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13 outubro, 2008

Uma garrafa de cachaça para curar a ressaca

A notícia de hoje não podia ser outra senão os pacotes aprovados na Europa, injetando mais de dois trilhões (trilhões com t) de dólares no sistema bancário.

Não vou ir além do óbvio: os governos da Europa tinham dois trilhões de dólares no bolso? Vão arrecadar dois trilhões de dólares a mais em imposto este ano (uma diferença de mais de 10% do PIB)? É claro que não.

A vida é muito mais fácil quando se pode simplesmente inventar dinheiro não é? A ponderar: o que acontece quando a quantidade de dinheiro aumenta e a quantidade de coisas a serem compradas continua igual?

01 outubro, 2008

Não é exclusividade deles

Para demonstrar que não temos preconceito contra estrangeiros e podemos ser tão burros quanto eles, hoje o governo brasileiro começou a estudar a possibilidade de reduzir o depósito compulsório nas transações bancárias como forma de aumentar a oferta de crédito.

Para entender a questão imagine o seguinte: você deposita R$100 no seu banco. Seu banco pode emprestar esse dinheiro para o fulano A. Digamos que o fulano A pega esse dinheiro e deposita na conta dele. O banco dele pode emprestar esse mesmo dinheiro para o fulano B.

Olhe o que aconteceu. Havia R$100. Agora você tem R$100 na sua conta, o fulano A tem R$100 na conta dele e o fulano B tem R$100 na conta dele - e o banco dele ainda pode emprestar o dinheiro de novo!

Para que a quantidade de reais não se torne infinita, cada vez que um Banco empresta dinheiro que tem em depósito, o governo obriga o banco a depositar uma parte no Banco Central - é o depósito compulsório.

Digamos que o compulsório seja de 50%. Quando seu banco empresta seu dinheiro, deposita R$50 no BC e empresta R$50. Quando o fulano A coloca os R$50 na conta dele e o banco dele empresta de novo, o banco deposita R$25 no BC e empresta R$25. É fácil ver como isto limita a quantidade de vezes que o mesmo dinheiro é multiplicado - e limita portanto a quantidade de reais que existem em circulação.

Voltemos ao presente. O que acontece se o governo reduzir o compulsório? Os bancos vão poder emprestar o mesmo dinheiro mais vezes. Aumenta a oferta de crédito? Sim! Os bancos tem mais dinheiro para oferecer. Mas aumentou alguma coisa a quantidade de bens que existem no Brasil? Não! O aumento na quantidade de dinheiro é simplesmente um truque de contabilidade!

O que acontece quando aparece mais reais mas continua existindo a mesma quantidade de coisas para comprar? INFLAÇÃO.

Inflação não é culpa do dólar, nem do petróleo nem do empresário. Inflação é culpa do governo e a redução do depósito compulsório é só um jeito bem prático de fazer uma boa inflaçãozinha.

É hora de apertar os cintos, pois pela primeira vez o PT está precisando fazer política econômica. E dá pra imaginar o que vem por aí.


30 setembro, 2008

O remédio é mais veneno?

Ontem fracassou a tentativa de eliminar os efeitos dos profundos erros de investimentos cometidos pelos grandes bancos americanos pagando suas dívidas com 700 bilhões de dólares em dinheiro do governo.

Como esse dinheiro teria de ser arrecadado em impostos, tomado emprestado pelo governo (de quem, se está todo mundo quebrado?) ou inventado (o governo pode simplesmente imprimir dinheiro, não esqueçam!) o fracasso desse plano foi muito bom.

Ontem falhou a tentativa de fazer os outros pagarem por seus erros diretamente através de impostos (se os 700 bi viessem da arrecadação) ou inflação (que é o resultado do aumento do déficit do governo ou da invenção de dinheiro do nada).

Qual a idéia de hoje? Aumentar a parcela dos depósitos em banco que o governo americano garante através da FDIC - Federal Deposit Insurance Corporation. Em vez de 100.000 dólares, o governo pagaria 250.000 para cada correntista caso o banco falisse.

Genial, não é? A crise foi causada porque os bancos e agentes de empréstimos assumiram riscos demais emprestando para gente que não podia pagar. A solução proposta agora é aumentar a responsabilidade do governo em cobrir os riscos dos bancos.

Com a tranquilidade de que o governo salvará seu dinheiro em caso de falência, o investidor buscará riscos maiores ou menores? Isso vai diminuir ou aumentar os riscos assumidos pelos bancos?

Essas idéias idiotas vão continuar surgindo, uma atrás da outra. Como agora o fato de que o dinheiro do governo vai estar pagando pelos erros dos outros ficou mascarado, é capaz de esta ser aprovada.

O certo, nesse caso, seria fazer exatamente o contrário: cancelar todas as garantias governamentais FDIC para depósitos feitos a partir de hoje. Este seria um dos pontos de uma reforma financeira capaz de resolver o problema atual e garantir que não ocorra novamente a mesma coisa.

29 setembro, 2008

If only it would last...

Hoje foi um dia bom para o mundo. O congresso dos Estados Unidos se recusou por 228 votos a 205 a inventar 700 bilhões de dólares para pagar os prejuízos de quem apostou que o governo salvaria a todos quando o castelo de cartas do mercado imobiliário americano desmoronasse.

Onde mais nesse mundo moderno existe oposição real à intervenção governamental na economia? Ambos os partidos americanos estavam defendendo a medida - ela falhou porque muitos representantes a reconheceram como errada. A maioria deles do partido do próprio governo, e isso às vésperas da eleição presidencial.

Alguns pontos importantes sobre a atual crise:
  • Quem criou a podridão no mercado imobiliário foi o governo, através de programas sociais de habitação e de leis obrigando os bancos a emprestar para gente que tinha risco de não poder pagar;
  • A solução proposta é literalmente imprimir dinheiro para pagar as dívidas de quem foi irresponsável. Criar estes 700 bilhões do nada significa inflação. Na prática significa fazer os inocentes pagar pelos erros dos culpados.
A pena é que esta barreira à continuidade da irresponsabilidade governamental dificilmente vai durar no longo prazo. Pena porque o caminho mais direto para sair desta crise é simplesmente deixar falir e liquidar as instituições que apostaram que o governo as salvaria se corressem riscos extraordinários.