Os princípios éticos guiam o ser racional nas decisões necessárias para sua vida. Como não possui outros meios de sobrevivência, a razão é sua única ferramenta de sobrevivência.
Usar a razão continuamente é o princípio ético fundamental. O uso da razão requer Independência, pois a percepção, entendimento e decisão são fenômenos imutavelmente individuais. É também essencial que o pensamento e as decisões tomadas sejam honestas, baseadas na realidade, pois o indivíduo vive em um mundo dotado de identidade, que não se acomoda a fantasias.
Os princípios da Racionalidade, Independência e Honestidade identificam qual o meio de tomar decisões, quem deve fazê-lo e qual a base sobre a qual elas devem ser construídas. A vida, no entanto, não requer apenas pensamento, mas também ação. Ação, por sua vez, requer propósito.
A referência de valor de cada indivíduo é sua própria vida pois qualquer julgamento de valor pode ser reduzido à questão: “Isto contribui para minha vida ou a prejudica?”. O propósito da ação do indivíduo é, portanto, transformar a realidade em maneiras que beneficiam sua vida.
A virtude de agir para transformar a realidade em benefício da vida é a Produtividade. Ao transformar o que existe naturalmente, o homem produz materiais que beneficiam sua vida – valores materiais.
A Produtividade é o princípio de reconhecer que a existência humana é material, e que a vida humana requer valores materiais. É reconhecer que valores materiais não existem na natureza, são criados pela ação humana. É, portanto, reconhecer que cada indivíduo é responsável por produzir os valores materiais que necessita e deseja.
O indivíduo produtivo não espera que os valores materiais para que sobreviva e seja feliz lhe sejam dados e sabe que não tem obrigação de produzir valores materiais para o proveito de outros. Não sente culpa por existirem outros incapazes de produzir como ele, nem vê injustiça na existência de outros com maior capacidade produtiva que a sua.
Produtividade é a independência no âmbito da ação.
30 março, 2007
21 março, 2007
O princípio da Honestidade
Nos artigos anteriores foram abordados os princípios éticos da Racionalidade e Independência. Já foi estabelecido que a natureza do homem exige o uso contínuo da razão para determinar como se deve agir, e que este julgamento é inescapavelmente individual.
O ser humano existe imerso na realidade e o mundo físico é o contexto em que ele atua. Se o pensamento é sua ferramenta de sobrevivência, é essencial que se esteja pensando e decidindo com base no que é real. A construção de argumentos lógicos e o raciocínio analítico só contribuem à vida quando são aplicados a fatos reais. A Razão é a faculdade de identificar os fatos da realidade.
O exercício da razão engloba desde identificações simples do que é perceptível e evidente, tal como o fato de que o céu é azul, até identificações envolvendo abstrações de altíssima ordem, que por sua vez dependem de inúmeras abstrações e identificações precedentes e do exercício rigoroso da não-contradição.
Um exemplo de identificação não evidente é o fato de que o salário mínimo causa desemprego, uma identificação que depende de tantos outros conceitos e identificações que requer um artigo dedicado para apresentá-la (prometo abordar o assunto futuramente, ao tratar de Política e Economia).
O ser humano tem a capacidade de imaginar, de formar em sua mente uma imagem da realidade diferente de como ela é. Esta capacidade é de valor inestimável pois é ela que possibilita nosso contínuo desenvolvimento. A imaginação permite ao ser racional visualizar a realidade como ela poderia ser. Para que o pensamento humano lhe seja útil é essencial, no entanto, lidar com a realidade como ela é. A imaginação só permite identificar o que se deseja alcançar.
A Honestidade é o princípio de sempre lidar com a realidade como ela é, o que é essencial ao tentar mudá-la. Em sua raiz está o fato de que não pensar sobre alguma coisa ou fingir que ela não existe não muda os fatos. Violar o princípio da honestidade significa tentar mudar a realidade pela simples vontade.
Embora a Honestidade seja sempre tratada apenas como algo relevante no relacionamento entre pessoas, ela é essencial para a própria ação do indivíduo. Um náufrago em uma ilha deserta, se for honesto, reconhece que sua situação é perigosa e que sua sobrevivência dependerá diretamente de suas próprias ações. Ele procurará prover abrigo e sustento para si de imediato e procurará também deixar preparados meios de chamar a atenção de qualquer embarcação ou avião que venha a passar por lá.
Outro náufrago pode se convencer que com certeza o acidente que o jogou nesta situação não passou desapercebido. Pode se convencer que certamente o resgate está a caminho. Pode se convencer que tudo vai se resolver logo, que no fim tudo dá certo. Se estas idéias não são fundamentadas na realidade, se não há evidência alguma de resgate fora de sua imaginação, este náufrago está violando o princípio da Honestidade.
O primeiro náufrago agirá com toda a energia para se preparar para a vida naquelas condições. Não poupará esforço em prover suas necessidades, pensando no longo prazo. O segundo está esperando ser salvo a qualquer instante. Este se dedicará a resolver problemas imediatos, mas não está aplicando sua mente na solução do problema real: como sobreviver naquela ilha por um longo tempo.
Para o primeiro náufrago, cada dia que passa é um dia de conquista, um dia em que ele venceu suas dificuldades, atingiu seus objetivos. Para o segundo, cada dia é uma frustração, mais um dia em que o universo se mostrou injusto para com ele. Não é difícil ver como a Honestidade ajuda o primeiro a viver, e como sua falta prejudica o segundo.
Na vida normal, longe de acidentes náuticos, a Honestidade é sim algo essencial no relacionamento com outras pessoas, no entanto ela é primariamente uma virtude ligada a como se lida com o mundo. A Honestidade na interação com outras pessoas é conseqüência do princípio geral e mais amplo.
O ser humano existe imerso na realidade e o mundo físico é o contexto em que ele atua. Se o pensamento é sua ferramenta de sobrevivência, é essencial que se esteja pensando e decidindo com base no que é real. A construção de argumentos lógicos e o raciocínio analítico só contribuem à vida quando são aplicados a fatos reais. A Razão é a faculdade de identificar os fatos da realidade.
O exercício da razão engloba desde identificações simples do que é perceptível e evidente, tal como o fato de que o céu é azul, até identificações envolvendo abstrações de altíssima ordem, que por sua vez dependem de inúmeras abstrações e identificações precedentes e do exercício rigoroso da não-contradição.
Um exemplo de identificação não evidente é o fato de que o salário mínimo causa desemprego, uma identificação que depende de tantos outros conceitos e identificações que requer um artigo dedicado para apresentá-la (prometo abordar o assunto futuramente, ao tratar de Política e Economia).
O ser humano tem a capacidade de imaginar, de formar em sua mente uma imagem da realidade diferente de como ela é. Esta capacidade é de valor inestimável pois é ela que possibilita nosso contínuo desenvolvimento. A imaginação permite ao ser racional visualizar a realidade como ela poderia ser. Para que o pensamento humano lhe seja útil é essencial, no entanto, lidar com a realidade como ela é. A imaginação só permite identificar o que se deseja alcançar.
A Honestidade é o princípio de sempre lidar com a realidade como ela é, o que é essencial ao tentar mudá-la. Em sua raiz está o fato de que não pensar sobre alguma coisa ou fingir que ela não existe não muda os fatos. Violar o princípio da honestidade significa tentar mudar a realidade pela simples vontade.
Embora a Honestidade seja sempre tratada apenas como algo relevante no relacionamento entre pessoas, ela é essencial para a própria ação do indivíduo. Um náufrago em uma ilha deserta, se for honesto, reconhece que sua situação é perigosa e que sua sobrevivência dependerá diretamente de suas próprias ações. Ele procurará prover abrigo e sustento para si de imediato e procurará também deixar preparados meios de chamar a atenção de qualquer embarcação ou avião que venha a passar por lá.
Outro náufrago pode se convencer que com certeza o acidente que o jogou nesta situação não passou desapercebido. Pode se convencer que certamente o resgate está a caminho. Pode se convencer que tudo vai se resolver logo, que no fim tudo dá certo. Se estas idéias não são fundamentadas na realidade, se não há evidência alguma de resgate fora de sua imaginação, este náufrago está violando o princípio da Honestidade.
O primeiro náufrago agirá com toda a energia para se preparar para a vida naquelas condições. Não poupará esforço em prover suas necessidades, pensando no longo prazo. O segundo está esperando ser salvo a qualquer instante. Este se dedicará a resolver problemas imediatos, mas não está aplicando sua mente na solução do problema real: como sobreviver naquela ilha por um longo tempo.
Para o primeiro náufrago, cada dia que passa é um dia de conquista, um dia em que ele venceu suas dificuldades, atingiu seus objetivos. Para o segundo, cada dia é uma frustração, mais um dia em que o universo se mostrou injusto para com ele. Não é difícil ver como a Honestidade ajuda o primeiro a viver, e como sua falta prejudica o segundo.
Na vida normal, longe de acidentes náuticos, a Honestidade é sim algo essencial no relacionamento com outras pessoas, no entanto ela é primariamente uma virtude ligada a como se lida com o mundo. A Honestidade na interação com outras pessoas é conseqüência do princípio geral e mais amplo.
08 março, 2007
O princípio da Independência
If you choose not to decide, you still have made a choice! - Neil Peart
A Ética é o conjunto de princípios que guia o homem ao tomar suas decisões. Já foi visto que o objetivo da Ética racional é permitir ao homem decidir de modo a beneficiar sua própria vida. Também já foi mostrado que a natureza do homem demanda como primeiro princípio ético a Racionalidade.
Dado que a Razão é a única fonte de conhecimento sobre a realidade e que é única ferramenta de sobrevivência do homem, identificar sua natureza e como ela opera permite derivar princípios adicionais. O princípio da Racionalidade e a natureza do homem são a base para derivar o próximo princípio.
O pensamento é individual. Não existe decisão coletiva, não existe pensamento coletivo, não existe transmissão de pensamento, nem de conhecimento.
Quando um professor dá uma aula, não está transmitindo conhecimento – está transmitindo informação. Como se vê nos artigos sobre Epistemologia, obter conhecimento não é apenas receber informação – é receber evidência de que a informação é verdadeira e integrá-la ao restante do conhecimento que já se tem. Esta última parte é essencial – e só pode ser realizada pelo aluno.
Se o fato de que não se pode transmitir conhecimento é pouco intuitivo e requer algum domínio epistemológico, o mesmo não se pode dizer dos demais casos citados. É evidente que não há transmissão de pensamento e, portanto, que é impossível “pensar junto”. Duas pessoas podem simultaneamente ter o mesmo pensamento, mas são duas ações individuais – e esta individualidade é absoluta.
Da mesma forma, muitas pessoas podem tomar decisões iguais. No entanto, mesmo uma votação em que há unanimidade não é uma decisão coletiva, é um conjunto de decisões individuais. Cada indivíduo tem que tomar sua decisão, tem de fazê-lo sozinho e o faz – mesmo que escolha não fazer nada, jogar uma moeda ou imitar outro.
O pensamento e a decisão são incontestavelmente individuais. Se a Racionalidade é a virtude primária, o primeiro princípio que precisa ser seguido por uma pessoa que quer promover sua própria vida, o reconhecimento da individualidade do pensamento e da decisão leva a uma conseqüência imediata. Quem deseja promover sua própria vida precisa pensar por si mesmo. Este é o princípio da Independência.
A Independência não significa ignorar a experiência alheia nem toda a informação que se pode obter de outras pessoas. Independência é ter a consciência de que se é o único responsável pelas próprias decisões e assumir esta responsabilidade.
Uma pessoa independente não aceita que outros decidam por ela, mas pode decidir seguir os conselhos de outros. Uma pessoa independente não aceita algo como verdade por ter sido dito por alguém importante, mas pode confiar na palavra de um especialista caso tenha evidência de sua honestidade e não haja contradição entre o que ele disse e o que ela sabe. Uma pessoa independente não absorve opiniões populares só porque muita gente as advoga, mas pode concordar com elas com base em seu próprio julgamento dos fatos.
Uma pessoa independente pode não ter opinião formada sobre tudo, mas quando encontra algo importante sobre o qual não tem, trata logo de formar uma.
Assinar:
Postagens (Atom)