectuais e blogueiros.

Os defensores da verdadeira liberdade, nem de direita, nem de esquerda, são ainda mais raros.


Leitura recomendada: “Nem de direita, nem de esquerda”, por Leonard Read @ OrdemLivre.org (link)

05 janeiro, 2008

Espectro político: Comunismo

O Capitalismo permite a máxima liberdade, quando representamos o espectro político como a região definida pelas liberdades econômica e pessoal, ocupa o topo da figura.

À direita ficam os regimes que dão liberdade econômica, mas policiam a vida pessoal do cidadão proibindo comportamentos que não violam os direitos à vida, propriedade e liberdade de ninguém ou impondo comportamentos que o governante acha desejável. Estes regimes são tipicamente baseados em convicção religiosa, de modo que os generalizei como Teocracia.

Na zona cinzenta central ficam regimes sem princípios definidos, que violam em parte tanto as liberdades pessoais quanto as econômicas, bem como a Anarquia. Numa anarquia não há um governo para violar sistematicamente os direitos, mas também não há nada que impeça qualquer um de violá-los. Todo cidadão precisa estar continuamente alerta para se defender de todos.


Um regime que desse ao cidadão a completa liberdade pessoal – como se vestir, com quem se relacionar, quando e onde expressar sua opinião, com que princípios educar seus filhos, a opção de ter filhos – mas controlasse completamente a vida econômica de todos, este regime se situaria no canto esquerdo da figura.

Naturalmente este regime de controle puramente econômico é tão impossível quanto sua contraparte à direita. Da mesma forma como foi visto que é impossível ter plena liberdade econômica sem liberdade pessoal, aqui o mesmo se repete de forma reversa: é impossível ter plena liberdade pessoal sem liberdade econômica.

Que significa a liberdade de como se vestir se a produção e distribuição de roupas são completamente controladas pelo governo? A vida do homem é uma vida econômica – os bens materiais estão envolvidos em tudo o que fazemos, mesmo na vida pessoal.

Existem, no entanto, regimes que se aproximam desta situação. O ideal comunista é de uma sociedade em que toda a ação econômica é planejada, evitando os “problemas” e “injustiças” do Capitalismo. Quanto à vida pessoal do cidadão, com isso o comunista se preocupa pouco. Em troca da completa escravidão econômica, oferece liberdade pessoal.

É claro que na prática isto não funciona. As pessoas não se esforçam para produzir quando sabem que o resultado não será para seu próprio proveito. As pessoas não aceitam docilmente a escravidão, mesmo quando o mestre de escravos é um governo que eles mesmos colocaram no poder.

A história de todos os regimes deste gênero é de uma progressiva violação das liberdades pessoais, necessária para conseguir manter a dominação econômica. É esta a explicação para a supressão da religião, da liberdade de imprensa, da liberdade de ir e vir, da leitura de livros “ideologicamente incorretos” e todas as demais violações de liberdade pessoal que sempre acompanham o Comunismo.

Governos que dominam a vida econômica: inicialmente pode haver liberdade pessoal, mas a manutenção do controle estatal da economia requer um governo progressivamente totalitário (1)


A Venezuela de hoje é um excelente exemplo de como um regime que pretende controlar a economia progressivamente viola também as liberdades pessoais para conseguir manter-se no poder – mesmo quando originalmente eleito por desejo popular.