Além do artifício de roubar palavras, uma das artimanhas intelectuais favoritas de esquerdistas e, nos tempos mais recentes, ambientalistas é o anti-conceito. Enquanto ao roubar palavras usa-se uma palavra para dizer o contrário daquilo que ela significa, no anti-conceito cria-se um conceito inválido que em si já destrói qualquer possibilidade de discussão racional sobre o assunto.
O anti-conceito “Sustentabilidade”
Como diz a célebre frase de Lavoisier, na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma. Vivemos em um planeta finito, escolha qualquer material que quiser – a quantidade que existe na Terra é limitada. Não se cria algo a partir do nada.
Por outro lado, é impossível destruir a matéria. Nada do que se consome é de fato consumido. Todos os materiais continuam lá, embora em outras formas. Estas formas podem nos ser menos úteis, mas os materiais ainda existem.
Por um lado, portanto, nada é “sustentável” já que tudo o que existe na Terra existe em uma quantidade finita (embora possamos não conhecê-la no momento). Por outro, absolutamente tudo é “sustentável” pois somos incapazes de criar ou destruir matéria.
Então o que diabos quer dizer “sustentabilidade”?
Para muitas das coisas que transformamos na natureza há meios conhecidos de retornar algumas das coisas transformadas a seu estado inicial. Se um processo industrial usa água para lavar alguma coisa, esta água pode depois ser filtrada e tratada quimicamente de forma a torná-la igual ao que era antes.
É a este tipo de ciclo fechado que ambientalistas se referem quando falam em “sustentabilidade”. Seu ideal é que toda a ação humana deixe o ambiente exatamente como era antes. Segundo seus argumentos, esta seria única forma de garantir a continuidade de nossa existência.
“Sustentabilidade” é impossível
Há vários problemas com a doutrina da “sustentabilidade”. Tudo o que existe faz parte do ambiente. Para ser completamente “sustentável”, uma dada ação teria de ter como resultado final a mesma situação atual. Ou seja, a única coisa rigorosamente “sustentável” é não fazer absolutamente nada.
Observando as ações das organizações ambientalistas, percebe-se que esta verdade está clara para elas. O ativismo ambientalista trata-se essencialmente de impedir que se façam coisas. Não derrubem florestas, não cacem, não pesquem, não construam hidrelétricas, não queimem gasolina, a lista é longa.
É evidente que o resultado final de seguir este princípio consistentemente é a inexistência do homem. Alguns ambientalistas são até honestos o suficiente para reconhecer que este é realmente seu ideal.
Mesmo que se tolere que o ambiente seja alterado temporariamente, ainda é impossível ser verdadeiramente “sustentável”. Se usarmos um filtro para limpar a água, de onde vem o filtro? Se usarmos um material reciclável para o filtro, com que construímos a máquina que o recicla? E o que fazemos com a sujeira que tiramos do filtro sujo?
Raízes do anti-conceito “Sustentabilidade”
Há três erros fundamentais e de princípio por trás da idéia de “sustentabilidade”.
O primeiro é a idéia que a natureza tem valor intrínseco, independente de seu valor para o homem. O conceito de “valor” é dependente da existência de um ser capaz de julgar. Para seres irracionais ou objetos inanimados não há valores, apenas fatos.
Uma maneira de deixar um ambientalista totalmente embasbacado é, ao ouvir o inevitável “precisamos salvar o mico-leão dourado” (ou a espécie ameaçada do momento) responder simplesmente “por quê?”.
O mais provável é ouvir uma resposta vaga sobre “biodiversidade” ou sobre utilidades que ainda não descobrimos. A realidade é que na maioria dos casos não há nenhum benefício real em preservar espécies em extinção. As espécies que nos são realmente úteis são as menos “ameaçadas” do planeta.
O segundo erro é não reconhecer que meio natural de sobrevivência do homem é alterar as coisas, adaptá-las a si. Ao tratar o homem como algo à parte da natureza, nos condenam por agir como temos de agir, por nossa natureza.
A natureza humana é a de indivíduos dotados de razão. Nosso meio de sobreviver é entender a natureza e alterá-la em nosso benefício. Condenar o homem por fazer isto é condenar o homem por viver, tão irracional quanto condenar uma bactéria por produzir gás carbônico ao decompor uma árvore caída na floresta.
O terceiro erro é a idéia que a capacidade humana é estática. Quando se fala em “sustentabilidade” sempre se está preocupado sobre se é possível continuar fazendo indefinidamente as coisas como fazemos hoje.
A realidade é que a vida humana é de constante progresso. Hoje é trivial fazer coisas que seriam “insustentáveis” cem anos atrás. Mas o progresso da capacidade humana de alterar a natureza depende da liberdade de usar hoje aquilo que temos hoje, da maneira mais produtiva que pudermos imaginar.
As três premissas acima estão implícitas no anti-conceito "sustentabilidade", é impossível uma discussão racional sobre a ação humana se esta idéia for admitida.
Isto significa então que devemos destruir tudo o que vemos pela frente como um enxame de gafanhotos? É claro que não. A ação humana é resultado do pensamendo racional. Pensar no longo prazo é algo fundamentalmente racional. Também não se pode admitir o dano à propriedade alheia.
A verdade é que existem inúmeros motivos racionais para usar com eficiência os recursos naturais, reaproveitar muitos dos materiais que usamos e garantir para nós mesmos um meio saudável e agradável para viver. Não é uma questão de "sustentabilidade" mas sim de tirar o maior proveito possível das coisas.
Um conceito válido para substituir um anti-conceito: Produtividade
Nada tem valor exceto em relação à vida do homem. Seres racionais são os únicos capazes de fazer juízos de valor e sua vida é a referência em relação à qual os valores são medidos.
A ação humana é capaz de transformar a natureza de formas menos úteis para formas mais úteis ao homem. Tal ação cria valor, pois os produtos beneficiam mais a vida do homem que os materiais de que são constituídos. A ação humana também é capaz de destruir valor, quando os produtos valem menos para o homem do que os materiais de que são constituídos.
Como, embora limitados, todos os materiais presentes na natureza são indestrutíveis (*), o único limite para a produção é nossa capacidade de transformar os materiais das formas em que os encontramos para a forma que desejamos.
O único limite real, portanto, é a capacidade humana. É o esforço humano. Quem realmente se preocupa com o bem da humanidade, ou seja, com o bem de cada um dos indivíduos que a compõe, deve se preocupar não com “sustentabilidade” mas com “produtividade”. Não com “preservação” mas com “produção”.
* Neste artigo foi desprezada a transformação de matéria em energia por ser irrelevante para todos os efeitos práticos.
20 maio, 2008
13 maio, 2008
Reduzir imposto não é presente
Matéria de hoje do Estadão, jornal que se destaca por ter uma linha editorial relativamente lúcida, mostra o quanto os valores estão invertidos na sociedade Brasileira. Diz a manchete:
Aliás o parágrafo anterior tem dois elementos que merecem ser reforçados. Em primeiro lugar, não se pode renunciar ao que não é seu. O governo toma à força quase 40% do que se produz neste país, se resolver roubar um pouco menos isto não é renúncia. Em segundo lugar, o empresariado é apenas a vítima visível da rapina estatal, na verdade pagam muito caro todos os cidadãos do país - exceto os que se lambuzam com a farra do dinheiro fácil do governo.
O governo não tem, nunca teve e nunca pode ter o direito de tomar de cidadãos inocentes aquilo que criam com seu próprio trabalho. Que os governos fazem isto todos sabemos, mas não é escrever uma lei dizendo que aquilo é certo que torna o ato certo. Quem discordar disto terá a difícil tarefa de defender, por exemplo, a escravatura (que era, até pouco tempo atrás, legal).
Embora "a indústria", ou os empresários, sejam as vítimas evidentes da pilhagem descontrolada que o governo pratica, na verdade pagamos todos muito caro por esta injustiça perene. O governo tira da ação produtiva uma fração imensa de tudo o que se produz. Como a produtividade depende diretamente do investimento, e ninguém investe dinheiro nem esforço para beneficiar o governo, a arrecadação através dos impostos reduz o total que é produzido.
Para que fique muito claro: a arrecadação através de impostos nos deixa todos mais pobres. Uns porque têm menos lucro. Outros porque recebem salários menores (ou nem conseguem emprego) e todos sem excessão porque tudo fica mais caro.
A única política industrial que o Brasil precisa é não ter uma política industrial. Ou seja, o governo precisa simplesmente parar de sugar o sangue dos milhões de brasileiros que não recebem bolsa isto ou aquilo, não têm ONG e não vêem no concurso público o auge de sua ambição. Os milhões de brasileiros que produzem.
Governo põe R$ 21,4 bi na indústria
Jornal O Estado de São Paulo, Fernando Dantas,13/Mai/2008
O governo não está pondo absolutamente nada na indústria. Estará apenas deixando de pilhar uma parte daquilo que a própria indústria produz.
Se um trombadinha rouba cinco reais de você todo dia pela manhã e um belo dia resolve roubar só quatro você agradece? A "renúncia" fiscal que o governo Lula promete é proporcionalmente muito menor, mas os empresários, as vítimas diretas, cantam as glórias do governo como se fosse um grande benfeitor.Aliás o parágrafo anterior tem dois elementos que merecem ser reforçados. Em primeiro lugar, não se pode renunciar ao que não é seu. O governo toma à força quase 40% do que se produz neste país, se resolver roubar um pouco menos isto não é renúncia. Em segundo lugar, o empresariado é apenas a vítima visível da rapina estatal, na verdade pagam muito caro todos os cidadãos do país - exceto os que se lambuzam com a farra do dinheiro fácil do governo.
O governo não tem, nunca teve e nunca pode ter o direito de tomar de cidadãos inocentes aquilo que criam com seu próprio trabalho. Que os governos fazem isto todos sabemos, mas não é escrever uma lei dizendo que aquilo é certo que torna o ato certo. Quem discordar disto terá a difícil tarefa de defender, por exemplo, a escravatura (que era, até pouco tempo atrás, legal).
Embora "a indústria", ou os empresários, sejam as vítimas evidentes da pilhagem descontrolada que o governo pratica, na verdade pagamos todos muito caro por esta injustiça perene. O governo tira da ação produtiva uma fração imensa de tudo o que se produz. Como a produtividade depende diretamente do investimento, e ninguém investe dinheiro nem esforço para beneficiar o governo, a arrecadação através dos impostos reduz o total que é produzido.
Para que fique muito claro: a arrecadação através de impostos nos deixa todos mais pobres. Uns porque têm menos lucro. Outros porque recebem salários menores (ou nem conseguem emprego) e todos sem excessão porque tudo fica mais caro.
A única política industrial que o Brasil precisa é não ter uma política industrial. Ou seja, o governo precisa simplesmente parar de sugar o sangue dos milhões de brasileiros que não recebem bolsa isto ou aquilo, não têm ONG e não vêem no concurso público o auge de sua ambição. Os milhões de brasileiros que produzem.
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