04 junho, 2007

Independência em sociedade

O princípio da Racionalidade aplicado à sociedade estabelece que, para viver de acordo com sua natureza, o homem deve interagir através da persuasão. Em sociedade cada indivíduo é constantemente exposto a argumentos de diversos outros – que buscam influenciar suas decisões. Aplicar o princípio da independência identifica como agir nesta situação.

A primeira identificação essencial é que viver em sociedade não altera o fato de que cada pessoa é completamente livre – e portanto completamente responsável – por suas escolhas. Na ausência de compulsão física, ou ameaça dela, as ações do indivíduo não são determinadas por outros, por mais estímulos que ele receba destes. A natureza individual da decisão não se altera em sociedade.

Se cada escolha é necessariamente individual, é preciso que se reconheça este fato e que se aja de acordo. Reconhecer a individualidade das decisões, mesmo vivendo em sociedade, significa assumir a responsabilidade por seus atos baseando todas as decisões no próprio entendimento.

Independência significa reconhecer que, não existindo coação ou fraude, se é inteiramente responsável por suas ações e decisões, quaisquer que sejam. Significa não culpar a propaganda por suas ações. Significa não considerar que “todo mundo faz” é justificativa para uma ação.

Em sociedade se está sempre exposto ao comportamento de outros. É possível emulá-los, seguir a corrente, abrindo mão de pensar sobre as próprias escolhas. O indivíduo estará constantemente sujeito a agir em maneiras que prejudicam sua vida e a de outros, embora possa haver aceitação e tolerância por parte do grupo das conseqüências negativas de seguir seus costumes.

Alguém que quer a melhor vida para si não coloca aceitação como objetivo máximo de sua vida. Conhecer a natureza racional do ser humano significa reconhecer que para decidir bem, é preciso saber.

Independência aplicada à vida em sociedade significa entender todas as escolhas que precisam ser feitas, as conseqüências de cada alternativa e tomar decisões com base neste conhecimento. Não significa ignorar opiniões nem argumentos de outros, mas significa só segui-los quando concordar com eles. Concordar significa que seu julgamento racional, independente, individual, chega à mesma conclusão.

A sociedade em que seguir o comportamento socialmente aceitável é mais importante para as pessoas que fazer e seguir seu próprio julgamento, é uma sociedade que está à mercê de qualquer demagogo ou populista. As recentes trajetória do “politicamente correto”, do multiculturalismo e do ambientalismo são exemplos deste fato. Se a mecânica da obediência já existe, é muito mais fácil instalar a tirania.

A sociedade em que o julgamento individual predomina é uma sociedade em que dogma, alarmismo, demagogia e populismo têm pouco efeito. Para racionalmente convencer milhões de indivíduos independentes, é preciso efetivamente ter Razão. Ao ser independente, o indivíduo faz bem para si e para os outros.

01 junho, 2007

Racionalidade em sociedade

Os princípios éticos, derivados da natureza do homem, são um guia para suas escolhas individuais em qualquer circunstância. Seguir os princípios corretos é tão essencial para a vida de um homem isolado quanto em sociedade. A Ética não é derivada da vida em sociedade, mas certamente é aplicável a ela.

O princípio da Racionalidade estabelece que, para viver, o homem precisa agir seguindo a Razão. Emoções, misticismo e intuição não são ferramentas para se fazer escolhas. O mesmo princípio se aplica à vida em sociedade.

O que diferencia a vida em sociedade da vida isolada é a interação entre indivíduos. O princípio da Racionalidade estipula que se deve interagir com os outros através da Razão. Mas o que isto significa, na prática? A interação humana ocorre porque as pessoas vêem nas outras a possibilidade de gerar valor, material ou não, para si. Ao interagir com outros visamos, no fundo, que eles ajam de uma certa forma.

Um religioso fazendo uma pregação, um vendedor atendendo a um cliente, um assaltante apontando a arma a sua vítima - cada um visa, ao interagir com outros, que estes ajam da forma como eles desejam. Que sigam os preceitos de sua religião, que comprem produtos em sua loja, que lhe dêem seus bens de valor. Só existem duas maneiras possíveis de interagir com outra pessoa visando uma ação desejada de sua parte: a persuasão e a força.

Interagir pela persuasão significa conseguir que o outro veja a ação que se deseja que ele tome como benéfica para si próprio. Significa interagir pela troca de valores, onde as partes envolvidas agem sempre em benefício, material ou não, de sua própria vida.

Interagir pela força significa impedir fisicamente que o outro aja da forma como gostaria, ou ainda ameaçar fisicamente um dos valores que ele já possuía, de modo que não realizar a ação que se deseja dele se torna para ele uma perda. Isto significa interagir pela força física ou ameaça dela, onde uma das partes envolvidas adquire algo às custas de outra, que perde.

Se o princípio ético da Racionalidade coloca a Razão, e não a força física, como ferramenta para guiar as escolhas do homem, é evidente que este princípio aplicado à vida em sociedade significa interagir pela persuasão.

A Racionalidade aplicada à vida em sociedade, portanto, significa obter os valores que se deseja de outros – sejam bens materiais, amizade ou o que quer que seja – fazendo que esta ação também os beneficie. A Racionalidade significa viver através da troca em benefício mútuo, em que ambas as partes saem com mais do que começaram.

O princípio contrário é o do predador, ou do parasita. Os animais, desprovidos que são da faculdade da Razão, interagem através da força. O lobo mais forte comanda a matilha, não há negociação entre leões e gazelas. Nestas condições, para um indivíduo ganhar outro tem de perder. Quando homens tentam viver através da força, obtendo o que querem dos outros pela ameaça e violência, tudo o que conseguem é viver como animais.

Uma sociedade em que se interage pela persuasão é uma sociedade em que todas as interações são em benefício mútuo e onde todas as pessoas são potencias fontes de valor para o indivíduo. A sociedade baseada no principio da força é o contrário, onde para um ganhar outro tem de perder e onde todas as pessoas são potenciais ameaças à sua vida. O indivíduo que escolhe a Racionalidade não precisa fazê-lo pelos outros. Faz em benefício próprio.