03 dezembro, 2007

Capitalismo e concentração de renda

Um dos fantasmas favoritos do anti-capitalista, usado para amedrontar as pessoas e conseguir que elas abram mão de sua liberdade, é a “concentração de renda”.

Já falei sobre “distribuição de renda” em outro artigo, na época da eleição presidencial de 2006. A conclusão daquele artigo é um fato importante: desigualdade não é um problema. Muito pelo contrário – sem desigualdade é impossível haver justiça.

O anti-capitalista fala sobre concentração de renda como se fosse um processo onde inevitavelmente se chegaria ao ponto em que uma pessoa, ou um grupo pequeno de pessoas, seria dono de absolutamente tudo – e para os outros não sobraria nada.

Isto é uma completa idiotice. Toda renda já é criada distribuída. Quando alguém trabalha e produz algo, aquilo que produziu é sua renda.

Existem milhões de tipos e maneiras de se fazer trabalho produtivo – manual, intelectual, artístico, autônomo, empresarial, assalariado... Isto não muda o fato que no fim do dia o indivíduo produziu riqueza, e recebeu aquilo que produziu ou recebeu em troca um valor que ele aceitou como justo.

A única forma pela qual o Capitalismo poderia levar à concentração de renda seria se, de alguma maneira, impedisse a maioria das pessoas de trabalhar, ou se fosse possível forçar a maioria das pessoas a trabalhar sem receber algo em troca - que elas considerem justo.

A contradição é evidente. Capitalismo nada mais é do que a proibição do uso da força contra as pessoas. Capitalismo é o sistema político dos direitos individuais à vida, propriedade e liberdade.

Como é que o único sistema político em que seu direito de trabalhar e ao resultado de seu trabalho é absoluto – nem o governo pode lhe impedir de trabalhar nem tomar de você aquilo que você produz contra sua vontade – pode fazer com que você fique sem renda nenhuma?

Como é que o único sistema político em que nenhum cidadão e nenhum governante podem ameaçar sua vida, propriedade ou liberdade vai lhe levar a trabalhar sem receber em troca algo que considere justo?

A resposta é simples: não é possível.

A verdade é bem diferente. Sob o Capitalismo, cada um pode fazer o que bem entender, sem pedir autorização para ninguém desde que não ameace a vida ou propriedade de outras pessoas. Quando alguém produz algo de valor, pode usar todo aquele valor como quiser.

Seja o indivíduo rico ou pobre, isto significa que ele tem o máximo incentivo para trabalhar e a total liberdade para trabalhar da forma que achar mais produtiva. O Capitalismo permite que cada um produza seu máximo – e se beneficie totalmente dele.

O resultado, validado na prática na Inglaterra e nos Estados Unidos durante os séculos 18 e 19 e revalidado toda vez que um país faz reformas liberalizantes (vide Chile, Hong Kong, Coréia do Sul, China, países do Leste Europeu...), é que Capitalismo leva a enriquecimento generalizado.

O Capitalismo gera desigualdades sim, mas estas desigualdades são naturais. Elas refletem os diferentes talentos, capacidade e dedicação com que as pessoas se lançam à atividade produtiva. Seria uma tremenda injustiça que pessoas tão diferentes tivessem resultados iguais!

Dizem que o Capitalismo “premia” quem gera maior beneficio, mas isto na verdade é uma metáfora enganosa. Primeiro porque no Capitalismo não existe uma pessoa, nem um grupo de pessoas, escolhendo quem “premiar”. Segundo porque o “prêmio” foi produzido pelo próprio “premiado”!

Sob o Capitalismo todos enriquecem. Uns enriquecem mais que os outros, e alguns enriquecem muito mais que os outros. Longe de ser um problema, isto é um sintoma de um fato importantíssimo.

No Capitalismo, só se tem aquilo que se produz, ou aquilo que outras pessoas escolhem nos dar em troca do que produzimos. Se um indivíduo é bilionário, é porque produziu muita, mas muita riqueza. Ninguém o deu dinheiro a troco de nada – pelo contrário, cada centavo que recebeu foi em troca de algo que o comprador julgou mais valioso do que aquele mesmo dinheiro.

No Capitalismo uma pessoa que tem muito dinheiro é uma pessoa que produziu muito, para si e para os outros. Como ninguém troca voluntariamente uma coisa por outra que vale menos, pode se dizer com certeza que o benefício que o bilionário gerou para outros é ainda maior que sua fortuna!

A concentração de riqueza no Capitalismo não é um problema. É um sintoma de quanto o progresso humano como um todo depende da genialidade individual.

O problema é que nunca se discute a riqueza em si, nem as causas de sua existência. Apenas se discute sua distribuição. Ao mesmo tempo que o Capitalismo permite que todos fiquem mais ricos, o esquerdista reclama que não ficam todos igualmente ricos. Em sua cruzada contra este "problema", só consegue deixar todos igualmente pobres.