23 janeiro, 2008

Socialismo é uma droga

Uma sociedade em que o ideário e a política socialista predominam é como um viciado, e o Socialismo é sua droga. Ambos se tornam dependentes de algo que os destrói.

A droga causa dois tipos de dependência. Dependência física é a incapacidade de o corpo funcionar normalmente sem a droga, dependência psicológica se manifesta como ansiedade e desconforto quando não se está sob o efeito da droga ou ela não está disponível.

Dependência física
Sob o Socialismo, o paralelo da dependência física é a dependência material. O Socialismo promove o crescimento contínuo do número de pessoas que dependem do governo e de sua política de redistribuição de riqueza para prover suas necessidades básicas.

A droga gera dependência física substituindo a química normal do sistema nervoso ou alterando seu funcionamento. Da mesma forma, o Socialismo cria dependentes substituindo a estrutura de incentivos de uma sociedade.

Onde antes a riqueza era resultado do trabalho, ela passa a ser resultado do arbítrio governamental. Trabalhar para produzir riqueza é substituído por fazer política para conseguir riqueza. Por receber riqueza diretamente do governo, e sem esforço, o indivíduo se torna intolerante ao meio normal de enriquecer: o trabalho.

Por ser estimulado diretamente pela droga, o mecanismo de recompensa do viciado se torna insensível aos prazeres normais, como comida e sexo. Da mesma forma, por ter suas necessidades saciadas pelo governo, o indivíduo perde o senso de responsabilidade individual – a percepção de que ele próprio é quem deve resolver seus problemas.

Tolerância
Outra característica dos quadros de dependência é o desenvolvimento de tolerância. O corpo se adapta à presença da droga de modo que doses cada vez maiores são necessárias para obter o mesmo efeito.

O mesmo ocorre com a política Socialista. Para cada “benefício” concedido pelo governo, há alguém pagando a conta. Pela ameaça física o indivíduo é forçado a abrir mão de sua riqueza em favor de outros, contra sua vontade.

Nenhum indivíduo, mesmo o caridoso que troca voluntariamente o resultado de seu trabalho produtivo por satisfação pessoal, se esforça a troco de nada. Aqueles que são forçados a pagar a conta do Socialismo se adaptam a cada nova política de expropriação. Logo a redistribuição se torna ineficaz e uma nova política mais intervencionista se torna necessária para obter o mesmo efeito.

Imagine que um governo obrigue os empregadores a continuar a pagar por meses o salário de toda mulher que se ausente para ter um filho. Os empregadores se adaptam pagando menos às mulheres em geral – para compensar este risco.

Torna-se necessário proibir o pagamento de salários diferentes para homens e mulheres, do contrário não se consegue mais o efeito desejado. Mas os empregadores se adaptam novamente, preferindo contratar homens. Já que é obrigado a pagar o mesmo preço, o empregador prefere o empregado que não pode ficar meses fora, recebendo.

Torna-se necessário proibir a preferência por contratação de homens. Mas isto ainda não resolve o problema. Através de artifícios como benefícios não monetários pode-se continuar pagando mais a homens. Outros artifícios permitem evitar a contratação de mulheres. Mais leis, mais controles e mais policiamento são necessários para obter o efeito desejado.

Privilegiar uns à custa de outros sempre cria uma necessidade constante de endurecimento das leis – pois quem paga a conta contra sua vontade sempre se esforça para se livrar de suas correntes.

Dependência psicológica
Nas sociedades democráticas, o paralelo da dependência psicológica no Socialismo é o populismo, uma “dependência política”. Por criar uma legião de dependentes materiais, o Socialismo elimina do debate político qualquer proposta política contrária.

O Bolsa-Família é um excelente exemplo. Um quarto de toda a população brasileira pertence a famílias que recebem dinheiro deste programa - um candidato que se oponha a ele terá grande dificuldade em se eleger.

Também é característico da dependência psicológica a supressão das inibições do viciado na busca pela droga. Isto se reflete em um comportamento descontrolado e amoral. Conseguir a droga está acima de qualquer inibição – vergonha, nojo, respeito à vida e à propriedade alheia, nada disso impedirá o viciado de conseguir a droga.

Da mesma forma, sob o Socialismo há uma supressão de todas as inibições na busca pela benesse governamental. As inúmeras denúncias e casos constatados de fraude em todos os chamados "programas sociais" ilustram este fato. Casos de empresários que corrompem governantes para obter benefícios são outro exemplo.

Autodestruição
A droga destrói no viciado aquilo que existe de mais importante, o que o define como um indivíduo: sua vontade. Em quadros severos de dependência química, a pessoa pode se tornar praticamente um zumbi: a busca da droga se torna seu único propósito, a vida é esquecida.

O Socialismo faz o mesmo na sociedade. Para que o governo dê algo a um é preciso primeiro que tire de outro. Ao violar os direitos à vida, à propriedade e à liberdade das pessoas, o governo destrói sua vontade de agir produtivamente. Em quadros severos de socialismo, tomar a riqueza dos outros se torna o único propósito, produzir riqueza é esquecido. O atraso econômico das nações que implantaram o socialismo, inclusive o Brasil, é evidência deste fato.

Abstinência
Quando um viciado fica sem a droga, desenvolve-se um quadro conhecido como síndrome de abstinência. Trata-se dos efeitos físicos e psicológicos da remoção da droga de seu organismo. A abstinência é dolorosa e desesperadora. É só depois de passar por este período de sofrimento que os mecanismos normais do organismo e da mente se restabelecem.

Eliminar o socialismo em uma sociedade apresenta o mesmo fenômeno. Os dependentes materiais se vêem obrigados a trabalhar para obter aquilo que antes recebiam de graça. Muitos podem ver não atendidas suas necessidades básicas, antes saciadas pelo esforço alheio.

A libertação dos indivíduos que pagavam a conta, em tempo, leva à proliferação de oportunidades e à prosperidade generalizada, embora não igualitária. Este é o mecanismo normal de progresso humano: o Capitalismo. Mas chegar até este ponto requer vencer a abstinência.

Terapia
Na recuperação de uma nação socialista, assim como na recuperação de drogados, o primeiro passo é reconhecer que há um problema. No Brasil ainda há poucas vozes altas e claras dizendo que roubar de um para dar a outro é imoral. Os direitos individuais não são vistos como algo inalienável.

Os poucos defensores da liberdade econômica são blogueiros e colunistas como Reinaldo Azevedo e articulistas como Rodrigo Constantino e o empresário João Luiz Mauad. A recente revolta popular contra a CPMF mostra que estas poucas vozes encontram coro na sociedade, e o partido Democratas parece estar se movendo na direção de defender estes princípios.

Reconhecer o problema, no entanto, não é suficiente para resolvê-lo. Dado o sofrimento que a abstinência do Socialismo pode causar, um projeto político para a recuperação do país precisa oferecer uma solução clara para vencer este abismo. É aí que está a verdadeira dificuldade.

Dada a similaridade entre Socialismo e as drogas, pode-se aproveitar idéias que têm bons índices de sucesso na recuperação de viciados. Uma delas é a substituição da droga por outra menos destrutiva, capaz de aliviar parte dos efeitos da abstinência. O uso da nova droga é gradativamente reduzido até sua eliminação.

Uma aplicação desta idéia à política seria a privatização de um serviço atualmente prestado pelo governo (seja educação, saúde ou qualquer outro), acompanhada do fornecimento de “vales” à população de baixa renda para uso na compra deste serviço.

Desta forma ainda há redistribuição de riqueza, mas o governo em si não opera o sistema. Isto permite que surja um mercado para suprir a demanda, com o aumento de eficiência e queda de preços característicos da iniciativa privada.

Esta política continua sendo uma droga, mas menos destrutiva que a anterior. E os “vales” podem ser gradativamente eliminados, dando tempo às pessoas para se adaptarem à responsabilidade individual.

Conclusão
Socialismo é uma droga – e todo o mundo está usando. Como viciados, as sociedades ocidentais não percebem que estão destruindo aquilo que têm de mais importante: a liberdade individual.

É no mínimo irônico que o autor da frase “a religião é o ópio do povo” tenha criado a ideologia cujo efeito na sociedade mais se assemelha com o da droga.

11 janeiro, 2008

Espectro político: Nem direita nem esquerda

O espectro político representado como função da liberdade econômica e pessoal que o indivíduo possui em uma sociedade, permite desfazer um dos equívocos mais nefastos do pensamento político: a idéia de que as alternativas que existem são “a esquerda” e “a direita”.

A figura, convenientemente, apresenta à esquerda a condição que se tem quando o governo segue o ideário “de esquerda”. Reciprocamente, à direita da figura estão as condições típicas de regimes “de direita”.



Como visto em “Comunismo” e “Teocracia”, os extremos destas posições são respectivamente a escravidão econômica com liberdade pessoal plena e plena liberdade econômica com total opressão pessoal.

Este espectro político deixa muito clara uma verdade simples: a disputa entre direita e esquerda não é uma disputa entre o bem e o mal (nem entre o mal e o bem). É uma disputa entre o mal e o mal.

Tanto esquerdistas quanto direitistas querem usar o governo para controlar os indivíduos. Ayn Rand foi muito sagaz ao observar que cada qual faz questão de escravizar o indivíduo apenas na esfera que julga importante.

O esquerdista não se importa com seu comportamento, sua alma ou o que você faz entre quatro paredes. Mas seu trabalho e a riqueza que você produz – isto ele faz questão de controlar. Admita ou não, o esquerdista é um materialista. Ele só se importa realmente com dinheiro.

O direitista ou conservador, como prega o cristianismo, considera “este mundo” algo temporário e sem importância ante a “vida eterna”. Como “daqui não se leva nada”, ele não se importa com sua riqueza material.

Mas o direitista faz questão de interferir quando o assunto é com quem você faz sexo ou se você resolve que não quer ter um filho. Estas coisas, afinal, podem te mandar para o inferno. Admita ou não, o direitista é um místico. As posições que ele defende com tanta convicção são baseadas em nada além de dogma.

Ser escravizado por gente obcecada com o dinheiro (dos outros, é claro) ou ser o rebanho de gente que exige que nos comportemos como eles querem? Não é de surpreender que as pessoas considerem política algo inerentemente asqueroso, afinal as alternativas que se oferecem são a tirania ou a tirania!

O pior talvez sejam aqueles que tentam conciliar o mal com o mal. O esquerdista ao menos defende a liberdade pessoal. O direitista ao menos defende a liberdade econômica. O “centrista”, no entanto, é a favor de opressão tanto na vida pessoal como na econômica! Fundamentalmente é um totalitário – acha que o governo deve interferir em tudo.

Pode encontrar regimes à direita do espectro político tão ruins quanto os que se encontram à esquerda. A vida de uma mulher sob o islamismo, por exemplo, pode ser considerada tão ruim quanto a de alguém sob o comunismo.

Embora a mulher desfrute de liberdades econômicas com as quais a outra pessoa só pode sonhar, a outra pessoa possui liberdades pessoais com que ela sonha. Ambos são vítimas, a opressão apenas tem formas diferentes.

Só se pode dizer que uma situação é melhor que outra quando ela se situa para cima no espectro político. Transitar entre direita e esquerda só significa trocar uma coisa ruim por outra.

Embora esquerda e direita sejam duas opções ruins em seus princípios, nas formas que se apresentam hoje no Brasil e no mundo ocidental não são igualmente ruins. Em primeiro lugar, a esquerda não é uniforme, pode ser dividida grosseiramente entre a “esquerda consistente” e a “esquerda pragmática”.

Chamo de “esquerda consistente” àqueles esquerdistas cuja política reflete com fidelidade os princípios do esquerdismo: que igualdade material é o ideal de justiça e que só é possível enriquecer explorando o próximo.

Ora se o ideal moral é a igualdade, assistencialismo não é suficiente. É moralmente obrigatório que o governo seja muito mais eficaz em promover a igualdade. A estatização da vida econômica é a única forma de atingir este objetivo. O Comunismo é o objetivo da esquerda consistente.

A “esquerda pragmática” são aqueles esquerdistas com um pouco mais de contato com a realidade. Perceberam que o Comunismo causa miséria e assassinato em massa sempre que é posto em prática.

Mas, embora tenha percebido que Comunismo não funciona, a “esquerda pragmática” não abandonou seus princípios. Continua fiel à idéia de que igualdade é o ideal moral, e que a prosperidade de um custa a miséria de outro.

A “esquerda pragmática” sabe que o seu ideal não funciona, mas insiste em fazer o possível para aproximar-se dele. Busca uma mistura ideal entre liberdade e escravidão que permita alguma geração de riqueza – apenas para tomá-la de quem a criou e usá-la em seu projeto igualitário.





Esquerda pragmática: mais liberdade econômica [1], mas apenas como "mal necessário" para gerar recursos para o governo.


A “esquerda pragmática” é fundamentalmente frustrada. Sempre que consegue um avanço na produção de riqueza, isso vem à custa da igualdade que é seu ideal. E todo passo em direção à igualdade destrói a geração de riqueza. Esta tentativa de conciliar o inconciliável é chamada Social Democracia.

Por fim, a direita. No Brasil e nos Estados Unidos, os direitistas (ou “conservadores”) são defensores da liberdade econômica, acompanhada de restrições à liberdade pessoal baseadas no cristianismo.

O cristianismo prega que desde a concepção o ser humano tem alma – e sua vida é sagrada. O conservador é, portanto, contra o aborto. O fato de que a oposição se baseia em um preceito religioso é obscurecido por inúmeros argumentos falaciosos.

O cristianismo prega que a relação entre homem e mulher é sacramentada por deus. O homossexualismo, o divórcio e outros desvios em relação ao que a religião define como “certo” no relacionamento pessoal e sexual entre pessoas são freqüentemente combatidos pelos conservadores – através do poder político.

O conservadorismo, no entanto, também não é uniforme. Embora exista, principalmente nos Estados Unidos, uma direita dogmática que busca ativamente impor a moral cristã através do governo, há também uma direita “light” – religiosa em alguns poucos temas específicos (o aborto é um exemplo), mas respeitosa de muitas liberdades pessoais, embora ocasionalmente a contragosto.



Direita e esquerda atuais: a esquerda oferece menos liberdade econômica [2] do que a direita oferece em liberdade pessoal [3]


“Direita” não é melhor que “esquerda”, mas o que esta direita “light” oferece hoje no Brasil e nos Estados Unidos é muito melhor do que o que querem os Comunistas e Social Democratas. A política típica “de direita” hoje não está apenas à direita, mas também acima da política de esquerda no espectro político – e isso é o que importa.



Esquerda e direita atuais: a direita é muito melhor que a esquerda consistente [4] e melhor que a esquerda pragmática [5], por oferecer mais liberdade em geral (acima, na figura)

Infelizmente no Brasil esta direita que, embora não ideal, representa uma melhoria inegável sobre o esquerdismo não encontra expressão à exceção de alguns poucos intelectuais e blogueiros.

Os defensores da verdadeira liberdade, nem de direita, nem de esquerda, são ainda mais raros.


Leitura recomendada: “Nem de direita, nem de esquerda”, por Leonard Read @ OrdemLivre.org (link)

05 janeiro, 2008

Espectro político: Comunismo

O Capitalismo permite a máxima liberdade, quando representamos o espectro político como a região definida pelas liberdades econômica e pessoal, ocupa o topo da figura.

À direita ficam os regimes que dão liberdade econômica, mas policiam a vida pessoal do cidadão proibindo comportamentos que não violam os direitos à vida, propriedade e liberdade de ninguém ou impondo comportamentos que o governante acha desejável. Estes regimes são tipicamente baseados em convicção religiosa, de modo que os generalizei como Teocracia.

Na zona cinzenta central ficam regimes sem princípios definidos, que violam em parte tanto as liberdades pessoais quanto as econômicas, bem como a Anarquia. Numa anarquia não há um governo para violar sistematicamente os direitos, mas também não há nada que impeça qualquer um de violá-los. Todo cidadão precisa estar continuamente alerta para se defender de todos.


Um regime que desse ao cidadão a completa liberdade pessoal – como se vestir, com quem se relacionar, quando e onde expressar sua opinião, com que princípios educar seus filhos, a opção de ter filhos – mas controlasse completamente a vida econômica de todos, este regime se situaria no canto esquerdo da figura.

Naturalmente este regime de controle puramente econômico é tão impossível quanto sua contraparte à direita. Da mesma forma como foi visto que é impossível ter plena liberdade econômica sem liberdade pessoal, aqui o mesmo se repete de forma reversa: é impossível ter plena liberdade pessoal sem liberdade econômica.

Que significa a liberdade de como se vestir se a produção e distribuição de roupas são completamente controladas pelo governo? A vida do homem é uma vida econômica – os bens materiais estão envolvidos em tudo o que fazemos, mesmo na vida pessoal.

Existem, no entanto, regimes que se aproximam desta situação. O ideal comunista é de uma sociedade em que toda a ação econômica é planejada, evitando os “problemas” e “injustiças” do Capitalismo. Quanto à vida pessoal do cidadão, com isso o comunista se preocupa pouco. Em troca da completa escravidão econômica, oferece liberdade pessoal.

É claro que na prática isto não funciona. As pessoas não se esforçam para produzir quando sabem que o resultado não será para seu próprio proveito. As pessoas não aceitam docilmente a escravidão, mesmo quando o mestre de escravos é um governo que eles mesmos colocaram no poder.

A história de todos os regimes deste gênero é de uma progressiva violação das liberdades pessoais, necessária para conseguir manter a dominação econômica. É esta a explicação para a supressão da religião, da liberdade de imprensa, da liberdade de ir e vir, da leitura de livros “ideologicamente incorretos” e todas as demais violações de liberdade pessoal que sempre acompanham o Comunismo.

Governos que dominam a vida econômica: inicialmente pode haver liberdade pessoal, mas a manutenção do controle estatal da economia requer um governo progressivamente totalitário (1)


A Venezuela de hoje é um excelente exemplo de como um regime que pretende controlar a economia progressivamente viola também as liberdades pessoais para conseguir manter-se no poder – mesmo quando originalmente eleito por desejo popular.